BK anuncia comida "de verdade" com lanche mofado; fast-food não estraga?
O Burger King apresentou um lanche em decomposição para anunciar um novo sanduíche sem conservantes, aditivos ou corantes artificiais, na quarta-feira (19). A expectativa é que esse lanche feito com ingredientes "de verdade" chegue aos cardápios ainda em 2020, pelo menos nos Estados Unidos.
A campanha parece que foi feita para provocar o rival McDonald's. Experimentos com os hambúrgueres ou batatas da marca do palhaço costumam circular na internet, para mostrar que os alimentos não estragam por meses ou até anos.
A explicação por trás dessa "vida eterna" foi dada pelo próprio McDonald's. A rede conversou com Keith Warriner, diretor do departamento de ciências alimentícias e controle de qualidade da Universidade de Guelph, no Canadá, e o cientista disse que a falta de água no lanche é a verdadeira culpada.
"A realidade é que os hambúrgueres, batatas-fritas e nuggets do McDonald's são como qualquer outro tipo de comida e estragam se mantidos em condições favoráveis a bactérias", disse. Os micróbios responsáveis pela decomposição necessitam de água, nutrientes, calor e tempo para crescer. "Se tirarmos um ou mais desses elementos, as bactérias não se desenvolvem e não estragam a comida", disse.
No caso desses lanches, por exemplo, a carne perde água em forma de vapor durante o preparo e o pão, ao ser tostado, também perde água. Ou seja, depois de pronto, o hambúrguer está praticamente seco.
"Então, sem água, o lanche simplesmente seca, ao invés de apodrecer"
Segundo Warriner, se o sanduíche ficar em um ambiente com bastante umidade, como o banheiro, ele apodrecerá.
O cientista, no entanto, não cita que a quantidade de conservantes que um alimento processado tem também altera sua data de validade. Quanto mais conservante, maior a durabilidade.
"Alimentos processados são aqueles desenvolvidos pela indústria alimentícia, em que há a adição de componentes como açúcar, sal e conservantes para melhorar o sabor, o aroma, a textura e, claro, aumentar seu prazo de validade", diz Aline Martins de Carvalho*, nutricionista do Grupo de Estudos Epidemiológicos e Inovação em Alimentação e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo).
Entre esses aditivos, liberados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil, estão os conservantes, que retardam o crescimento de microrganismos que causam a deterioração do alimento. De acordo com o ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos), da Secretaria de Agricultura de São Paulo, a inclusão de conservantes nos alimentos é fundamental para a segurança alimentar, uma vez que garante a disponibilidade do alimento e reduz perdas e desperdícios consideravelmente. Mas o mais saudável, mesmo, é sempre optar pelo produto in natura.
*Fonte consultada em matéria do dia 19/02/2018
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