É verdade que mel nunca estraga?
Provavelmente, você já ouviu que o mel é um dos poucos alimentos naturais que nunca estraga. E pode até ter acreditado nisso, afinal, aquele pote de mel que está guardado há meses na sua despensa ainda parece bom, apesar de ter cristalizado...
Pois saiba que o mel estraga, sim, ou melhor, fermenta, embora bem mais lentamente que outros produtos perecíveis. Segundo determinação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), baseada em estimativa feita em termos de segurança, o mais indicado é consumir o mel em até dois anos, para não haver riscos.
Qual o perigo de comer mel "estragado"?
"Não é muito comum ter complicações devido à ingestão de mel fermentado, mas elas podem acontecer", afirma Débora Dourado, gastroenterologista do Hospital São Luiz. Você pode ter, por exemplo, uma gastroenterite —inflamação do trato gastrointestinal que causa diarreia, vômitos e dor abdominal.
Existe ainda o risco de botulismo, uma doença neuroparalítica grave, não contagiosa e que pode causar a paralisia da musculatura respiratória, levando à morte. O problema é causado pela ação de uma toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum, capaz de sobreviver no mel e até em alimentos enlatados, que contêm pouco oxigênio. A condição é rara e mais frequente em crianças entre três e 26 semanas de vida, sendo responsável por 5% dos casos de morte súbita em lactentes. Daí a recomendação do Ministério da Saúde de não oferecer mel a menores de um ano.
Como saber se o mel está bom para consumo
A regra número 1 é nunca ingerir um alimento fora do prazo de validade indicado pelo fabricante. Caso, mesmo estando dentro da validade, você ficar na dúvida se o mel está adequada para consumo, observe sua aparência. O produto não pode ter grande quantidade de bolhas, nem sabor e odor estranhos. E se estiver cristalizado? Bom sinal! Pois revela que o mel é puro —nesse caso, você pode aquecer o produto em banho-maria para retornar ao seu estado "original'.
Segundo Ricardo Camargo, pesquisador de apicultura da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), além de adoçar e ser uma alternativa ao açúcar, o mel é um alimento funcional, fonte de vitaminas, minerais e inúmeras propriedades benéficas para o organismo —estudos já mostraram que é antibacteriano e ajuda a acalmar a tosse, por exemplo.
Por que mel demora para estragar?
Uma das coisas que contribuem para o mel durar cerca de dois anos até mesmo fora da geladeira é o fato de o alimento ter pouca água (no máximo, cerca de 20% para ser aceitável para o consumo) e ser quase que totalmente composto por açúcares. Mais: o mel tem peróxido de hidrogênio (que em solução aquosa é conhecido como água oxigenada) e uma acidez que pode ultrapassar o da laranja. Tudo isso inibe a proliferação de micro-organismos responsáveis pela fermentação do produto e prolongam sua validade.
Para preservar o mel, é importante deixá-lo muito bem fechado, em ambiente seco, arejado e protegido não só da umidade, que acaba favorecendo sua fermentação e oxidação, como também da luminosidade e do calor, que aceleram sua degradação. Também nunca manipule o mel com talheres que tenham entrado antes em contato com a boca ou qualquer outro alimento, para não contaminá-lo.
Cuidado com o produto vendido na rua
Por achar que o alimento não estraga, muitas pessoas costumam comprar o mel de vendedores ambulantes sem preocupação, mesmo quando o produto está em garrafas de cachaça, vodca etc. A falta de garantia sobre a manipulação e o processo de envasamento e armazenamento já torna o consumo do produto arriscado.
"Além de poder estar contaminado com micro-organismo, pode ser que o alimento não seja nem mel puro, e sim um produto falsificado, com adição de açúcar industrializado, essências, corantes artificiais e até substâncias químicas impróprias para o consumo", adverte Cristiane Hanashiro, nutricionista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Para não cair em um golpe, só compre mel de boa procedência, que esteja em uma embalagem lacrada, dentro do prazo de validade e contenha rótulo com certificação do Sistema de Inspeção Federal (SIF). Para saber se alimento é puro, verifique a lista de ingredientes —que deve conter apenas mel. E sempre desconfie quando o produto tem um preço muito menor do que o de outras marcas, pois para ficar mais barato provavelmente o mel foi misturado com substâncias como xarope de glicose ou de milho —isso não é ilegal, desde que informado na lista de ingredientes.
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