"Sofria bullying e me achava frágil. Malhar me deu músculos e autoestima"
Na adolescência, André Luis Munguba, 33 anos, sofreu muito bulliyng por causa do corpo. Ele começou a fazer musculação para passar no teste físico da Polícia Civil, sem objetivos estéticos, mas pegou gosto pelo exercício, mudou o corpo e até trabalhou como modelo. A seguir, o gestor de políticas públicas conta sua história:
"Enfrentei muitos problemas na juventude por causa da aparência. Logo que entrei na adolescência surgiram verrugas e espinha no meu rosto. Fiz um tratamento e as verrugas desapareceram, mas a acne persistiu de forma severa e ganhei muitos apelidos por causa do problema. Além disso, eu me achava magro e não me sentia bem com meu corpo. Acabei ficando frágil, tímido e com dificuldade de me relacionar por causa disso.
Só consegui namorar aos 18 anos e mudei de escola duas vezes por conta do bullying. Na sexta série, um menino me perseguia muito. Ele colocava apelidos em mim, ameaçava me bater, pegava meus objetos, fazia chantagens. Eu sabia que jamais reagiria a uma agressão, o que foi me minando e tirou meu ânimo de estudar.
Comecei a faltar e pedi para a minha mãe me transferir de colégio. Só que, depois de um ano na escola nova, aconteceu uma coisa que custei a acreditar. Estava voltando para casa com amigos e veio um rapaz bem alto e perguntou : 'Foi você que mexeu com o meu sobrinho?'. Nem deu tempo de responder e ele me deu um soco no rosto, comecei a sangrar. Juro, nunca tinha visto o sobrinho dele na vida.
Veio então uma nova perseguição e dessa vez pior. Ele espalhou essa história para os amigos, que todos os dias ficavam me esperando na saída do colégio. Isso começou a gerar um pânico em mim. Tinha de me esconder para não apanhar. Parei de estudar, minha mãe e minha avó choravam. Até que resolvi escrever para uma carta para o diretor e pedir uma nova transferência.
Os anos passaram e eu já havia aceitado que teria de nascer novamente para sentir-me à vontade com meu corpo. Foi então que decidi prestar um concurso para a Polícia Civil. Comecei a fazer a academia com objetivo de ganhar condicionamento para passar no teste físico. Tinha terminado o relacionamento com a minha primeira namorada depois de cinco anos e precisava também de uma atividade para me distrair. Em princípio, não pensei na estética.
Um tempo depois desisti do concurso, mas acabei tomando gosto pela musculação. Malhar fazia eu me sentir que era capaz e, a cada dia, enxergava que poderia superar metas nos exercícios. Melhorei a minha alimentação e comecei a ganhar músculos.
Eu costumava treinar seis vezes por semana, intercalando exercícios com peso e corrida. Inicialmente, não sentia que meu corpo estava diferente. Só me dei conta da transformação quando passei a receber elogios pelos meus resultados. Cheguei a pesar 86 kg, com 1,72 m de altura --agora estou com 76 kg.
Além dos treinos, acho que uma atitude ajudou muito a transformar meu corpo e a trabalhar a minha autoestima.
Eu me afastei de pessoas que falavam coisas ruins, que julgavam sempre tudo só pela aparência e com isso acabavam me deixando para baixo"
Dessa forma, pude cuidar de mim sem pressão, sem me preocupar em agradar aos outros. Tudo aconteceu de forma natural, até mesmo em relação ao tempo, porque demorou alguns anos para ter o corpo que tenho atualmente. A cada vez que entrava na academia, encarava como o ultimo treino da minha vida, dava tudo de mim, via ali uma oportunidade de relaxar e liberar a endorfina.
Minha família é do Rio Grande do Norte e passei uma temporada morando lá. As pessoas perguntavam se eu era modelo e isso me deixava surpreso. Em uma época que estava precisando de grana, vi o anúncio de um concurso de Mister. Achei que poderia ser uma oportunidade de trabalhos de publicidade. Participei de uma pré-seleção e fui aprovado para representar Tangará, cidade natal da minha mãe, na disputa estadual.
Foi um desafio vencer a timidez e desfilar, não sabia onde enfiar a cara. Não ganhei, mas participar do concurso serviu para ter a certeza de que superei tudo aquilo que enfrentei na adolescência. Mesmo diante das dificuldades, encontrei forças para levantar a cabeça, vencer e entender que aceitar e ficar bem com meu corpo é algo que só depende de mim, não importa a opinião dos outros.
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