Aids é maior causa de morte de mulheres em idade reprodutiva, diz agência
Um novo relatório do Unaids revela que as desigualdades acentuadas entre homens e mulheres está levando a um maior risco de mulheres e meninas expostas ao HIV.
O estudo "Nós temos o poder", lançado às vésperas deste Dia Internacional da Mulher, pede a governos para fazerem mais no empoderamento de meninas e mulheres.
Lacunas
A epidemia de HIV espelha as desigualdades e injustiças enfrentadas por mulheres e meninas e como as lacunas nos direitos e serviços tem agravado a doença.
A diretora-executiva do Unaids, Winnie Byanyima, afirma que essa situação é inaceitável, evitável e tem que acabar.
Os governos deram o passo histórico de adotar a Declaração da Plataforma de Pequim para Ação, 25 anos atrás. O documento é o guia mais abrangente e progressivo para realização dos direitos humanos das mulheres e meninas e para o alcance da igualdade de gênero.
E desde então, tem havido avanços. Mais meninas frequentam a escola e em alguns países, há mais mulheres participando da liderança política. Outras nações têm implementando a proteção da mulher em suas legislações.
Tratamento
O tratamento contra HIV também aumentou. Em meados de 2019, havia mais de 24 milhões de pessoas recebendo os antirretrovirais incluindo mais de 13 milhões de mulheres com 15 anos ou mais.
Mas de acordo com o novo relatório, muitas promessas não foram cumpridas.
Quase 40 anos depois da resposta à Aids, a doença ainda é a causa principal de morte de mulheres de 15 a 49 anos no mundo. E cerca de 6 mil jovens de 15 a 24 anos são contaminadas com o HIV toda semana.
O estudo aponta algumas áreas críticas como a eliminação da violência a mulheres. Em regiões com alta prevalência do vírus da Aids, a violência de um parceiro íntimo tem levado a um aumento de até 50% no risco de mulheres contraindo o HIV.
Mulheres soropositivas relatam violência de seus parceiros, familiares, comunidades e até serviços de saúde.
Sexualidade
Fora da África Subsaariana, a maioria das mulheres sob risco do vírus pertence a comunidades marginalizadas. São trabalhadoras do sexo, mulheres que injetam drogas, transgêneros e prisioneiras.
Desigualdade de gênero, estigmas, criminalização, violência e outras violações de direitos humanos continuam evitando as mulheres de acessar os serviços que precisam. Leis e políticas têm de ser reformuladas para acabar com práticas coercitivas baseadas na sexualidade das pessoas, em suas atividades sexuais, gênero ou status de HIV.
No ano passado, adolescentes, menores de 18 anos, precisavam de um dos pais ou de um tutor em 105 de 142 países para fazer um teste de HIV. E em 86 de 138 nações, elas precisavam de autorização para acessar o tratamento e os cuidados contra a doença.
Informações
Um outro dado preocupante é a falta de informações e conhecimento sobre como prevenir o HIV entre meninas e mulheres. Pesquisas de 2013 a 2018 mostram que 70% delas, na África Subsaariana, uma das regiões mais afetadas, não sabiam o suficiente sobre o vírus.
O estudo revela que para cada ano estudado, aumenta em 12% as chances de mais conhecimento sobre a doença. Nesse caso, a escola tem um papel fundamental.
E a autonomia econômica, ou independência financeira, é outro fator de combate ao vírus. Mas as mulheres continuam tendo menos oportunidades que os homens e têm que arcar com cuidados não remunerados e trabalho doméstico. Em 88 de 190 países, existem leis sobre pagamento igual para trabalho igual.
Assegurar a proteção para terminar com a discriminação e garantir igualdade de gênero são passos críticos para avançar na resposta à Aids.
A chefe do Unaids disse que mulheres e adolescentes estão exigindo seus direitos. Para Byanyima, os governos precisam agir para levar assistência e serviços e proteger os direitos das pessoas.
Para o Unaids, é preciso investir em programas e políticas para fomentar igualdade, promover educação e aulas de sexualidade nas escolas, gerar mais empoderamento econômicos das mulheres e reformar leis que garantam o direito delas.
A participação das mulheres em processos decisórios sobre o programa de HIV e o apoio delas à liderança das mulheres e dos jovens em todas as etapas de ações de resposta ao HIV são fundamentais para o seu sucesso.
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