Diarreia pode ser forma secundária de transmissão do coronavírus
Um estudo publicado na sexta-feira (7) no periódico JAMA revelou que fezes contaminadas podem ser uma forma secundária de transmissão do coronavírus. Os cientistas acreditam que a forma primária de contágio sejam gotículas com o vírus expelidas pela tosse das pessoas infectadas.
Na pesquisa atual, dos 138 pacientes hospitalizados em Wuhan, na China, 14 (10%) apresentaram inicialmente diarreia e náusea um ou dois dias antes de terem febre e dificuldade respiratória.
Segundo a AFP, Jiayu Liao, bioengenheiro da Universidade da Califórnia em Riverside, disse que, com base na literatura, "o vírus 2019-nCoV encontrado nas vezes pode ser transmissível pela disseminação fecal".
Mas ainda não se sabe quanto tempo esse vírus pode sobreviver fora do corpo e a qual margem de temperatura o 2019-nCoV é sensível. "O HIV [por exemplo] mal consegue sobreviver por 30 minutos fora do corpo", disse.
O estudo do JAMA afirma que, além dos pacientes em Wuhan, a primeira pessoa diagnosticada com o 2019-nCoV nos Estados Unidos também teve problemas intestinais por dois dias e o vírus foi em seguida detectado em suas fezes. Outros casos similares na China foram registrados na revista científica The Lancet, ainda que com menos frequência.
Entretanto, como a pesquisa atual analisou apenas casos de pessoas já hospitalizadas, a infecção pelas fezes pode ser um problema dentro dos hospitais, que podem se tornar ambientes "amplificadores" de epidemias. "Entre os 138 casos, a maioria dos pacientes ainda está hospitalizada no momento. Portanto, é difícil avaliar os fatores de risco e são necessárias observações contínuas da história natural da doença", concluíram os cientistas.
Em entrevista à agência, Benjamin Neuman, especialista em virologia da Texas A&M University-Texarkana, disse que embora a transmissão fecal não seja algo a se desconsiderar, "as gotículas e o contato com superfícies infectadas e depois tocar olhos, nariz ou boca" provavelmente são as principais formas de transmissão do vírus, segundo os dados disponíveis.
O que é o novo coronavírus?
É um vírus que tem causado doença respiratória pelo agente coronavírus, recentemente identificado na China. Os coronavírus são uma grande família viral, conhecidos desde meados de 1960, que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais.
Geralmente, infecções por coronavírus causam doenças respiratórias leves a moderadas, semelhantes a um resfriado comum. Alguns tipos, entretanto, podem causar doenças graves com impacto importante em termos de saúde pública, como a Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave), identificada em 2002 e a Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), identificada em 2012.
Existe alguma forma de prevenção?
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
- evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas;
- realizar lavagem frequente das mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente;
- utilizar lenço descartável para higiene nasal;
- cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
- evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
- higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
- não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
- manter os ambientes bem ventilados;
- evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença;
- evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
Tratamento
Segundo os pesquisadores do atual estudo, até o momento, nenhum tratamento específico foi recomendado para a infecção por coronavírus, exceto para cuidados meticulosos de suporte. A abordagem é controlar a fonte da infecção; usar precauções de proteção individual para reduzir o risco de transmissão; e diagnóstico precoce, isolamento e tratamentos de suporte para os pacientes afetados.
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