Ele foi atropelado por um ônibus e uma moto e hoje corre provas de montanha
Resumo da notícia
- Em 2001, Tarcísio Morais foi atropelado por um ônibus enquanto praticava ciclismo em Jundiaí (SP)
- O acidente causou diversas fraturas, quebra de ossos e rompimentos de ligamentos, o que fez o atleta amador necessitar de diversas cirurgias
- Após dois anos de fisioterapia, ele conseguiu recuperar os movimentos e voltou a se exercitar
- Durante um treino de corrida, ele foi novamente atropelado, dessa vez por uma moto
- Novas cirurgias e período intenso de fisioterapia foram necessárias para que ele voltasse a se movimentar normalmente
- Hoje, o atleta conta com poucas sequelas e participa de provas de resistência em montanhas
Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas a história de Tarcísio Moraes Alves prova o contrário. Aos 21 anos, o paulista já era fã de esportes, praticava corrida e ciclismo e equilibrava a rotina de treinos com os dias de trabalho e saídas com os amigos.
O que vem a seguir não será surpresa para quem é supersticioso: foi em uma sexta-feira 13, no ano de 2001, que Tarcísio sofreu o primeiro acidente que mudaria sua vida. Ele treinava sozinho, em cima de uma bicicleta, na avenida Jundiaí, interior de São Paulo, quando foi atropelado por um ônibus que, ao fazer um retorno em uma curva, não viu o jovem.
Hoje, apesar da gravidade do acidente, ele recorda o episódio com bom humor. "É mais fácil dizer o que não quebrei", brinca. "Quebrei o rosto em três partes, os braços, pernas, quase perdi o pé, rompi ligamentos, tecidos... Fui teoricamente invalidado logo de cara."
Ele acordou alguns minutos após o choque e chegou a conversar com a equipe de resgate. "Perdi três litros e meio de sangue e, conforme disseram os socorristas, fui removido em um estado já meio terminal", explica.
Cirurgias, repouso e muita fisioterapia
O esportista custou para se recuperar do acidente. Foram várias cirurgias: entre elas, a reconstrução completa do pé direito, braço esquerdo e parcial do maxilar, uma operação para corrigir as fraturas múltiplas braço direito, além de precisar se alimentar por sondas por conta das costuras na boca e se locomover de cadeira de rodas.
Segundo Tarcísio, os médicos não revelavam muito sobre seu quadro e acreditavam que o movimento na mão esquerda não voltaria. "Mentalmente, foi muito difícil lidar. Todo dia eu voltava no hospital para tirar um pedaço de carne e passava o resto do tempo em casa, agoniado porque não conseguia mexer meu corpo", recorda.
Mas todos os dias ele tentava estimular algum tipo de movimento, seguindo a recomendação médica.
Ficava o dia todo deitado, com um controle de videogame na mão, dizendo: 'Aperta o botão, aperta o botão'
Após três meses de recuperação, Tarcísio foi liberado para o primeiro contato externo. Fazia sessões básicas de fisioterapia e seguia com os cuidados de limpeza nos curativos. Para a surpresa de todos, durante uma consulta, conseguiu mexer os dedos.
Passado mais um mês de dedicação, começou a conseguir fazer coisas básicas sozinho, como comer e ir ao banheiro. "Quando senti essa autonomia, pensei 'ninguém me segura'. Tentava subir escada, apertar bolinhas de fisioterapia, andar rápido... Criei uma rotina totalmente focada na minha recuperação", diz.
Volta ao esporte e novo acidente
Em 2014, Tarcísio estava treinando com um amigo na cidade de Santana de Parnaíba, em São Paulo, quando uma moto na contramão o acertou. Novamente, ele precisou ser internado e passou por sete cirurgias no período de um mês apenas no braço direito, área mais afetada pelo acidente. Além disso, precisou reconstruir a mão direita e fraturou o crânio, lesão que, por sorte, não necessitou operação.
O atleta passou mais um ano e meio na reabilitação até que conseguisse voltar a se dedicar ao esporte como gostaria.
Após 18 anos do acidente, sequelas como a movimentação de pé, mão e braço direito limitada o acompanham, mas ele garante que isso não o impede de realizar qualquer atividade. "Acabo relevando as dores, já faço tudo meio no automático. Descobri que minha vontade de viver é maior", afirma.
Digo que sou o azarado mais sortudo. Os acidentes me fizeram valorizar mais cada momento
Mentalidade mudou após atropelamentos
Antes do primeiro acidente, Tarcísio conta que vivia uma rotina "no 220", mesclando o esporte com idas a baladas, dias longos de trabalho e sem muita preocupação com o que viria a seguir.
"Passar pelos traumas fez uma chavinha virar. Hoje, aos 38 anos, passei a valorizar mais a possibilidade de simplesmente estar de pé. Escovar os dentes, comer... As coisas básicas", diz.
Atualmente, ele aposta no ciclismo e na corrida de montanha, além de motivar outros esportistas com sua história. "Procuro incentivar sem assustar as pessoas, porque o esporte não é só riscos. Alguém pode morrer ao trocar uma lâmpada em casa".
Seus próximos objetivos são provas de corrida de rua em São Paulo, provas de longa distância no ciclismo de montanha e, quem sabe, participar de um Iron Man. "Para mim, quanto mais difícil, melhor", afirma. Além disso, o atleta criou o projeto "Addict_2life", através do qual grupos de esportistas se unem para fazer travessias e viagens focadas em esportes e fecham pacotes para amenizar os custos de hospedagem, transporte e guias.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.