Homem desenvolve inflamação nos pulmões após usar edredom com penas
Resumo da notícia
- Paciente apresentou falta de ar e mal-estar durante meses até procurar ajuda médica; inicialmente, a suspeita era de uma infecção respiratória
- Mas os sintomas pioraram e o homem precisou se ausentar do trabalho; ele também não conseguia caminhar por muito tempo na própria casa
- Uma investigação mais detalhada revelou que ele havia adquirido travesseiro e edredom com penas recentemente
- Os médicos então suspeitaram que ele tivesse pneumonite de hipersensibilidade, doença causada pelo contato com penas
- O paciente trocou seu enxoval e foi tratado com corticoesteroides e se recuperou totalmente
Um homem de 43 anos desenvolveu um caso raro de pneumonia após trocar sua roupa de cama por peças com penas de ganso. O caso, publicado este mês no periódico BMJ Case Reports, aconteceu no Reino Unido em 2016.
O homem procurou o médico após três meses sentindo mal-estar generalizado, fadiga e falta de ar. Inicialmente, os médicos acreditaram que ele tinha uma infecção respiratória, mas os sintomas pioraram muito e, em apenas um mês, ele precisou se ausentar do trabalho por 14 dias.
De acordo com a publicação, o paciente, que não teve seu nome revelado, não era fumante e não possuía história de doenças preexistentes. Além disso, os exames de sangue gerais —incluindo funções renais e hepáticas — voltaram normais.
Em depoimento incluído no relato médico, ele lembrou que a falta de ar era tão forte que causava tonturas mesmo com pequenos esforços, como caminhar pela própria casa. "Eu não conseguia andar mais do que alguns minutos sem sentir que iria desmaiar. Subir as escadas para dormir era uma tarefa que levava 30 minutos, pois eu só conseguia subir dois degraus de cada vez e precisava parar para sentar e descansar", disse.
Entrevista detalhada explicou doença misteriosa
Na última visita ao hospital, ainda sem nenhuma melhora, o homem foi encaminhado a um especialista em problemas respiratórios. Mesmo assim, o motivo pelo qual o paciente sentia-se tão mal permanecia desconhecido.
Os especialistas chegaram a suspeitar que o problema fosse causado por mofo, mas uma entrevista detalhada revelou que o paciente morava em uma casa confortável e praticamente sem traços de umidade. Ele também possuía um cachorro e um gato, mas não pássaros.
Essa informação era relevante, pois os médicos sabiam que a exposição às partículas orgânicas presentes em penas de aves é um dos gatilhos conhecidos para uma condição chamada pneumonite de hipersensibilidade, uma doença autoimune que causa inflamação nos pulmões após a aspiração dessas partículas.
Em entrevistas posteriores, o paciente revelou que ele havia adquirido recentemente um edredom e um travesseiro com penas. Antes, ele e a esposa utilizavam uma versão com recheio sintético.
Esse detalhe foi crucial para resolver o mistério, já que uma das formas (mais raras) de pneumonite de hipersensibilidade é causada justamente pelo contato com penas de pato ou de ganso presentes em itens de cama, como edredons e travesseiros.
"Esse tipo específico é causado quando o paciente inala a poeira orgânica contida nas penas de gansos ou patos utilizadas nesses itens", explicou Owen Dempsey, médico do Aberdeen Royal Infirmary que ficou responsável pelo caso, no artigo.
Segundo o especialista, a inalação dessas partículas causa uma inflamação no pulmão, e a exposição contínua pode causar até mesmo uma fibrose irreversível.
No caso do paciente britânico, exames de sangue e de imagem foram suficientes para, combinados à entrevista, fechar o diagnóstico. Ele então removeu os itens de seu enxoval e foi tratado com corticosteroides por cerca de um ano. Em cerca de dois dias ele já se sentia bem melhor e em um mês os sintomas já haviam melhorado bastante. O tratamento durou cerca de um ano e paciente se recuperou totalmente.
Apesar de ser uma história com final feliz, os médicos autores do caso reforçam que o diagnóstico de pneumonite de hipersensibilidade é geralmente bastante desafiador, especialmente quando é provocada por penas em edredons e travesseiros, já que os sintomas podem aparecer em um período que varia de três semanas a cinco anos. "A chave é sempre buscar o máximo de histórico possível do paciente", escreveram.
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