Estou há mais de um mês usando lentes de contato mensais. Corro risco?
Sim, há riscos em usar as lentes além de sua validade. Podem ocorrer alergias, com sintomas de coceira e vermelhidão ocular. Já em médio e longo prazos, há chances de o olho sofrer com ceratite (inflamação da córnea), infecções severas e, em casos extremos, até a perda do globo ocular.
O uso das lentes de contato fora do tempo de validade pode contribuir para a diminuição das células do endotélio corneano (camada mais interna e importante da córnea) por falta de oxigênio. Isso porque o produto age como se fosse uma barreira impedindo a entrada de ar, o que deixa a córnea anestesiada. É a chamada hipóxia, motivo pelo qual a pessoa pode não estar sentindo nenhum desconforto, mesmo com a validade já ultrapassada.
Naturalmente, as lentes de contato sofrem alterações em suas estruturas ao entrarem em contato com o ar e com as lágrimas dos olhos, pálpebras, produtos de limpeza, entre outros fatores. Então, quando o usuário ultrapassa o tempo de descarte das lentes —que pode ser diário, mensal (30 dias) ou anual — aumenta o risco da hipóxia acontecer, o que é bastante perigoso e pode desencadear os problemas mencionados. Além disso, outras doenças podem surgir, como sensibilidade ou intolerância às lentes de contato e fotofobia.
Portanto, ao abrir o blister que contém as lentes de contato, é de extrema importância contar corretamente o tempo de validade, assim como seguir outros cuidados:
- Higienizar as mãos antes de manusear o produto;
- Não lavar ou enxaguar em água corrente ou saliva.;
- As lentes devem ser imersas em soluções específicas para a sua limpeza. O certo é usar sempre aquela que o oftalmologista indicar;
- O soro fisiológico pode ser utilizado somente para enxague dos produtos. O ideal é escolher os frascos pequenos de uso único, pois as embalagens maiores podem contaminar e causar infecções nos olhos;
- Não compartilhar as lentes de contato com outras pessoas. Isso pode causar diversos problemas, como a perda da transparência da córnea, que leva a baixa acuidade visual (capacidade dos olhos identificarem formas e contornos dos objetos) para sempre.
E assim como não trocar as lentes de contato, dormir com elas também pode ser prejudicial aos olhos. Isso porque, durante o sono, a lubrificação do globo ocular diminui e a córnea sofre com a falta de oxigênio e a hipóxia será ainda maior, o que aumenta o risco de infecção e lesões. As lentes rígidas são mais seguras para o uso noturno, pois permitem que o oxigênio continue a circular normalmente pelos olhos. Porém, a indicação de qualquer tipo de lente de contato, assim como a necessidade de dormir com o produto, deve ser feita por um oftalmologista.
Fontes: Helder Costa, diretor da SBO (Sociedade Brasileira de Oftalmologia); Maria Regina Chalita, professora de oftalmologia da UnB (Universidade de Brasília); Newton Kara José Junior, professor livre-docente da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e secretário-geral do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia); e Tania Schaefer, oftalmologista e presidente da SOBLEC (Sociedade Brasileira de Lentes de Contato).
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