Estou com pré-diabetes. Consigo reverter problema só mudando a alimentação?
Sim. Além de adotar uma alimentação saudável, a prática regular de exercícios físicos, assim como parar de fumar e reduzir o consumo de álcool, também ajuda a reverter o quadro de pré-diabetes. No caso do cardápio, em específico, o que acontece é que, quando a pessoa consome algum alimento, o corpo passa a produzir insulina, hormônio que normalmente possui seus níveis aumentados em quem corre o risco de desenvolver o diabetes tipo 2. Então, se a alimentação continuar nada saudável, ou seja, pobre em fibras e rica em gordura saturada e em carboidratos mais simples, em especial os açúcares, isso favorecerá o ganho de peso, o que fará com que a insulina pare de funcionar de forma adequada. Com o tempo, o organismo passará a ficar resistente a esse hormônio, e o pré-diabetes não conseguirá ser revertido, desencadeando o diabetes tipo 2.
Portanto, o primeiro passo é modificar a rotina alimentar. Algumas dicas são:
- Reduzir o consumo de carne vermelha e de alimentos de origem animal ricos em gordura;
- Aumentar o consumo de oleaginosas, como castanhas e nozes;
- Aumentar a ingestão de alimentos ricos em água e fibras;
- Garantir o consumo de frutas e vegetais todos os dias;
- Diminuir ou abolir o consumo de açúcar. Isso inclui doces, bebidas industrializadas, refrigerantes etc. Caso seja muito difícil largar os doces, a dica é escolher opções a base de frutas e controlar a quantidade para evitar descontrole da glicemia.
Para entender melhor, o pré-diabetes é um estado em que o nível de glicose já está alterado, mas ainda não preenche os critérios para o diabetes tipo 2. No exame de sangue, essa fase da doença é caracterizada com a glicose acima de 100 até 125 mg/dL, em jejum. Já no teste de tolerância oral, o nível varia entre 140 e 199 mg/dl de glicose, ou também no teste de hemoglobina glicada, que os valores para pré-diabetes encontram-se entre 5,7% e 6,4%.
E como dito, não é somente a mudança no cardápio que pode ajudar a evitar a doença. Se o paciente incluir no pacote a prática regular de alguma atividade física, isso ajudará na redução de peso, fazendo com que as chances de desenvolver diabetes tipo 2 diminuem em 60% —foi o que apontou um grande estudo chamado DPP (Diabetes Prevention Program). O treinamento esportivo ajuda de várias maneiras. Uma delas é promovendo a redução de massa gorda, o que contribui no melhor trabalho da insulina dentro do organismo. O ideal é acumular, no mínimo, 150 minutos de atividade física na semana.
Eliminar o tabagismo também pode trazer uma melhora na saúde como um todo, já que o hábito de fumar aumenta a produção de radicais livres no corpo, que é um dos mecanismos por trás do desenvolvimento de algumas doenças, como o diabetes tipo 2. Já o consumo exagerado de álcool pode favorecer o ganho de peso, que está associado ao desenvolvimento da resistência ao hormônio. O uso de medicamentos, como a metformina, também pode ser indicado pelo médico responsável pelo tratamento. O remédio é eficaz em reduzir até 30% da progressão do pré-diabetes, o que é menos do que a dieta e o exercício físico. Portanto, as mudanças nos hábitos de vida são de extrema importância para reverter o problema e evitar que o diabetes tipo 2 se desenvolva.
Fontes: Claudia Cozer Kalil, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, Fernando Valente, endocrinologista e coordenador dos ativos de comunicação da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), Helena Ximenes, nutricionista e membro da câmara técnica do CRN-3 (Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região SP-MS), Renato Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, integrante da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e da EndoSociety, dos Estados Unidos e Rodrigo Moreira, presidente da SBEM.
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