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10 coisas que afetam os dentes e talvez você nem imagine

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Sibele Oliveira

Colaboração para o VivaBem

28/02/2020 04h00

Dizem que o rosto é nosso cartão de visita, mas para que ele seja bonito, os dentes precisam estar saudáveis. E não é apenas uma boa higienização após as refeições que garante que eles se mantenham assim. Também é necessário evitar certos costumes como, por exemplo, roer as unhas.

"O que não foi feito para colocar na boca faz mal para os dentes. Não é só alimentação e os patógenos que os afetam", afirma Ênio Lacerda Vilaça, professor do departamento de odontologia restauradora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Além desse, outros hábitos podem prejudicar seriamente os dentes. E não é só isso. Doenças, procedimentos estéticos mal feitos e hábitos parafuncionais (aqueles que são involuntários, como o bruxismo) oferecem riscos à saúde bucal e podem estragar o seu sorriso.

Confira a seguir coisas que muita gente faz e que causam inclusive consequências graves, como a perda dos dentes.

1. Mastigar objetos ou fazer pressão sobre os dentes e a mandíbula

Mulher mastiga caneta - iStock - iStock
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Você conhece alguém que tem a mania de mastigar objetos como lápis ou tampas de caneta? Pois é. Esse e outros hábitos como apertar os dentes ou morder os lábios, apoiar a mandíbula nas mãos ou dormir com a mão na boca podem trazer consequências indesejadas para os dentes.

"Tudo isso pode causar alterações de mordida, especialmente sobre a articulação temporo-mandibular. E com o tempo, gerar alterações nos dentes", explica Celso Caldeira, dentista e secretário-geral da diretoria da SBENDO (Sociedade Brasileira de Endodontia).

Mastigar objetos ainda pode causar outras alterações, como a retração gengival (quando o tecido da gengiva abaixa em relação ao dente) e o aumento da sensibilidade dos dentes. Dependendo da força da mastigação e da dureza do material, há até o risco de quebrá-los.

2. Usar os dentes como abridor de embalagens

Luiza Sonza - Divulgção Instagram - Divulgção Instagram
Imagem: Divulgção Instagram

Poucas pessoas têm coragem de abrir uma tampa de garrafa ou uma latinha de cerveja com os dentes, mas usá-los para rasgar embalagens plásticas de alimentos quando não há uma tesoura ou faca por perto é um hábito comum.

A má notícia é que ambos danificam os dentes, muitas vezes de maneira irreversível. Tanto abrir latinhas quanto tampas de garrafas pode provocar fraturas no esmalte, na dentina, na coroa (parte visível do dente) e até na raiz, já que os materiais dessas embalagens costumam ser duros. Esse risco aumenta se a prática for frequente ou se, por alguma razão, o dente estiver mais fraco.

"Mesmo um dente sadio, sem nenhuma restauração, dependendo da força pode fraturar", garante Vilaça.

Outra possível consequência é que esses objetos abalem os dentes ao ponto de fazer com que eles amoleçam. Também podem dar origem a problemas nas articulações faciais ou mesmo expulsar o dente do alvéolo. Se você acha que só quem faz força com os dentes em materiais resistentes como metal, vidro ou madeira corre esse perigo, está enganado. Os saquinhos plásticos também causam incidentes.

3. Palitar os dentes

Palitar dentes, palito de dentes - iStock - iStock
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Ao terminar a refeição, muita gente automaticamente pega o palito de dente. Ele é usado como um substituto do fio dental, mas não deveria, pois esse pequeno instrumento fabricado para remover restos de alimentos não cumpre o que promete. Ao contrário. "Quando o palito é colocado entre os dentes, ele provoca um machucado na gengiva. Pode empurrar o alimento para dentro dela e causar um abscesso agudo ou necrose", salienta Vilaça.

Em alguns casos, o movimento de palitar os dentes causa até a perda óssea. "A pessoa pode ter problemas periodontais, inclusive traumas na gengiva. Sem contar que palitar os dentes não resolve o problema. Além de empurrar alimentos para dentro da gengiva e poder gerar uma inflamação, não higieniza como o fio dental", diz Caldeira.

4. Deixar bebidas e alimentos ácidos na boca

Suco de lata ou refrigerante? - iStock - iStock
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Muitos dos nossos alimentos e bebidas preferidos são ácidos. Qual é o problema disso? Eles podem destruir o esmalte, que é uma camada dura e resistente que tem por função proteger o dente, e causar erosão dentária. Ou seja, refrigerantes, energéticos, vinhos, sucos de limão, laranja, acerola, maracujá, abacaxi, uva e tomate, e até mesmo aquelas balinhas que compramos para deixar o hálito mais fresco podem prejudicar os dentes.

Isso acontece porque esses e muitos outros alimentos levam à desmineralização dos dentes, deixando-os mais frágeis e suscetíveis a cáries. Algumas vezes, até a dentina é atingida. Com isso, as chances de fraturas aumentam. Os alimentos fazem mais mal ainda quando, além da acidez, contêm aditivos químicos, como os açúcares. "Os refrigerantes de cola, por exemplo, têm um pH ainda mais baixo por causa da sacarose", comenta Vilaça.

E não são apenas os alimentos que causam esse efeito. Pessoas que têm bulimia também têm os dentes prejudicados quando não os higienizam bem. Isso porque eles entram em contato com o vômito, que é ácido. O mesmo acontece com o refluxo gastroesofágico, pois também há acidez no conteúdo que volta do estômago. Ambos os problemas provocam a desmineralização dos dentes.

Mas isso não significa que devemos cortar tudo o que tem acidez da dieta. É possível manter seus hábitos alimentares sem causar danos aos dentes. Para isso, basta não deixar bebidas ou alimentos ácidos por muito tempo na boca. "A solução é beber um copo de água, mas não escovar os dentes logo depois. Quando tomamos essas substâncias ácidas, a superfície do esmalte já fica alterada. Escovar em seguida pode prejudicar, porque geralmente a escovação é abrasiva", orienta Caldeira.

Fazer bochechos com água também ajuda a tirar a acidez e remineralizar os dentes. Depois, a escovação deve ser bem feita, pois o flúor do creme dental auxilia a recompor o material dentário que foi perdido.

5. Tomar certos medicamentos

Antibiótico, remédio, cartela de remédio - iStock - iStock
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Uma dúvida de muitas pessoas é se os antibióticos são nocivos aos dentes. E ela tem uma razão de ser. Os formulados à base de tetraciclina, que eram muito usados antigamente, podem alterar a estrutura dental, mas isso só acontece com crianças.

"A tetraciclina afeta a formação dos dentes e altera a cor deles, que ficam mais acinzentados. Quanto mais for usada, mais manchas vai causar", esclarece Vilaça. Outro que pode provocar o escurecimento dos dentes é o cloridrato de minociclina, indicado para adolescentes com acne.

Mas não são apenas os antibióticos que alteram os dentes. Medicamentos usados para doenças graves como o câncer podem causar xerostomia, que é a baixa produção de saliva pelas glândulas salivares. O problema de ficar com a boca seca é que a superfície do dente fica mais ácida, pois não tem saliva o suficiente para diminuir a acidez bucal.

"A xerostomia atinge a superfície do dente e o deixa mais agredido e ressecado, suscetível a se desgastar e até fraturar", alerta Caldeira. Hábitos como beber pouca água ou falar demais também provocam essa condição.

Para completar, medicamentos para a osteoporose, como o alendronato de sódio, devem ser tomados com cuidado por quem pensa em fazer um implante dentário. "Em algumas situações, eles podem causar alterações que, por exemplo, impedem a realização de um implante", assegura o endodontista.

6. Fazer procedimentos estéticos de qualquer jeito

Clareamento dental - Getty Images - Getty Images
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Não há quem não sonhe em ter dentes brancos e simétricos. Acontece que às vezes esse desejo se torna uma obsessão e a pessoa ignora os riscos de alguns procedimentos, como o clareamento dental. Como ele só embranquece os dentes até um certo ponto, há quem fique insatisfeito com o resultado e continue usando o produto.

"Um agente clareador promove uma reação que gera oxigênio, que vai limpar a estrutura do dente. Se ele for usado de forma inadequada, esse oxigênio pode ser muito agressivo e atingir a estrutura do dente e da gengiva, além de não limpar", revela Caldeira. É por isso que o clareamento deve ser feito com o acompanhamento de um bom profissional.

Para ter os dentes mais brancos, algumas pessoas preferem recorrer a receitas caseiras, como as feitas com bicarbonato de sódio ou carvão ativado. Como são substâncias muito abrasivas, elas podem agredir tanto o dente quanto a gengiva. Outra solução para quem quer ter um sorriso perfeito são as facetas de porcelana ou lentes de contato. O risco nesse caso é o desgaste feito nos dentes para a colocação do material.

A pressa é uma inimiga quando se fala de beleza nos dentes. Não é possível ter resultados tão rápidos com os aparelhos ortodônticos, por exemplo. Quem insiste nisso, pode ter sérias consequências. "Se a força aplicada for excessiva, vai promover a reabsorção óssea ou pode ocorrer a reabsorção do dente. Às vezes acontecem as duas coisas", pontua Vilaça.

Por fim, os dentistas não recomendam o uso de adereços como piercings na boca ou na língua. "Existe o risco de infecção crônica porque não há uma cicatrização completa. Além disso, ao conversar a pessoa bate o piercing nos dentes e pode causar fraturas. Eles também não permitem uma higienização correta", completa o professor de odontologia.

7. Não restaurar bem o dente após fazer canal

Mulher na cadeira do dentista, canal - iStock - iStock
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Muita gente acredita que o tratamento de canal, que tem por objetivo remover a polpa dentária infeccionada, enfraquece o dente, mas não é bem assim. "O que enfraquece é não fazer uma restauração adequada no dente que tratou o canal. Ficar com um curativo, alguma coisa provisória durante um tempo, pode favorecer uma infiltração no local", elucida Caldeira.

Outra coisa que pode acontecer é o dentista fazer um desgaste excessivo durante o procedimento. Quando há uma perda da estrutura interna do dente, ele pode, sim, ficar mais fraco, mas isso não é comum. Vilaça diz que em geral o tratamento de canal não enfraquece o dente, porém o deixa mais vulnerável. Portanto, não é bom forçá-lo muito.

8. Escovar os dentes com força

escovar os dentes; escovando os dentes; mulher escovando os dentes - Getty Images - Getty Images
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Isso causa o chamado trauma de escovação, que nada mais é do que usar força para escovar os dentes, fazer movimentos inadequados e utilizar escova de cerdas duras. Algo que não deve ser feito, pois causa danos aos dentes.

"Além de desgastar o esmalte, provoca uma agressão na gengiva levando à retração dela e expondo a região do colo dental. Com isso, surge a sensibilidade dentinária", explica Vilaça. Para evitar a abrasão no esmalte dentário, o ideal é diminuir a pressão usada na escovação e escolher escovas de cerdas mais macias.

9. Fumar

Homem sentado em banco com cigarro na mão - yipengge/Istock - yipengge/Istock
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Todo mundo sabe que o cigarro é péssimo para a saúde de modo geral. Para os dentes, não é diferente. Primeiro, porque ele mancha o sorriso. "O dente é cheio de reentrâncias e porosidades. O pigmento da nicotina e do alcatrão fica impregnado nele", destaca Vilaça.

Depois, porque faz mal para a gengiva. "Pode não só causar a gengivite [doença que surge devido ao acúmulo de placa bacteriana que alcança a linha da gengiva], como levar à doença periodontal com perda óssea. Fora isso, o cigarro predispõe até lesões e tumores na cavidade bucal", ele acrescenta.

10. Alterações hormonais

Gravidez - iStock - iStock
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Outra coisa que ninguém imagina é que as alterações hormonais da mulher atingem os dentes. "O que a gente sabe é que em determinadas fases do ciclo hormonal ocorre uma acidificação no pH da saliva. Na gravidez, isso é ainda mais acentuado. Por esse motivo, a mulher tem uma chance maior de desenvolver lesões de cáries", enfatiza Vilaça.

A gengiva tende a inflamar mais com as alterações hormonais, causando gengivite. Mas não isso não precisa ser uma sentença de sofrimento. É possível ficar longe desses males evitando bebidas e alimentos muito ácidos nesses períodos e caprichando na escovação e no uso do fio dental.