Criança também tem candidíase; saiba identificar e prevenir a doença
Resumo da notícia
- Apesar de ser mais conhecida por acometer mulheres adultas, a candidíase também pode ocorrer em meninas e meninos de diferentes idades
- Suor excessivo, fraldas e roupas de praias úmidas por muito tempo, assim como o compartilhamento de objetos que vão à boca podem favorecer a infecção
- O quadro não costuma ser grave e geralmente é tratado com pomadas e cremes
A candidíase provavelmente não é a primeira infecção que vem à sua cabeça quando o assunto é infância, mas hábitos e condições frequentes desta fase da vida fazem com que a doença também seja comum em crianças de diferentes idades.
O quadro, conhecido especialmente por afetar a área genital de mulheres adultas, é causado pelo fungo Candidas albicans, que geralmente vive no organismo humano em harmonia, sem causar nenhum sintoma. Quando o equilíbrio é afetado —o que pode ser desencadeado por diversos fatores, como condições ambientais, uso de antibióticos e até a alimentação —, há o crescimento excessivo desse fungo.
Em crianças, a imunidade baixa típica dos primeiros anos de vida —quando o sistema imunológico ainda não se consolidou forte o suficiente para evitar infecções — é um dos fatores que ajuda o quadro a se manifestar. Além disso, situações como permanecer com fraldas úmidas por muito tempo, suor e umidade nas dobrinhas típicas de crianças pequenas podem contribuir para a reprodução dos fungos.
A seguir, com a ajuda de Wylma Hossaka, pediatra da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Normeide Pedreira, médica do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e Silvia Saito Yamada, pediatra do Hospital Infantil Sabará, esclarecemos as principais dúvidas sobre a candidíase infantil.
Quais são os tipos de candidíase?
A candidíase pode ser:
- Oral, conhecida popularmente como "sapinho", quando o fungo se acumula na boca;
- Vaginal, quando a infecção acomete a vagina e os tecidos da abertura do canal;
- Cutânea, quando se manifesta na pele e unhas.
Ela acomete meninas e meninos?
Sim. No entanto, é mais comum em meninas, que sofrem de candidíase vaginal. Como a uretra masculina fica dentro do pênis, quando os meninos acabam de urinar, é mais incomum que resíduos de xixi permaneçam no órgão ou se espalhem na roupa íntima.
É mais recorrente em alguma idade ou época do ano?
É mais comum em estações quentes, nas quais as crianças suam e seus corpos permanecem úmidos por mais tempo. A candidíase cutânea e oral são frequentes em crianças pequenas, que usam fraldas e acessórios como chupeta e mamadeira, que quando não higienizados corretamente, podem servir como veículo para a candidíase e outras infecções.
De acordo com o Manual Vulvovaginites na infância, da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), a candidíase vaginal é mais comum em meninas acima dos dez anos de idade, já que para se desenvolver nos genitais, este fungo necessita da presença de glicogênio, ocasionando acidez vaginal.
No entanto, o alerta para uma boa higienização deve ser feito desde cedo. Ao começarem a ir ao banheiro e se limparem sozinhas, as crianças podem deixar rastros de urina, proporcionando um ambiente ideal para o desenvolvimento do fungo. No começo da aprendizagem, uma alternativa é trocar a roupa íntima da criança mais vezes ao dia.
É possível que a candidíase se espalhe?
Sim. Quando a criança coça a pele infectada e leva as mãos à boca, por exemplo. Em grande parte dos casos, isso ocasionará os "sapinhos", além das lesões na pele, mas, quando não é feito o tratamento. Já em situações mais raras, a candidíase pode descer pela garganta e chegar ao esôfago, tornando-se sistêmica.
Ter uma vez significa que a criança terá o quadro novamente ou aumenta as chances de infecções recorrentes?
Não. No entanto, se a infecção for recorrente, é aconselhável que a criança passe por uma investigação médica para checar se algo está afetando sua imunidade.
A transmissão entre crianças pode ocorrer?
A transmissão pode ocorrer por meio da saliva, por exemplo quando uma criança coloca na boca um objeto mordido por outra que tem a infecção. Em trocadores públicos, a infecção não é comum, já que os pais costumam colocar panos. A dica é certificar-se de usar alguma proteção ao trocar o pequeno e garantir que o espaço seja o mais higiênico possível.
Quais são os sintomas?
A candidíase oral pode ser assintomática ou apresentar os seguintes sinais:
- Placas brancas na gengiva, língua, lábios ou céu da boca
- Dificuldade em mamar
- Recusa de alimentos
- Aumento da salivação
- Coceira
- Lesões que se assemelham às assaduras, porém refratárias às pomadas de fralda e presentes nas regiões mais úmida da fralda
- Descamação
- Áreas que ficam um pouco úmidas mesmo após enxugar
Como é feito o tratamento?
O tratamento é geralmente feito com antifúngico em forma de cremes e pomadas aplicadas no local. Os médicos também podem recomendar higiene com água bicarbonatada. Em casos de candidíase sistêmica, pode ser necessária a internação e tomar antifúngicos na veia.
O que fazer para evitar a candidíase em crianças?
- Não compartilhar talheres, chupetas, mamadeiras e/ou outros objetos manuseados pela criança, principalmente, os que são levados à boca
- Manter as fraldas e roupas íntimas limpas e secas
- Evitar roupas de praia molhadas por muito tempo após piscina e banho de mar
- Secar bem as dobras do corpo após o banho
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