Coronavírus: mulheres grávidas devem se preocupar mais com a covid-19?
Com o medo crescente do novo coronavírus, é compreensível que as mulheres grávidas fiquem preocupadas, já que a gestação diminui a imunidade da mãe.
Pensando nisso, o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists, do Reino Unido, publicou orientações para as gestantes, explicando quais os riscos em relação ao vírus e como elas devem se proteger, no dia 9 de março. O documento teve contribuições do Royal College of Anesthetists, a Saúde Pública da Inglaterra e Proteção da Saúde da Escócia.
"Como este é um vírus muito novo, estamos apenas começando a aprender sobre ele, portanto as orientações serão mantidas sob revisão regular à medida que novas evidências surgirem", disse Edward Morris, presidente da associação.
A seguir, listamos as principais dúvidas esclarecidas pela publicação:
Grávidas têm maior probabilidade de pegar o coronavírus?
Embora os dados disponíveis sobre o impacto do vírus sejam limitados, os médicos afirmam que as mulheres grávidas não parecem ser mais suscetíveis às consequências do coronavírus do que a população em geral.
Segundo o documento, também não há evidências que sugiram que a covid-19 aumente o risco de aborto espontâneo ou perda precoce da gravidez. "Espera-se que a grande maioria das mulheres grávidas sofra apenas sintomas leves ou moderados do tipo gripe e resfriado".
O vírus pode ser passado da mãe para o bebê?
Não há evidências de que o vírus possa ser passado para o bebê durante a gravidez. "Nas próximas semanas e meses, é provável que mulheres grávidas, pelo menos no Reino Unido, testem positivo para coronavírus. Embora os dados estejam atualmente limitados, é tranquilizador que não há evidências de que o vírus possa passar para o bebê durante a gravidez", disse Morris.
Em fevereiro, um bebê foi diagnosticado com coronavírus 30 horas após nascer, na China. Mas, de acordo com Wang Guiqiang, presidente da Sociedade de Doenças Infecciosas da Associação Médica Chinesa, a infecção deste bebê deve ter ocorrido pelo toque e não durante a gravidez.
Alguns bebês nascidos de mulheres com sintomas de coronavírus na China nasceram prematuramente. Não está claro se o coronavírus causou esse problema ou se os médicos tomaram a decisão de o bebê nascer cedo porque a mulher estava doente.
É seguro amamentar, mesmo que a mãe tenha sintomas do vírus?
Não há evidências de que o vírus possa ser transportado no leite materno. Segundo a publicação, os benefícios da amamentação superam quaisquer riscos potenciais de transmissão do coronavírus pelo leite materno.
Entretanto, a Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo) afirmou em um guia para gestantes que mães que apresentam sintomas respiratórios (tosse seca, dor de garganta ou dificuldade respiratória), acompanhados ou não de febre, deverão ser consideradas como casos suspeitos de covid-19. Neste caso, a equipe de saúde fornecerá máscara facial e ela ficará em leito isolado no hospital/maternidade. "Caso você apresente sintomas respiratórios e deseje amamentar, é imprescindível o uso de máscara e tomar precauções de contato."
"A equipe de saúde deve estimular a amamentação orientando-a a usar máscara todo o tempo e a higienizar as mãos ao pegar o bebê", diz o guia. Mães assintomáticas (que não apresentam tosse seca, dor de garganta ou dificuldade respiratória nem febre), devem amamentar sob livre demanda (a hora que o bebê quiser mamar).
Se uma mulher grávida infectada der à luz, ela será separada do bebê?
Também não há evidências que sugiram que a separação do bebê de uma mãe infectada será útil. Decisões como essa podem causar um sofrimento significativo para ambos. "Com base nas evidências atuais, não acreditamos que os bebês nascidos de mulheres com teste positivo para coronavírus devam ser separados", diz o documento. "O impacto dessa separação, mesmo como precaução, pode ser significativo no bebê e na mãe".
Como as mulheres grávidas podem se proteger do coronavírus?
A publicação recomenda que o mais importante é lavar as mãos com regularidade e eficácia, assim que a mãe vier de locais públicos para a casa ou local de trabalho.
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool, como álcool em gel.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Evitar contato próximo com pessoas doentes.
- Ficar em casa quando estiver doente.
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
As máscaras faciais podem realmente proteger do coronavírus?
O uso de máscaras caseiras pela população vem sendo defendido pelo ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM). O intuito é que os equipamentos profissionais fiquem com trabalhadores da área da saúde.
"Além de eficiente, é um equipamento simples, que não exige grande complexidade na sua produção e pode ser um grande aliado no combate à propagação do coronavírus no Brasil, protegendo você e outras pessoas ao seu redor", diz a nota da pasta. Veja aqui como fazer sua máscara em casa.
As máscaras são essenciais para as pessoas doentes e recomendadas nas regiões mais afetadas, mas não garantem uma proteção de 100% contra a epidemia. No caso das cirúrgicas, como não estão completamente presas ao rosto, elas deixam o ar entrar sem filtragem e você pode inalar o vírus.
Os especialistas também insistem que, após algumas horas, devem ser trocadas, aconselhando os tipos mais caros, as chamadas máscaras de proteção respiratória individual, compostas por uma peça facial e um dispositivo de filtragem de ar de uma vida útil mais longa.
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