Esmalte "verde" é alternativa para tratamento de micose em unhas
Pesquisa realizada dentro do Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas do CCS (Centro de Ciências da Saúde), desenvolveu formulação inédita de esmalte à base de nanopartículas de prata e óleos essenciais naturais indicada para o tratamento de dermatoses ou infecções (micoses) em unhas. A descoberta representa uma inovação aos fármacos convencionais utilizados para o tratamento destas infecções que acometem sobretudo as unhas dos pés, por ser uma alternativa mais barata, menos tóxica e sustentável — e, por isso, chamado de "verde" pelos pesquisadores. Essas micoses são frequentes, com alta prevalência, afetando um quinto da população.
A coordenadora do projeto, professora Audrey Lonni, do Departamento de Ciências Farmacêuticas, explica que os tratamentos para micoses são realizados comumente com medicamentos orais, que demandam tratamento por tempo prolongado para combater o fungo. Outra alternativa são esmaltes que utilizam cloridrato de amorolfina, que também demandam de seis meses a um ano de tratamento. De acordo com a professora, 2,5 ml do esmalte comercial pode chegar ao valor de R$ 100, o que representa um investimento alto para os padrões de saúde do País.
O professor Luciano Panagio, do Departamento de Microbiologia, sintetiza as nanopartículas de prata em laboratório e atua como colaborador no projeto de pesquisa do esmalte antimicótico. Segundo ele, a proposta é que o medicamento desenvolvido seja patenteado pela UEL, o que viabilizaria colocá-lo no mercado a preços módicos, podendo até ser utilizado nas UBS (Unidades Básicas de Saúde).
Panagio dá uma dimensão do problema na saúde pública. É fácil constatar a incidência da micose em unhas, por exemplo, em idosos, especialmente nos que vivem em asilos. A doença, além da questão estética, causa desconforto ao indivíduo, e o fungo pode ser transmissível. Entre os fatores considerados favoráveis para o desenvolvimento dos fungos estão maus hábitos de higiene, excesso de calor e umidade e desnutrição. Ele explica também que a questão pode se tornar séria em pacientes que necessitam, por exemplo, de transplante de órgãos. "Existem relatos de casos de pacientes que receberam transplantes e tiveram complicações pós-operatórias causadas por fungo nas unhas", relata.
Patente
Os pesquisadores estão em fase final de redação para realizar o depósito de patente em nome da UEL. Após esta fase, o processo deverá seguir para o Escritório de Propriedade Intelectual (EPI), da Agência de Inovação Tecnológica (AINTEC) da UEL, para os trâmites de proteção do conhecimento e solicitação de registro. A ideia do grupo de pesquisa é licenciar o produto em nome da universidade, repassando a produção em escala comercial para um investidor da área.
Resultados
A pesquisadora Natália Rodrigues de Oliveira, que integra o Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas, responsável pelos experimentos em laboratório, explica que, nos últimos dois anos, foram realizados testes in vitro, utilizando unhas humanas infectadas. Os resultados com a formulação de nanopartícula de prata e óleo de orégano são satisfatórios, com resultados eficientes de combate ao fungo.
As nanopartículas de prata são consideradas excelente alternativa para o controle de infecções e também como conservante em formulações. A mistura com os óleos essenciais de orégano e alecrim é indicada para aumentar a eficiência do produto, colaborando para o resultado final. Além de apresentar boa eficácia no combate à micose de unha, a formulação de esmalte (uso tópico) é recomendada para tratamento pela ação mais rápida. Outra indicação é para evitar problemas de toxidade ao fígado, uma das consequências do uso prolongado de antifúngico por via oral.
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