"A sensação muda quando é com você", diz médico infectado por coronavírus
"Nós, médicos, falamos para as pessoas manterem a tranquilidade, mas quando é com a gente, a sensação é diferente", afirma o oftalmologista Marcelo Macedo, que recebeu a confirmação do diagnóstico do novo coronavírus na terça-feira (17).
O paulistano de 42 anos começou a sentir os sintomas no sábado (14), após ter participado de um simpósio médico em São Paulo.
"Tive febre e dor no corpo. Não sei se fui infectado durante o congresso ou em atendimentos a pacientes, mas como estava com a suspeita, corri para o hospital para fazer o teste", conta o médico, que foi atendido na Rede D'Or e pagou R$ 250 no exame.
Enquanto aguardava o diagnóstico, Marcelo ficou isolado. Sua família foi para um sítio e só voltará para a residência em São Paulo quando o paciente estiver liberado. Seus sintomas pioraram no domingo e na segunda-feira, deixando-o indisposto, com muitas dores e febre de 39ºC.
Por conta da alta procura pelos exames, a confirmação só chegou após três dias. "Liguei na clínica e me disseram que atrasaram por estarem com mais de quatro mil testes em andamento. Colegas que tiveram contato comigo estão assintomáticos e não conseguem fazer o teste já estão em quarentena voluntária", conta.
Paciente não sabe quem transmitiu o vírus
Marcelo faz parte do grupo de pessoas que não sabe como foi contaminado. Ele conta que outros dois médicos que estavam no evento foram confirmados como portadores do vírus, mas ele não os encontrou em momento algum. Até o momento, os colegas da clínica onde o médico trabalha também não apresentam sintomas.
De acordo com uma pesquisa feita na China e coordenada por cientistas da Escola de Saúde Pública da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, pacientes assintomáticos podem ser responsáveis por até dois terços dos casos.
A contaminação também pode ser feita por superfícies e por isso é de extrema importância que as pessoas lavem as mãos frequentemente e usem álcool gel 70%.
Isolamento e bombardeio de informações
Marcelo, que é músico nas horas vagas, diz que gostaria de estar tocando seu saxofone, mas os sintomas fortes dos primeiros dias só permitiram que ele ficasse deitado, assistindo a filmes, respondendo mensagens e vendo os inúmeros links de trabalhos científicos e reportagens enviados pelos colegas.
Acho que lido bem com a ansiedade, talvez por conta da profissão. Mas não significa que está sendo fácil. Meu filho de três anos pergunta de mim toda hora e não entende por que não pode me encontrar"
Ao mesmo tempo que busca deixar as pessoas próximas em alerta, o oftalmologista tenta não deixá-las apreensivas.
"Nós, médicos, tentamos nos cuidar e aconselhar os outros a fazer o mesmo. Não dá para ficar desesperado agora. A esperança é que as pessoas tenham consciência e o contágio diminua", desabafa.
Solidariedade ajuda a melhorar o ânimo
No prédio onde mora, os vizinhos se solidarizaram com o quadro de Marcelo. "Mesmo eu falando que não precisava, uma vizinha deixou comida por dois dias seguidos na porta da minha casa. É bacana ver que o pessoal quer ajudar, essas coisas contribuem para a gente a passar o tempo de forma agradável", diz.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.