10 orientações para pessoas ostomizadas
A ostomia, ou estomia de eliminação, é um procedimento cirúrgico realizado quando é preciso construir um novo trajeto para eliminar a urina e as fezes. Normalmente, é realizado depois de condições traumáticas ou patológicas (como por exemplo: perfurações acidentais no abdômen, doenças no intestino, no reto e na bexiga), que podem gerar necessidade de uma ostomia para a manutenção da vida.
Após a cirurgia de ostomia, a pessoa precisa se adaptar às mudanças nos padrões de eliminação, bem como dos hábitos alimentares e de higiene. Além de se adaptar com o dispositivo e aceitar as mudanças no corpo. Selecionais 10 perguntas mais frequentes sobre o assunto. Veja:
1. Por que fazer a estomia?
A cirurgia é feita para auxiliar a pessoa que tem um câncer, ou sofreu acidente, ou nasceu com problema, ou tem alguma doença (doenças inflamatórias intestinais e doença de Chagas). O estoma resultante da cirurgia pode ser temporário ou permanente.
2. O que é a bolsa coletora?
A bolsa é um saco coletor que recebe as fezes ou a urina. Funciona como uma extensão do seu corpo, por isso, é importante realizar o autocuidado para manter sua qualidade de vida. A bolsa coletora é formada por um saco para coletar as fezes ou a urina, acoplado a uma placa adesiva para fixá-la ao abdome e proteger a pele do contato com o material eliminado pelo estoma.
Existem vários tipos de bolsas e sua indicação depende do tipo de estoma, tipo de material eliminado, idade, estilo de vida, presença de alterações no estoma ou pele ao redor e diversos outros fatores que serão avaliados pela equipe de saúde e pela pessoa estomizada.
Para receber as bolsas coletoras, que são disponibilizadas gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde), a pessoa estomizada deve agendar consulta no serviço de referência na sua região e, neste dia, levar o relatório do médico que a operou ou sumário de alta.
3. Quando e como esvaziar?
O primeiro passo é sempre esvaziá-la quando as fezes ou a urina alcançar 1/3 da capacidade da bolsa, ou seja, menos da metade.
4. Quando e como trocar?
O equipamento deve sempre ser trocado quando a placa ficar na cor mais clara. Isso normalmente pode acontecer até o 3º dia de uso. Não é recomendado ficar mais de 5 dias com o mesmo equipamento, pois há risco de provocar dermatite (lesão) na pele.
Para trocar o equipamento, deve-se retirá-lo delicadamente, e sempre pressionar a barriga com a mão enquanto usa-se a outra para descolá-la. Lembre-se de sempre jogar o equipamento no lixo.
Depois de retirado, recomenda-se tomar banho para lavar a ostomia e retirar o resto de cola com água e sabonete. Caso não seja possível, é importante higienizar com água e sabão suave. Após o banho ou higienização, deve-se secar o abdome com leves toques antes de colocar um novo equipamento coletor. Para secar utilize de tecido macio.
Recorte o equipamento do tamanho exato da ostomia, não deixando sobrar nenhum espaço. Assim, as fezes ou a urina que saem da ostomia caem dentro do equipamento coletor sem entrar em contato com a pele, prevenindo dermatites.
Depois de recortado, retire o papel que cobre a placa do equipamento e cole de baixo para cima. Pressione com as pontas dos dedos o equipamento para ter certeza que colou bem na pele. Retire o ar da bolsa e feche com o prendedor (clamp ou velcro) ou feche a saída que parece uma torneirinha do equipamento de urostomia.
Nas primeiras trocas é comum utilizar o mensurador (régua circular), pois a ostomia pode estar inchada (edemaciada). Com o passar das semanas, a ostomia para de regredir, permanecendo o mesmo tamanho e com isso não há necessidade de medi-lo sempre.
Em caso de equipamento de duas peças, coloque a placa sobre a ostomia e encaixe a bolsa na placa. No caso de indicação de cinto, encaixe-o na bolsa ou na placa, a depender do modelo, depois de finalizar a troca.
5. Esportes e lazer
De modo geral, após a recuperação da cirurgia, o paciente pode voltar a praticar exercícios que praticava antes, como pedalar, caminhar, nadar ou qualquer outro que goste.
Caso sinta-se mais seguro, use o cinto especial para seu conforto. Você deverá evitar apenas alguns esportes de grupo em que possa ocorrer trauma corporal com outra pessoa (exemplo: futebol, basquete, entre outros).
Nada impede que você viaje de avião ou qualquer outro meio de transporte. Da mesma forma poderá frequentar teatros, cinemas e shows. Você pode dirigir normalmente sendo necessário o cuidado com o atrito entre o cinto de segurança e a bolsa coletora para não ferir o estoma.
6. Alimentação
A alimentação do estomizado deve ser normal e saudável, evitando alimentos que podem causar complicações, como diarreia, gases e constipação.
A dieta deve ser equilibrada e dividida em seis refeições ao dia, respeitando os horários para contribuir com a regularidade do funcionamento do intestino. É muito importante se alimentar de 3 em 3 horas, sempre mastigando bem os alimentos para facilitar a digestão e evitar a obstrução da estomia. Ao introduzir algum alimento diferente na dieta, experimente pequena quantidade e apenas um alimento novo de cada vez para ver a reação do organismo.
É essencial beber de 2,0 a 2,5 litros de água por dia e ingerir sempre uma quantidade adequada de fibras para o bom funcionamento do intestino.
Certos alimentos podem provocar alterações na função intestinal, por exemplo:
Diarreia: Mamão, laranja, ameixa seca, verduras, leite, cerveja ou bebidas alcoólicas.
Constipação: Batata, banana, amido de milho, mandioca, inhame e cará.
Cheiro intenso às fezes/gases: Peixes, ovos, cebola, couve, alho e batata doce.
Gases: Repolho, brócolis, batata-doce, feijão, refrigerantes, frituras e doces.
7. Sexualidade
As relações sexuais são normais, já que não há perda da capacidade sexual. O ideal é a conversa com seu parceiro, explicando a ele que a estomia não atrapalha a vida sexual. Se necessário, vá junto com seu parceiro ao seu médico, pois ele esclarecerá melhor sobre a vida sexual depois da cirurgia de estomia.
Antes da relação sexual esvazie a bolsa, verifique se ela está bem colocada, e se o clamp está bem fechado para evitar a saída do conteúdo durante a relação. Caso se sinta incomodado com a exposição da bolsa coletora existem disfarces, como pequenas bolsas ou tampões para o uso durante momentos íntimos.
8. Gravidez
Algumas mulheres estomizadas podem engravidar normalmente, outras não. Isso depende da doença que provocou a cirurgia e quais órgãos foram afetados. Somente o médico poderá dizer quais são as chances e os riscos.
Mulheres estomizadas, como qualquer outra gestante, deverão ter um acompanhamento nutricional para suas particularidades, e comparecer regularmente às consultas de pré-natal. Devem ter em conta também que o crescimento do feto provoca distensão abdominal podendo afetar o estoma.
9. O que são Serviços de Atenção às Pessoas Ostomizadas no SUS?
São unidades de saúde especializadas para assistência às pessoas com estoma. Esses serviços devem desenvolver ações de reabilitação que incluem as orientações para o autocuidado, a prevenção, o tratamento de complicações no estoma, a capacitação de profissionais e o fornecimento de equipamentos coletores e de proteção e segurança (bolsas coletoras, barreiras protetoras de pele sintética, coletor urinário).
Devem ter equipe multiprofissional, equipamentos e instalações físicas adequadas, integrados à estrutura física de policlínicas, ambulatórios de hospital geral e especializado, unidades ambulatoriais de especialidades, Unidades de Reabilitação Física, Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia - UNACON e Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia - CACON.
10. Estomia como deficiência física
Segundo o decreto presidencial nº 5.296/2004, as pessoas estomizadas estão reconhecidas como pessoas com deficiência. Dessa forma, possuem direito ao passe livre em transporte coletivo, atendimento prioritário, reserva de vagas em concursos públicos e empresas privadas. Usufrua seus direitos.
* Com informações da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG)
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