Esportes coletivos geram compromisso, saúde e ensinam a lidar com derrotas
Resumo da notícia
- Esportes coletivos são uma boa opção para driblar a falta de motivação e de prazer para praticar exercícios
- Quando realizadas regularmente, modalidades coletivas melhoram o condicionamento físico geral
- Nesses esportes também existe um compromisso com o grupo, o que evita você faltar ou desistir da atividade
- Esportes coletivos ainda trabalham aspectos que ajudam em outras áreas da vida, como aprender a respeitar a hierarquia e dividir responsabilidades
Muitas pessoas decidem vencer o sedentarismo e logo desistem, por não se identificar e sentir prazer em realizar exercícios individuais, como musculação, corrida, natação, e logo acabam desistindo do treino. Uma boa ideia para driblar essa falta de motivação e criar um compromisso com a atividade física é praticar esportes coletivos.
Modalidades como vôlei, basquete, futebol, handebol e rúgbi, quando inseridos regularmente na rotina (ao menos três vezes por semana), garantem não só a melhora do condicionamento físico e da saúde, como também trazem vários benefícios psicológicos que vão ajudar você a encarar melhor diversas situações do dia a dia, fora das quadras e campos.
Compromisso com o colega
No esporte individual você faz o seu horário e organiza a vida e a prática em função das próprias necessidades. Se não for treinar, o único afetado será você. Já o esporte coletivo demanda o cuidado e o respeito com os colegas de time, desde o cumprimento de horários até o respeito do espaço físico. Caso não aparece para jogar, toda a equipe pode sair prejudicada.
Ter consciência disso tende a gerar um compromisso maior com o exercício físico. Faça chuva ou faça sol, frio ou calor, você vai se esforçar para estar em quadra (ou campo) —e seu organismo só tem a ganhar com a atividade regular.
Os resultados são de todos
Na estrutura da equipe, todos ganham ou todos perdem. Não há como um só jogador fazer o time vencer. É preciso haver um equilíbrio entre todos, respeito e conhecimento das suas limitações, além de saber quando e quanto cada um pode colaborar para que o time vença.
Saber que cada gota do seu suor é importante para seus companheiros de time também ajuda você a se "entregar" mais durante o exercício. Por exemplo: se o cansaço bater no meio de uma corrida, mesmo que tenha fôlego para continuar, sua cabeça pode "mandar" você parar, já que ninguém depende do seu esforço para ter um bom resultado. Já em um esporte coletivo aquele pique nos minutos finais, quando já "falta perna", pode fazer toda a diferença para a vitória de dezenas de colegas de equipe.
É importante ressaltar que a derrota, seja individual, seja coletiva, é fundamental para o desenvolvimento humano, mas não é fácil lidar com ela. Mexe com a frustração e com sentimentos dolorosos. Para pessoas que foram criadas tendo tudo à mão, o esporte é um grande benefício para mostrar que ninguém vence sempre.
Lições além das quatro linhas
A convivência social em um time trabalha questões relacionadas a lideranças internas e externas, que são levadas para outras áreas da vida. A interna é desempenhada pelo capitão. As externas são os dirigentes e o técnico. Aprendemos a lidar com hierarquia, que é algo que temos de fazer o tempo todo. O "atleta" aprende a ter respeito pela autoridade, pelas regras e pela competência técnica do outro, valores que também podem ser aplicados em outras esferas.
Praticar modalidades coletivas ainda ensina a compartilhar decisões, metas, responsabilidades e tarefas; a lidar com diversos estágios e formas de comunicação; aceitar as diferenças (de opiniões, condutas e personalidade); e vivenciar diversos papéis. Esportes coletivos criam possibilidades de fomentar a autoconfiança, a troca de atitudes e condutas, a adoção de objetivos e o aumento da autoestima, além do desenvolvimento da capacidade de trabalhar em equipe.
No esporte coletivo se criam relações que são quase uma irmandade. Quando isso é bem desenvolvido, o atleta sabe que a sua performance interfere na performance dos outros, criando um senso de responsabilidade importante. Um atleta conta com o outro, e todos são incluídos no planejamento e desenvolvimento da tarefa grupal.
As particularidades do esporte coletivo na infância
Na infância não se deve focar muito na parte competitiva para não gerar frustrações e problemas motivacionais. Deve existir um sistema de vitória ou derrota, mas o foco não é esse, pois isso pode afastar a criança do esporte. Conforme o esportista fica mais velho, a questão competitiva pode ficar mais presente, mas sempre desde que a pessoa queira estar ali.
Em campeonatos o atleta se doa mais, e experimenta os percalços da competição. Mas existem pessoas que param de praticar justamente devido ao viés extremamente competitivo —quem não gosta desse aspecto tende a migrar para modalidades individuais. Ambientes ou atletas muito competitivos podem deixar a prática não prazerosa. Mesmo sem foco absoluto na vitória, participar e socializar também são fundamentais para a saúde e o bem-estar.
Quem deve praticar esportes coletivos?
Esportes coletivos podem ser praticados em qualquer idade. Da infância à terceira idade, a experiência terá significados distintos a depender do grau de maturidade da pessoa e do grupo em questão.
No entanto, é importante frisar que também entra na conta a personalidade do praticante. Há quem trabalhe melhor em equipe, e quem trabalhe melhor individualmente. São perfis diferentes. O melhor é fazer aquilo que reconhecemos em nós mesmos. Se você não gosta de praticar esportes coletivos, escolha um esporte individual, respeitando aquilo que é mais prazeroso para você.
Como inserir os esportes coletivos no dia a dia?
Primeiramente, deve-se buscar uma modalidade que dê prazer. O processo de adesão e aderência a uma prática esportiva passa por encontrar motivos para inclui-la na rotina. Fazer parte de um grupo em que você se sinta acolhido e vivencie os processos de filiação e pertencimento é fundamental. Encontre uma modalidade que o agrade e um grupo que permita que você se sinta parte dele, e o inclua no planejamento e desenvolvimento das tarefas.
Fontes: Katia Rubio, psicóloga e professora da USP (Universidade de São Paulo); Yuri Spacov, profissional de educação física e personal trainer; Rafael Castellani, mestre em educação física pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e doutorando em psicologia social pela USP.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.