Cirurgia para desobstruir artérias não é mais eficiente que medicamentos
Resumo da notícia
- Estudo mostrou que cirurgias realizadas para desobstruir artérias não são mais eficientes que tratamento só com remédios em pacientes com isquemia
- Pessoas que fizeram bypass ou angioplastia (colocaram um stent) tiveram mesmo risco de morte e de ataque cardíaco de quem tomou apenas medicamentos
- A descoberta é válida somente em casos de obstrução arterial e não se aplica em casos de ataque cardíaco, quando a cirurgia é necessária
Um grande estudo apresentado neste sábado (16), no encontro anual da American Heart Association, apontou que procedimentos cirúrgicos como o bypass e a aplicação de stents (angioplastia) não são mais eficientes que o tratamento com medicamentos para prevenir um ataque cardíaco ou diminuir o risco de morte em pacientes com isquemia (diminuição da irrigação sanguínea ocasionada por obstrução arterial ou vasoconstrição).
É importante ressaltar que essa conclusão não se aplica a casos em que o paciente sofreu um ataque cardíaco, quando a cirurgia precisa ser feita rapidamente para restabelecer o fluxo sanguíneo no coração, ou em pessoas com angina (dor no peito), em que o bypass e os stents tiveram melhores resultados.
A nova pesquisa, denominada Ischemia (Interventional Study of Comparative Health Effectiveness with Medical and Invasive Approaches) foi realizada com 5.179 pessoas e coloca em xeque uma prática comum e de alto custo para cuidar de pacientes cardíacos.
Nos Estados Unidos, a angioplastia —em que um stent (espécie de tubo metálico que é colocado para "abrir" um vaso sanguíneo) — custa, em média, 25 mil dólares. Já uma cirurgia "bypass", como a ponte de safena, em que é criado um "desvio" em um vaso obstruído, custa em média 45 mil dólares. "O país (EUA) poderia economizar 775 milhões de dólares ao não colocar stents nos 31 mil pacientes que passam pelo procedimento por ano mesmo sem apresentar dor no peito", explicou Judith Hochman, reitora de ciências clínicas da Universidade de Nova York, que participou do estudo, ao The New York Times.
Como o estudo foi feito
- O trabalho científico acompanhou por três anos e meio 5179 pacientes com isquemia moderada a grave.
- Os pacientes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um fez a cirurgia e ou outro somente recebeu o tratamento medicamentoso (drogas para reduzir o colesterol no sangue, controlar a hipertensão e, nos que tinham danos no coração, diminuir a frequência cardíaca).
- No grupo que realizou a intervenção cirúrgica, 74% receberam stents e o restante bypass.
- Ao longo do estudo, 145 pacientes que fizeram cirurgia morreram, número praticamente igual ao de voluntários que usaram apenas remédios: 144.
- No grupo que realizou o procedimento cirúrgico, 276 tiveram um ataque cardíaco, já nas pessoas que receberam tratamento medicamentoso esse número foi de 314 --diferença considerada insignificante pelos cientistas.
Segundo os pesquisadores, os resultados vão de encontro ao entendimento atual sobre doenças cardíacas. Nessa e em outras pesquisas já foi demonstrado que pacientes com vasos sanguíneos estreitados podem ter obstrução em várias áreas, não apenas em uma. Como não é possível prever em que ponto uma veia vai "entupir" e causar um ataque cardíaco, o tratamento medicamentoso pode ser uma melhor opção pois é capaz de minimizar o risco de bloqueio do fluxo sanguíneo em todo o sistema arterial, enquanto a cirurgia age apenas no ponto em que o vaso está fechado.
William E. Boden, diretor científico da rede de ensaios clínicos do VA Boston Healthcare System e um dos integrantes dos integrantes do comitê que liderou o estudo, disse ao New York Times que um dos problemas da descoberta da pesquisa é que o tratamento medicamentoso que os voluntários receberam não é viável na "vida real". Isso porque é muito trabalhoso para um médico garantir o seu paciente tome os remédios corretamente.
Mas o próprio Boden ressaltou que ao receber um stent a pessoa não está livre de tomar remédios e precisam de drogas anticoagulantes. Como os resultados do procedimento cirúrgico e da terapia medicamentos são parecidos, ele acredita que médicos e pacientes precisam discutir juntos qual é a melhor opção em cada caso.
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