Depressão: veja dicas práticas para conviver melhor com esse diagnóstico
Resumo da notícia
- Um diagnóstico correto da depressão deve ser encarado como oportunidade para ficar bem
- É possível adotar alguns hábitos para melhorar a saúde mental, como ter boa qualidade de sono e se alimentar bem
- Sair de casa para ir a terapia já é uma meta importante e deve ser comemorada
Em torno de 10% da população mundial tem depressão, conhecida tecnicamente como transtorno depressivo maior. Portanto, desmistificar a doença é cada vez mais necessário para que os pacientes consigam tratamento adequado e aprendam a conviver com a doença de forma menos traumática.
O transtorno depressivo maior é um rótulo para um conjunto de sintomas, não para a pessoa. Não define a personalidade, as características ou o funcionamento de um indivíduo Elisa Brietzke, psiquiatra, professora da Queen's University em Kingston no Canadá e orientadora da Pós-Graduação em Psiquiatra da EPM da Unifesp
Portanto, um diagnóstico correto deve ser encarado como uma oportunidade para se tratar e ficar bem, não sendo visto como uma condenação. "Em torno de 40 a 60% dos casos, a depressão se torna recorrente ou crônica. Por isso, ter informação de qualidade e saber identificar os sintomas precocemente é uma arma importante para evitar agravamento e prejuízo na qualidade de vida", considera o psiquiatra Rodrigo Leite, coordenador dos Ambulatórios do IPQ do HC-FMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
Saiba conviver com a depressão
A depressão é um transtorno mental tratável, ou seja, com as medidas adequadas, a maioria dos pacientes evita quadros crônicos e obtém a remissão (o desaparecimento completo ou quase completo dos sintomas). Quando não há resposta aos tratamentos mais comuns, existem medidas eficazes para a grande maioria dos quadros resistentes.
"Brigue contra a doença e não contra o seu tratamento. Muitos pacientes relutam em tomar os remédios ou não comparecem as sessões de psicoterapia", alerta Brietzke. Há ainda pessoas que usam o tratamento irregularmente, temendo efeitos colaterais. Mas o psiquiatra e o psicólogo devem ser aliados na busca pela saúde e podem ser consultados caso surja alguma dúvida durante o tratamento.
De acordo com Leite, a forma como cada indivíduo vive sua depressão é muito particular. Por isso, é papel de cada um e dos profissionais que acolhem identificar quais fatores de proteção são mais indicados. "Deve-se encarar que a depressão eventualmente é um pedido para mudança de um cenário de vida insatisfatório ou sofrido", sugere. Afinal, a autonomia é uma ferramenta aliada do tratamento.
Funcione melhor e de maneira menos sofrida
É possível adotar alguns hábitos para melhorar a saúde mental, afinal quem tem depressão também pode ter qualidade de vida e bem-estar. Anote essa lista da psiquiatra Elisa Brietzke:
- Evite uso de álcool e drogas, pois eles são um fator de risco para a ocorrência e a gravidade da depressão e da ansiedade.
- Realize exercício físico regularmente, mesmo que seja apenas caminhar, subir escadas ou passear com o cachorro.
- Evite privação do sono ou irregularidade acentuada no padrão de sono. Isso inclui o uso excessivo de café ou de estimulantes. O sono é importante para prevenir depressão e outros transtornos mentais em crianças e adolescentes.
- Adote atitudes que levem a uma vida interior rica e recompensadora, como manter desafios intelectuais, uma vida social prazerosa e bons relacionamentos interpessoais.
- Use técnicas de meditação e mindfullness que ajudam a lidar com o estresse do dia-a-dia aumentando a resiliência aos desafios da vida moderna.
- Redobre a atenção em períodos específicos da vida em que o risco de depressão é maior, como o pós-parto, a menopausa ou os períodos de luto.
- Cada vez mais se consolida a ideia de que a saúde mental e a saúde física estão muito ligadas. Excesso de peso e dieta pouco saudável, com muito açúcar e gorduras saturadas aumentam o risco de doenças mentais, incluindo a depressão.
3 atitudes essenciais para conviver com a depressão
Além das atividades básicas: boa alimentação, sono equilibrado e pratica regular de atividade física, existem três atitudes que contribuem para os pacientes com depressão enfrentarem a doença sem tantos traumas. Aqui estão:
Tente ser proativo
Estabeleça metas comportamentais a curto, médio e longo prazo. Mas isso não significa ser muito exigente consigo mesmo. "A depressão em geral é um momento de exaustão, de redução de energia vital, mas dependerá de algum esforço do indivíduo", destaca Leite. Por isso, sair de casa para ir a terapia ou a consulta médica já é uma meta importante e deve ser comemorada.
Priorize o que te faz bem
Além de trabalhar, pagar contas e tomar os medicamentos, é importante adotar estratégias para trabalhar as emoções como a meditação, a prática da religiosidade ou espiritualidade, proximidade com amigos e da família, idas a grupos de ajuda mútua, distração, exercício físico, entre outros. Portanto, vale investir naquilo que traz bem-estar, mesmo que não seja uma tarefa essencial.
Reconheça suas conquistas
Pequenas conquistas devem ser comemoradas, pois isso recupera a autoconfiança. Leite reforça que o tratamento não é apenas ingerir medicamentos. A ativação comportamental e as mudanças nos hábitos de vida são necessárias, pois a depressão é um momento de reavaliação na forma como estamos vivendo como uma oportunidade de mudança de rumos e expectativas, muito mais que uma derrota. "Da mesma forma que cada dia que um paciente com diabetes faz a dieta corretamente é um passo na direção da sua saúde, cada dia que um indivíduo com depressão adere ao seu tratamento e adota as atitudes necessárias, ele dá um passo a mais em direção à sua recuperação", finaliza Brietzke.
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