Transtornos mentais têm atividade semelhante no cérebro, diz estudo
Uma metanálise feita por cientistas de diversos países encontrou um possível link entre transtornos mentais como ansiedade, depressão, transtorno bipolar e estresse pós-traumático. Os resultados foram publicados em um estudo no periódico Jama Psychiatry.
Transtornos mentais geralmente têm quadros específicos, mas é comum encontrar pacientes em que os sintomas são bastante semelhantes. Por exemplo, uma pessoa diagnosticada com transtorno de ansiedade generalizado pode sentir sintomas de depressão, enquanto uma pessoa depressiva pode apresentar traços de ansiedade.
Os médicos chamam essa apresentação conjunta de comorbidade, algo que, de acordo com os especialistas do estudo, acontece de forma frequente. Segundo eles, por exemplo, até 90% dos pacientes com ansiedade têm critérios para serem enquadrados com transtornos de humor, enquanto até 70% dos pacientes com transtornos de humor atendem os critérios para serem diagnosticados com transtorno de ansiedade.
É justamente essa semelhança que estimulou os cientistas a analisar se, de fato, essas doenças mentais possuíam uma semelhança do ponto de vista neurológico, ou seja, uma origem comum dentro do cérebro.
Como o estudo foi feito?
- Médicos de várias instituições dos EUA, Itália e Alemanha decidiram reunir e analisar exames de imagem utilizados em outros estudos;
- No total, foram revistos ressonâncias de 367 pesquisas anteriores, o que incluiu dados de 4.507 pessoas com transtornos mentais e 4.755 pacientes saudáveis (de controle);
- Todos os exames analisados foram feitos enquanto os participantes executavam tarefas cognitivas;
- Os pesquisadores procuraram então por áreas mais ativas ou menos ativas nos participantes com transtornos mentais em comparação aos grupo de controle;
- O resultado é que os pacientes com transtornos mentais apresentaram menos atividade cerebral no córtex/ínsula pré-frontal inferior, no lobo parietal inferior e também em uma estrutura próxima chamada de putâmen.
Por que isso é importante?
Embora seja considerado um grande estudo, os próprios autores reconhecem que há limitações nos resultados. Por exemplo, as análises envolveram apenas cérebros de pessoas adultas, o que pode apresentar divergências em comparação com cérebros de crianças ou idosos.
Contudo, os resultados corroboram pesquisas anteriores ao afirmar que há realmente uma dificuldade biológica (neural) por trás da dificuldade que esses pacientes têm em lidar com pensamentos e sentimentos negativos, como se eles estivessem "presos" a esse estado.
Isso porque são justamente as áreas que apresentaram menos atividade as responsáveis por modular respostas comportamentais, particularmente as respostas motoras e afetivas consideradas inapropriadas em determinados contextos.
Os médicos esperam que, no futuro, esses resultados ajudem a desenvolver terapias com foco nessas áreas do cérebro para melhorar exames clínicos, além de estimular o desenvolvimento de tratamentos que ajudem a prevenir essas doenças.
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