Coronavírus: para evitar contaminação, jovem deve parar de visitar idoso?
A covid-19 demonstrou ser muito mais grave em idosos, chegando a uma taxa de mortalidade de 15% em pessoas com mais de 80 anos. Por esse motivo, alguns especialistas recomendam que crianças e adolescentes evitem contato com parentes mais velhos. Mas a orientação divide opiniões.
Segundo Atila Iamarino, biólogo e doutor em microbiologia pela USP (Universidade de São Paulo), os jovens ficam muito mais expostos ao novo coronavírus, por causa de escolas e universidades. No entanto, a covid-19 não é tão severa neles e talvez nem tenha sintomas. Aí, ao visitar os avós, por exemplo, crianças e adolescentes que não apresentam sinal da doença podem transmitir o vírus aos indivíduos na faixa etária mais vulnerável.
Para se ter uma ideia da diferença de gravidade da covid-19, a letalidade em adultos fica entre 2% e 3%, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Mas um estudo do Centro de Controle de Doenças chinês disse que a taxa para pacientes na faixa de 60 a 69 anos é de 3,6%. Para os pacientes de 70 a 79 anos, é de 8%, aumentando para os 15% para os com mais de 80 anos, como citado anteriormente.
A recomendação de isolamento, entretanto, não é compartilhada por todos os especialistas. Eduardo Flores, virologista da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), afirma que, se a pessoa está saudável e não teve contato com ninguém com a suspeita da doença, não deve deixar de visitar os parentes idosos. Mas as visitas devem ser feitas com cuidados básicas: não beijar, não dar as mãos e não compartilhar objetos.
"Se você não entrou em contato com ninguém suspeito, você vai deixar de visitar sua avó? Eu não deixaria. Os portadores assintomáticos são minoria, não podemos ser drásticos assim, isso segregaria ainda mais os idosos. Mas o cuidado deve ser redobrado, sim", diz Flores.
Os idosos são mais vulneráveis ao vírus porque, a partir dos 60 anos, o sistema imunológico sofre uma deterioração por causa do próprio envelhecimento. Além de o organismo perder a capacidade de responder da melhor forma possível a uma infecção, indivíduos dessa faixa etária costumam ter mais doenças também.
O virologista diz que pessoas com diabetes, problemas respiratórios ou cardiovasculares sofrem mais com a covid-19, sendo elas idosas ou não. Mas quanto mais velhas, maiores as chances de essas doenças aparecerem, e junto com o sistema imunológico deficiente, o vírus se torna fatal.
Países indicam isolamento
As visitas aos estabelecimentos estatais para pessoas idosas dependentes foram suspensas na França desde o início da epidemia da covid-19, disse o jornal Le Parisien nesta quinta-feira (12), aumentando o sentimento de isolamento dos idosos.
O problema é que esse isolamento pode agravar ainda mais o risco de outras doenças se desenvolverem. Além de elevar o nível dos hormônios do estresse e inflamações, a exclusão pode aumentar o risco de doenças cardíacas, artrite, diabetes tipo 2, demência e depressão.
Segundo o jornal, a maioria dos residentes aceitou a decisão e os familiares adotaram "táticas" para que eles se sintam menos isolados. Eles vão até a entrada dos estabelecimentos e passam pela janela bolos, roupas ou sabonetes —uma maneira de demonstrar afetividade apesar das restrições.
Nos Estados Unidos, o Centro de Controle de Doenças recomendou, na segunda-feira (9), que os idosos estoquem alimentos e remédios em casa, para evitar saídas e contatos desnecessários com outras pessoas. "A gente não chegou nesse ponto aqui, eu não vi pronunciamento do Ministério sobre isso, mas esse é o grau de preocupação com os idosos lá fora: manter distância, evitar o contato entre eles e com pessoas mais novas que podem ter o vírus sem ter sintoma", diz Iamarino.
Apesar de não ter recomendações do tipo no Brasil, o cientista está aplicando as dicas em casa: "É a preocupação que eu estou tendo com meus pais e eu espero que as pessoas tenham com os delas também."
Como idosos devem se proteger
As recomendações principais são as mesmas do resto da população. O Ministério da Saúde indica lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos. Além disso, evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas e cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência também estão entre as recomendações.
Para garantir um bom sistema imunológico, é essencial se alimentar bem e praticar exercícios físicos regularmente.
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