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Posso ser considerado morto estando só em coma?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

10/12/2019 04h00

Resumo da notícia

  • O coma não é uma situação de morte: é uma situação clínica em que a pessoa tem o coração batendo, mas o cérebro apresenta as suas funções alteradas
  • Ele é diferente de uma morte encefálica, quando a pessoa não consegue mais manter as funções vitais, como batimentos cardíacos, respiração, etc.
  • Um coma, no entanto, pode evoluir para uma morte encefálica, dependendo da causa, intensidade e natureza do problema

Não. Enquanto a pessoa estiver somente em coma ainda existem chances de reversão e recuperação do quadro. Porém, em algumas situações, dependendo da causa, intensidade e natureza do problema, o coma pode piorar, levando o paciente para a chamada morte encefálica. Nesse caso, a pessoa não consegue mais manter as funções vitais, como batimentos cardíacos, respiração, controle da temperatura corporal, entre outros.

Embora haja métodos artificiais para preservação de órgãos periféricos (medidas de suporte cardiovascular e ventilação mecânica, por exemplo), um corpo em morte encefálica desenvolve falência do coração em alguns dias, raramente em algumas semanas. Portanto, com esta situação, o paciente entra em óbito. E para o diagnóstico de morte encefálica, é necessária a realização de dois exames neurológicos, que serão realizados por dois médicos distintos e com algumas horas de diferença entre eles.

Para entender melhor, o coma é uma condição clínica em que a pessoa tem o coração batendo normalmente, mas o cérebro apresenta as suas funções gravemente alteradas. Por conta disso, o indivíduo encontra-se de olhos fechados, em estado de inconsciência de si e do ambiente, mesmo após estímulos de diversas modalidades e intensidades. O coma pode acontecer de forma natural ou induzido. O primeiro caso pode acometer pessoas que sofreram alguns problemas como AVC, intoxicações, uso de drogas, hipoglicemia, entre outros. A maioria dessas causas possui tratamento específico, e dependendo da evolução do quadro clínico do paciente, o coma pode ser sim reversível.

Já o coma induzido se dá, geralmente, em situações que exista uma lesão no cérebro que esteja agredindo muito seriamente o órgão, causando uma pressão intracraniana, por exemplo. E para que o cérebro não sofra sequelas, o indivíduo é colocado em coma induzido, com a ajuda de medicamentos. O retorno ao estado consciente ocorre a partir do momento em que os médicos tomam a decisão de retirar a anestesia usada para o coma induzido. Mas enquanto a pessoa estiver nesse estado de inconsciência, alguns cuidados precisam ser levados em consideração. Entre as principais atenções estão o suporte para respirar, para manter a pressão sanguínea, controle metabólico, de temperatura, prevenção de trombose, infecção e fisioterapia. Dessa forma, é possível evitar possíveis sequelas por conta do coma.

Fontes: Fábio Porto, neurologista do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e da Clínica Everest, em São Paulo, Marcelo Calderaro, neurologista do HC FMUSP e do Hospital Samaritano, em São Paulo e Tatiane Pan, neurologista do Hospital Assunção, em São Bernardo do Campo.

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