Aplicativos que monitoram o sono são eficazes?
Como saber se a noite de sono foi suficiente para descansar o corpo e a mente? A resposta parece simples: basta relaxar e dormir com um relógio inteligente no pulso conectado com o smartphone. O diagnóstico completo das horas dormidas aparecerá na tela do celular assim que você abrir os olhos. A promessa de aplicativos como estes está aumentando as vendas dos modernos smartwatches, que prometem, entre tantas outras coisas, nos ajudar a cuidar melhor da saúde.
Para se ter uma ideia, levantamento realizado pela empresa Strategy Analytics apontou que a Apple comercializou 30,7 milhões de unidades do seu Apple Watch, o mais famoso da categoria. O número de vendas é bem maior que toda a indústria de relógios suíços, que no mesmo período vendeu 21,1 milhões de aparelhos.
Mas nem sempre a tecnologia é aliada da saúde. No caso dos aplicativos que monitoram o sono, o problema, segundo Leonardo Goulart, neurologista especializado em sono do Hospital Israelita Albert Einstein, é que eles podem causar ansiedade e preocupações desnecessárias quanto a qualidade das horas dormidas. "O melhor indicativo para uma noite bem ou mal dormida é como nos sentimos ao longo do dia.
O problema é que as pessoas acabam ficando presas nas informações superficiais oferecidas por estes apps, ficam preocupadas, ansiosas e desconsideram o que estão sentindo", explica.
São sinais de um sono ruim a sensação de que deveria ter dormido mais, o cansaço ao longo do dia, irritabilidade, a dificuldade para concentração, sonolência na hora do trabalho ou do estudo.
"Some a estas sensações, os estímulos recebidos ao deitar-se na cama, como o uso do celular e a preocupação com o trabalho. A qualidade do sono não se mede apenas pelas horas dormidas, porque isso varia de pessoa para pessoa, embora exista essa média de 8 horas. Para isso não é preciso de um aplicativo", diz o médico.
O monitoramento do sono pelos apps
Por meio de um detector óptico, o relógio mede os batimentos cardíacos de acordo com a pulsação das artérias mais superficiais. Quando dormimos, a frequência cardíaca diminui. Ao mesmo tempo, ele consegue medir o movimento do corpo durante o sono.
"Por meio de uma série de algoritmos, o relógio consegue fazer a associação dos movimentos corporais, que são bem menores quando estamos no sono profundo com os batimentos cardíacos e outras variáveis", explica o médico do Einstein. Desta forma, os resultados são mais fiéis quando medidos por mais tempo (vários dias seguidos).
Mais sono profundo não está, necessariamente, associado a um sono melhor
Uma das perguntas que o neurologista do Einstein tem respondido com frequência em seu consultório é se sono bom é aquele que tem mais sono profundo. Isso porque é comum os aplicativos que monitoram como dormimos enviarem mensagens como: "Pouco Sono Profundo".
O bom sono é aquele com alternância em sincronia de todas as fases do sono. Ou seja, para acordar disposto não basta dormir muito, mas sim garantir que os ciclos NREM - não REM (sigla em inglês para Movimento Não Rápido dos Olhos) e REM (Movimento Rápido dos Olhos) aconteçam de forma alternada e em sequência. "Em jovens adultos, o normal é que o sono profundo represente de 15% a 25% de todo o tempo dormido", diz o médico.
Oito horas de sono é uma média
O médico do Einstein afirma que não é preciso entrar em pânico caso o alerta de "você esta dormindo pouco" apareça no app. "A indicação de 8 horas é uma média feita entre adultos jovens. Algumas pessoas precisam dormir mais. Outras menos. É preciso ficar atento ás suas sensações no decorrer do dia. Se dormir pouco está deixando você cansado, programe-se para ir para cama mais cedo, quando o sono chegar", esclarece.
As fases do sono
O sono NREM ocupa, em média, 75% do tempo total de sono e está dividido em três estágios: N1 (superficial), N2 (intermediário) e N3 (profundo). Os estágios N1 e N2 ocupam a maior parte das horas dormidas. Depois, o N3, conhecido como "sono profundo" ou "de ondas lentas" tem como característica a dificuldade de despertar.
Já o sono REM é marcado pelo movimento rápido dos olhos e oscilações da frequência cardíaca. É neste estágio que sonhamos. "O sono mais frequente durante toda a noite é o N2. Já o N3 ocorre mais no começo da noite, enquanto o REM é mais comum da metade para o fim da noite", diz o médico.
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