Após câncer, mulher engravida por óvulo imaturo fecundado em laboratório
O tratamento contra o câncer limita as possibilidades de muitas mulheres tornarem-se mães. De acordo com o ginecologista Geraldo Caldeira, médico do serviço de reprodução humana do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP), tratamentos como quimioterapia e radioterapia comprometem a quantidade e a qualidade dos óvulos.
Foi o que aconteceu com uma mulher de 29 anos que sofria de câncer de mama, de acordo com caso publicado na revista científica Annals of Oncology. Sabendo do risco de infertilidade, a paciente recorreu à extração de óvulos para manter a possibilidade de gerar filhos no futuro antes de iniciar a quimioterapia.
No entanto, por conta da urgência do tratamento, não foi possível fazer a estimulação ovariana, procedimento comum antes da retirada, que ajuda a aumentar a quantidade de óvulos e que consiste em cerca de 10 dias de ingestão de remédios.
Sem a técnica e a espera comum de mulheres que apostam na extração, a fase dos óvulos também não era a mais propícia, o que fez com que a equipe médica recolhesse apenas os óvulos imaturos, ou seja, que ainda não estavam prontos para a fecundação.
A paciente teve sete óvulos extraídos —de acordo com Caldeira, uma quantidade boa para alguém que não passou pela estimulação. "O ideal, para garantir melhores chances de fecundação, seriam 20 óvulos", explica.
Maturação feita em laboratório
Para deixar os óvulos na fase ideal para a fecundação, os médicos utilizaram o método de maturação in vitro. Quando já estavam amadurecidos, eles foram congelados usando um processo chamado vitrificação, que causa o resfriamento rápido de um óvulo ou embrião, o que reduz a possibilidade de cristais de gelo formarem e danificarem a célula.
De acordo com a descrição do caso, após cinco anos de tratamento, a mulher ficou infértil e, como desejava engravidar, recebeu a orientação médica de tentar um procedimento de fertilização in vitro com os óvulos extraídos anos antes.
Dos sete que foram removidos, amadurecidos e congelados, cinco foram fertilizados com sucesso pelos cientistas após serem descongelados.
De acordo com o especialista do Hospital e Maternidade Santa Joana, o procedimento, apesar de não ser tão comum, é o ideal para casos urgentes. "A chance de dar certo está relacionada à quantidade de óvulos que a mulher consegue extrair. Para casos de tratamento contra cânceres, a técnica é altamente recomendada", aponta.
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