Álcool e praia não é uma combinação tão boa quanto parece, veja os riscos
É verão e de Norte a Sul, o espaço na areia da praia se torna concorrido, guarda-sóis se amontoam lado a lado e as barracas que servem comidas e bebidas lucram com a venda de porções, cervejas e caipirinhas.
É comum ver famílias e grupos de amigos passarem o dia inteiro em frente ao mar. O bate-papo é frequentemente regado a drinks alcoólicos e quitutes gordurosos, mas especialistas pregam cautela para que a diversão não termine, por exemplo, em uma diarreia no dia seguinte.
O grande problema da combinação entre álcool e temperaturas elevadas é a desidratação. Às vezes a pessoa tem a falsa sensação de que a cerveja e a caipirinha matam a sede porque são geladinhas. Muito pelo contrário, o etanol vai fazer com que o corpo perca mais água.
O calor leva à transpiração e provoca uma acelerada perda de líquidos. Além disso, o álcool inibe a produção de vasopressina, um hormônio antidiurético que faz com que o corpo, para não desidratar, reabsorva a água presente principalmente na urina. Quando o etanol está presente no sangue, ele faz com que a água seja excretada. É por isso que a pessoa, quando bebe, costuma ir ao banheiro toda hora. E o álcool é absorvido nas paredes do intestino. Pode favorecer o aparecimento daqueles cálculos no rim. Há pessoas que bebem muito e têm diarreia. Até a pele fica ressecada.
Ocorre também perda de eletrólitos como sódio e potássio. Isso leva à piora da sensação de sonolência causada pelo álcool. É por isso que muitas pessoas se sentem exaustas mesmo após um dia inteiro sentado na cadeira de praia. Isso geralmente causa insônia e atrapalha a qualidade do sono. Outros efeitos colaterais são a fraqueza muscular, a queda da pressão arterial e, em situações mais graves, a síncope (perda dos sentidos devido à deficiência de irrigação sanguínea).
Goulart cita uma pesquisa de 2018 da Universidade de Washington que afirma que não há um limite razoável para a ingestão de bebidas alcoólicas —aquela taça de vinho diária já não é mais recomendável, dizem os norte-americanos. O estudo diz ter encontrado correlações claras e convincentes entre bebida e morte prematura, câncer e problemas cardiovasculares. Porém, para quem não abre mão da cerveja, caipirinha ou qualquer outro drink tido como refrescante, o ideal é consumi-lo moderadamente e beber também água, sucos ou água de coco durante o período.
Câncer de pele e perda de controle também preocupam
Uma pesquisa de 2014, feita conjuntamente pelo Instituto Karolinska, na Suécia, a Universidade de Monza e o Instituto de Pesquisa Farmacológica de Milão, ambos na Itália, impactou a comunidade médica em 2014 com uma pesquisa associando o consumo de bebida alcoólica ao câncer de pele.
De acordo com o estudo, o consumo de cervejas, vodkas, cachaças e afins aumenta em 20% o risco de câncer de pele. Isso ocorre porque o álcool sensibiliza a pele, aumenta a chance de queimadura e gera mais moléculas que danificam as células do corpo. Além disso, a ingestão de drinks reduz a imunidade, diminui a absorção de carotenoides (pigmento presente em legumes, principalmente a cenoura) e anula uma espécie de barreira a raios ultravioletas.
Segundo a pesquisa, o risco sobe para 55% se a pessoa consumir quatro doses. E quando você está na praia, quatro latinhas de cerveja são consumidas rapidamente.
Os especialistas também lembram que o álcool, sobretudo quando consumido de maneira excessiva, faz com que a pessoa sinta uma sensação de prazer, devido ao aumento de serotonina, perca o autocontrole, por causa da inibição do glutamato, e negligencie precauções básicas contra os raios ultravioletas, como, por exemplo, o uso de protetor solar e de bonés e chapéus.
A sensação de onipotência também é responsável por mortes por afogamento. Segundo o estudo mais recente da OMS (Organização Mundial da Saúde), de 2014, o Brasil é o terceiro país com o maior número de mortes deste tipo no mundo (6.487 por ano). O país fica atrás de Rússia (11.981) e Japão (8.999). Em todo o planeta, cerca de 370 mil pessoas morrem afogadas anualmente.
Melancia ou batata frita?
Também deve se tomar cuidado com a alimentação. Os fãs de cerveja dificilmente resistem a uma porção de camarão frito "no capricho" para acompanhar a bebida. As frituras, no entanto, estão na lista de alimentos que devem ser evitados, especialmente em altas temperaturas, pois são de difícil digestão, estão relacionados à obesidade e ainda podem resultar em azia ou refluxo. Recomenda-se frutas (principalmente melancia e laranja, que são ricas em líquido), saladas e carnes magras como o peixe, o filé mignon e o peito de frango sem pele. As carnes mais gordurosas podem ser consumidas, claro, mas com moderação.
Para quem mora ou vai visitar o Nordeste, é aconselhável ficar atento à procedência de peixes e frutos do mar. O consumo de pescados e crustáceos está liberado nos estados afetado pelo derramamento de óleo, mas biólogos afirmam que os alimentos podem estar contaminados.
"É importante que as pessoas, antes de ingerir esses peixes e frutos do mar, verifiquem a procedência e o que dizem a Marinha e as autoridades locais em relação ao consumo", disse a médica gastroenterologista Jozelda Lemos Duarte, presidente da Comissão FBG Mulher (Federação Brasileira de Gastroenterologia).
O que se deve comer no verão e na praia
- Melancia
- Frutas cítricas (laranja, abacaxi, limão)
- Couve
- Cenoura
- Pepino
- Carnes magras (filé mignon, alcatra, filé mignon suíno, peito de frango sem pele)
O que se deve evitar no verão e na praia
- Frituras (pastéis, porções de frutos do mar, batata frita)
- Carnes gordas (pernil, picanha, contrafilé, bacon)
- Alimentos processados (tender, salame, mortadela)
- Margarina e produtos derivados
- Queijos amarelos (muçarela, parmesão, cheddar)
Fontes: Jairo Alves, presidente da Sobed (Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva); Jozelda Lemos Duarte, presidente da Comissão FBG Mulher (Federação Brasileira de Gastroenterologia); Valéria Goulart, médica nutróloga da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).
Referências: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; OMS (Organização Mundial de Saúde); Alcohol consumption and site-specific cancer risk: a comprehensive dose-response meta-analysis; Perfil Nutricional e Bioquímico de Alcoolistas Frequentadores do CAPsad de Ouro Preto (Mayla Cardoso Fernandes Toffolo); No safe level to alcohol
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Horário de funcionamento: das 9h até as 13h (praia) e das 17h até a 1h (arena)
Endereço arena: Av. Riviera, s/n, próximo ao shopping
Local do espaço na praia: canto direito da praia de Riviera de São Lourenço
Entrada: gratuita
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