Críticas mexem com a gente: saiba filtrar o que faz bem e o que só machuca
Resumo da notícia
- Nem todas as críticas são ruins. Os feedbacks positivos oferecem aprendizados e nos ajudam a encontrar soluções
- Alguns comentários não são maldosos como parecem. Apenas são mal elaborados, mas têm boa intenção
- Quem mais sofre com a opinião alheia são as pessoas sensíveis e inseguras
- O mais sensato a fazer quando recebemos críticas negativas é não reagir no calor do momento
Você sai do sério, fica para baixo ou agradece quando alguém te avalia? Não dá para negar que as críticas que recebemos de chefes, professores, parentes, amigos ou mesmo de desconhecidos mexem com a gente.
Em tempos de redes sociais, é ainda mais complicado lidar com a enxurrada de palpites sobre as nossas vidas. "Muitas pessoas ficam incomodadas com as críticas porque logo pensam numa característica negativa. E também não se sentem confortáveis quando alguém avalia o que elas fizeram ou expressaram", afirma Delba Teixeira Rodrigues Barros, professora de psicologia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Muitos desses comentários têm como finalidade desafiar as nossas convicções ou nos ferir. Mas nem sempre são feitos com essa intenção. "Diante de uma crítica, algumas pessoas podem se assustar, ter medo e, às vezes, até uma reação de negação ou agressão. Isso acontece com quem teve uma história em que as críticas sempre foram associadas a censuras, punições e ameaças", diz Paola Esposito de Moraes Almeida, professora de psicologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). É por isso que tanta gente se defende antes mesmo de terminar de ouvir o que o outro tem a dizer.
Diferente de quem foi criado num ambiente onde esses comentários eram feitos com o objetivo de oferecer uma ajuda depois ou proporcionar algum tipo de aprendizado. Pessoas que sempre viveram num ambiente acolhedor, em vez de se ofender, aceitam com mais facilidade as críticas construtivas. E elas não deveriam ser jogadas fora por nenhum de nós, pois nos ajudam a repensar situações, trazem uma luz para algo que não conseguimos ver sozinhos, apontam os aspectos da nossa vida que podemos melhorar, mostram soluções e oportunidades.
A fase mais delicada para lidar com a opinião que os outros têm sobre nós é a adolescência. "É quando os jovens estão reformulando o autoconceito, como se colocam no mundo. As questões da autoestima são muito sensíveis na fase do desenvolvimento, pois a pessoa ainda não se constituiu com uma percepção de si", ressalta Barros. Pode vir daí a aversão que muitas pessoas desenvolvem em relação às críticas. Se esse é o seu caso, saiba que é possível aprender a conviver com elas de um jeito mais leve. Confira algumas dicas:
Saiba diferenciar
Em alguns casos, fazer essa distinção é como separar o joio do trigo. É verdade que existem as críticas maldosas que são endereçadas a nós com o objetivo claro de nos atingir. Mas há quem não tenha a consciência de que o que está falando é destrutivo.
A pessoa quer ajudar, mas não consegue usar nem as palavras certas nem um tom de voz acolhedor. E acaba nos machucando sem ter intenção. Já os feedbacks positivos vêm de quem se importa com a gente, de quem quer nos ver crescer ou sair de um caminho que pode levar à frustração e ao sofrimento. Um bom exemplo são os professores que exigem de nós porque sabem do nosso potencial para aprender mais e mais.
Não se deixe afetar por elas
Uma forma de não receber críticas infundadas ou mal-intencionadas é cortá-las pela raiz. Em outras palavras, se não estamos interessados em ouvir aquela opinião, devemos falar isso de maneira educada. O que nem sempre será possível, como quando a avaliação vem de um chefe. Nesse caso, devemos ouvir tudo o que a pessoa tem a dizer, refletir se ela não está descontando um problema pessoal em nós e questionar se o que foi falado faz sentido.
"Por que temos que assumir a crítica do outro como verdadeira? Ela deve apontar uma direção, mas cabe a nós olhar para essa direção e julgar se aquilo procede", ensina Almeida. Muitas vezes, conversar com alguém que está fora da situação nos ajuda a entender o que de fato aconteceu.
Opinião alheia não é mais importante que a sua
As avaliações sociais costumam ser implacáveis e quem é sensível ou inseguro sofre mais com elas. Uma pessoa com esse perfil tende a achar que se, por exemplo, alguém não elogia a comida que ela fez é porque não gosta dela ou a reprova em tudo. "Por ouvir na totalidade, o impacto da crítica acaba sendo na totalidade do indivíduo e na percepção que ele tem de si. Geralmente são pessoas cuja autoimagem está muito e profundamente ligada ao que o outro pensa, vê e fala sobre elas", observa Barros.
Uma dica para não se afetar tanto com uma crítica é avaliar se ela partiu de alguém importante para você, que realmente te conhece e tem algo a acrescentar na sua vida. Vale também se questionar por que considera tanto a opinião alheia e fazer uma autoanálise do seu valor e desempenho nas várias áreas da vida.
Seja flexível consigo mesmo
Às vezes o seu maior crítico é você mesmo. Esse é um comportamento comum em quem foi muito repreendido pelos erros que cometeu no decorrer da vida, ou presenciou outras pessoas sendo duramente criticadas quando falharam. Essa baixa tolerância em relação aos próprios erros é nociva porque leva a pessoa a acreditar que precisa ser perfeita em tudo o que faz. E acaba vivendo numa eterna autovigilância.
Para não se cobrar tanto, lembre que os erros podem ser pontes para importantes aprendizados. E conte com a ajuda de pessoas próximas, que podem te ajudar a enxergar que você está sendo severo demais consigo mesmo.
Tome cuidado com quem critica demais
Ao longo da vida, nos deparamos com pessoas que sempre encontram um motivo para nos alfinetar ou chamar a nossa atenção. Elas fazem isso o tempo todo como se fosse um vício, e muitas vezes nem se dão conta. Se alguém do seu convívio age assim, procure uma forma de mostrar o que ele está fazendo e o quanto isso é desgastante para você. Procure reagir às críticas como as pessoas seguras que não se deixam abater por elas, principalmente quando são desnecessárias.
Descarte as opiniões gratuitas
Como nem sempre conseguimos impedir as pessoas de falarem o que nos faz mal, um jeito de não sairmos machucados é estabelecer critérios sobre o que vale a pena levar em consideração. "A gente não se acostumou a fazer críticas pertinentes quando solicitados. Achamos que temos que emitir opinião sobre tudo, mesmo quando não nos perguntaram. E as pessoas que ouvem também não têm esse filtro para dizer que aquela crítica não interessa", lembra Barros. Ter esse filtro é importante porque ele nos permite aproveitar o que é bom e rejeitar o que é ruim.
Não dê o troco na mesma moeda
Revidar a um ataque pessoal nunca é uma boa ideia, especialmente quando ele é feito por uma pessoa que pode ter uma reação violenta. É o que acontece quando ouvimos uma frase atravessada de um motorista no trânsito. Nesses momentos, o mais sensato é ouvir o que está sendo dito e sair de perto.
Até porque não vale a pena se desgastar com alguém que não veremos mais. O mesmo vale para pessoas com as quais convivemos. "É importante dar um tempo para que as coisas ocupem os seus lugares. Depois podemos reagir com mais propriedade", recomenda Barros.
Responder à altura pode provocar uma discussão e sobrar mágoas para os dois lados, além de ser mais difícil apaziguar os ânimos. O silêncio e a reflexão às vezes são os melhores conselheiros.
Podcasts do UOL
Ouça o podcast Maratona, em que especialistas e corredores falam sobre corrida. Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e outras plataformas de áudio.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.