Uso de máscaras cirúrgicas pode proteger contra o coronavírus?
Resumo da notícia
- Chegada do coronavírus ao Brasil fez com que muitas pessoas debatessem nas redes sociais a efetividade do uso de máscaras cirúrgicas para proteção
- Embora estejam sendo usados nas áreas mais afetadas, esse tipo de acessório não garante 100% de proteção contra a contaminação
- O recomendado por especialistas é cobrir a boca e o nariz ao tossir e espirrar; e manter as mãos sempre limpas para evitar a propagação do vírus
Após a confirmação de cada vez mais casos do novo coronavírus (também chamado de covid-19) no Brasil, diversas pessoas usaram as redes sociais para manifestar preocupação e declarar que vão, sim, comprar máscaras cirúrgicas para sair de casa —mesmo que ainda não exista nenhuma recomendação oficial para isso. Mas, afinal, é realmente necessário utilizar esse acessório, especialmente em locais com grandes aglomerações, como metrô e ônibus?
Comumente utilizadas em países asiáticos para a prevenção de doenças respiratórias ou para combater os efeitos da poluição urbana, as máscaras até são recomendadas nas regiões mais afetadas pelo surto.
No entanto, elas não garantem 100% de proteção contra a epidemia. Como não ficam completamente presas ao rosto, elas deixam o ar entrar sem nenhum tipo de filtro, e a pessoa pode acabar inalando o vírus, caso ele esteja no ambiente.
Além disso, após algumas horas, as máscaras devem ser trocadas e descartadas com cuidado para evitar contaminação de outras pessoas que estejam próximas.
Como escolher a máscara?
O tipo mais procurado pelas pessoas está sendo a máscara cirúrgica simples, feita de um material chamado não tecido (que, por sua vez, é feito de polipropileno). São as mais simples e baratas —e que estão com os preços subindo conforme as notícias da chegada da doença no Brasil se espalham.
No entanto, o recomendado pelos especialistas é que, se necessário, as máscaras utilizadas sejam do tipo de proteção respiratória individual, compostas por uma peça facial e um dispositivo de filtragem de ar que garantem uma vida útil mais longa à peça.
A escassez desse acessório em países asiáticos afetados pela epidemia fez com que muitos moradores improvisassem e fizessem as próprias máscaras de proteção. Galões de água, sutiãs e até sacolas plásticas comuns estão sendo usados para tentar impedir que o vírus se propague.
De acordo com Julian Tang, do Leicester Royal Infirmary e que falou ao jornal britânico "Daily Mail", o uso do sutiã não é todo errado —já que o mesmo acessório foi usado como máscara durante a epidemia de SARS em 2003, quando as máscaras também se esgotaram.
No entanto, o uso de outros materiais para a confecção de máscaras não tem comprovação científica. Pior: o uso de sacolas plásticas, por exemplo, pode provocar sufocamento no usuário e, por isso, não é recomendado.
"O risco também existe em quem usa essas máscaras improvisadas com galões de água", afirma o infectologista João Prats, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo. "Além disso, não sabemos como fica a qualidade do ar e o nível de umidade durante o uso desses galões como máscaras, o que pode facilitar o aparecimento de outras doenças", afirma o especialista.
Qual a melhor forma de prevenção?
Por mais simples que possa parecer, manter hábitos de higiene pessoal ainda está sendo apontado como a melhor forma de impedir a propagação do vírus. A OMS (Organização Mundial da Saúde), por exemplo, aconselha a cobrir a boca e o nariz com o antebraço em caso de tosse e espirro para limitar o contágio (o que, convenhamos, deve ser uma atitude contínua, já que funciona também para reduzir a contaminação por outras doenças, como uma simples gripe).
Prats lembra ainda que o contato é uma forma que facilita a contaminação pelo coronavírus, principalmente pelas mãos. "O melhor é manter as mãos limpas, lavando sempre que necessário, proteger o rosto antes de tossir ou espirrar para evitar espalhar gotículas no ambiente e ainda ficar longe de pessoas que estão sabidamente doentes", afirma.
O Ministério da Saúde orienta a ter cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
- Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas;
- Lavar as mãos frequentemente, especialmente após o contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente;
- Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
- Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir e higienizar as mãos após;
- Não compartilhar objetos de uso pessoal como talheres, copos e pratos;
- Manter os ambientes bem ventilados.
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