Ele foi infectado por coronavírus em casamento: "De repente, foi comigo"
"Estou desde janeiro lendo notícias sobre o coronavírus todos os dias, mas nunca pensei que eu seria um dos infectados", diz Lucas Camargo, 26, que trabalha no mercado financeiro e, por isso, não tem alternativa senão acompanhar de perto a trajetória da pandemia.
A principal suspeita é que o paulistano tenha contraído o vírus após participar do casamento de Marcella Minelli, irmã da influenciadora Gabriela Pugliesi —que também está infectada—, no último sábado (7), em Itacaré, no sul da Bahia.
Lucas contou ao VivaBem que achou que estivesse gripado, já que na sexta-feira, quando chegou ao local da festa, pegou uma forte chuva no evento pre-wedding (pré-casamento) junto com outros convidados.
Ele acordou indisposto para trabalhar na segunda-feira (9), mas encarou o dia normalmente. Na noite de terça, após mais um dia comum de trabalho e treino na academia, seus sintomas começaram a piorar.
"Tive febre e estava ofegante, mas ainda pensava que era uma gripe normal. Comprei vitamina C e analgésicos para dormir melhor", lembra.
Na manhã seguinte, quando achou que a "gripe" já tinha passado, recebeu a notícia que um de seus amigos havia testado positivo para o coronavírus. "Nem sabia que ele tinha feito o teste. Conversei com a sócia no trabalho e fui direto para o hospital", explica.
"Apenas cumprimentei o homem que tinha o vírus"
Lucas diz que não compartilhou copos, cigarros ou qualquer objeto com outros convidados da festa. "Não posso falar pelos outros, mas não fumo e apenas cumprimentei, com aperto de mão, o homem que depois ficamos sabendo que estava com coronavírus. Por isso, acredito que a transmissão seja bem rápida", explica.
De acordo com o paulistano, metade das pessoas com quem conversou após a festa também afirmou que estava com sintomas. "Já tem uns cinco ou seis confirmados e acho que em breve aparecerão cerca de 40".
O caminho até o diagnóstico
Lucas chegou ao Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, por volta das 11h de quarta-feira. Sem pedido clínico para realizar o exame, ele precisou acionar seu médico via WhatsApp e enviar um documento via e-mail para o hospital.
O exame custou R$ 150 e a coleta de material, de acordo com o paciente, durou cerca de 10 segundos. "Me levaram para a sala onde geralmente tiram sangue e passaram cotonetes nas minhas narinas e saliva", afirma.
Em seguida, ele respondeu perguntas básicas sobre seus sintomas e onde esteve nos últimos dias. Por conta da alta quantidade de testes —apenas o Einstein realizou 492 análises em um só dia — o tempo de espera do resultado, que antes ficava entre 16 e 24 horas, aumentou para até 48 horas.
Lucas, que já estava em quarentena desde o dia do exame, recebeu a confirmação na quinta-feira à tarde (12) e está sendo monitorado por seu médico à distância.
A ansiedade da quarentena
A ideia de ficar descansando em casa pode parecer maravilhosa para alguns, mas Lucas garante que a história é outra quando o repouso é obrigatório. "São pelo menos 10 dias sem poder sair e saber direito o que está acontecendo. Ler as notícias acaba me deixando muito ansioso", diz.
Ele relata estar sem febre, com dores moderadas no corpo, além de leve indisposição e falta de ar. Para Lucas, ter amigos na mesma situação ajuda um pouco o lado psicológico.
"Nem estava no nosso continente e, de repente, aconteceu comigo. Ser um dos primeiros 100 brasileiros a pegar é bizarro, demorou para cair a ficha", afirma o jovem.
Ontem à noite, Lucas recebeu uma mensagem da mãe: "Deixei uma coisa na sua porta", dizia. Quando abriu, encontrou três sacolas de supermercado com comida, mas, seguindo as orientações das autoridades de saúde, ela já estava longe quando o filho abriu a porta.
Ele espera que os dias passem rápido e tragam notícias boas. "Enquanto isso, fico com o laptop no colo e a televisão ligada, sempre atento às novidades", afirma.
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