Síndrome do Odor de Peixe pode prejudicar socialização e autoestima
Das inúmeras doenças existentes, algumas podem causar incapacidade física, outras inaptidão mental e têm aquelas que causam apenas constrangimento social. A Síndrome do Odor de Peixe —cujo nome oficial é trimetilaminúriase — encontra nesse último grupo, mas pode causar consequências psicossociais, prejudicando uma maior socialização da pessoa afetada. O nome tem um significado literal: a pessoa realmente fica com um cheiro semelhante a de um peixe.
Ela é, na realidade, um defeito no metabolismo, conforme explica o professor Fernando Kok, da Faculdade de Medicina e Pesquisador do Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco do Instituto de Biociências da USP (Universidade de São Paulo). "A pessoa já nasce com o problema, o que é conhecido como um 'erro inato do metabolismo'. Ela tem uma característica bastante particular, em que a pessoa não consegue metabolizar alguns compostos aminados, que acabam exalando um cheiro de peixe", descreve o especialista.
O odor é exalado, na realidade, pela respiração e não pela pele e é causado por um composto específico: a trimetilamina. Ela é encontrada também nos peixes de água salgada, por isso o cheiro é idêntico a de peixe.
O problema não afeta o funcionamento do corpo de nenhuma outra forma. Portanto, a síndrome não traz prejuízos à saúde física. No entanto, o constrangimento pode afetar bastante a autoestima. Segundo o professor, "a pessoa deve ganhar apelidos, falam que ela não toma banho, que cheira a peixe", entre outros insultos. No entanto, o próprio professor comenta que essa doença não está relacionada à ausência de banhos, mas sim a um erro metabólico.
Doenças pouco comentadas são difíceis de diagnosticar
Quando uma doença é rara e pouco comentada, é mais difícil achar um profissional que cuide desse tipo de enfermidade. É comum que muitas pessoas descubram a informação da doença pelo Google, procurando por "cheiro de peixe".O professor comenta que "não há um especialista em cheiros", por isso, dermatologistas e gastroenterologistas são procurados quando há uma suspeita e reforça que, apesar de a doença não ter cura, ela tem tratamento.
Muitos pacientes são até encaminhados ao psiquiatra, pois os médicos acham que ela sente o cheiro devido a algum delírio. O ideal é que o diagnóstico seja feito com exames genéticos ou bioquímicos. O problema é que essa doença acaba sendo muito mais um conhecimento enciclopédico para o próprio médico. "Ninguém ensina isso no curso de medicina, pois com tanta coisa para se estudar, a síndrome acaba ficando relegada a um canto, então acaba sendo de pouco conhecimento".
Tem cura?
Não tem cura, mas tem tratamento. "Com a modificação da dieta, tirando alguns alimentos ricos em trimetilanina, como alguns vegetais e leguminosas. E quando a doença está em um período de maior atividade, o uso de antibióticos orais pode reduzir a carga do composto", considera Kok.
* Texto adaptado de entrevista concedida à Rádio USP
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