Coronavírus: qual a média de idade dos mortos por causa da pandemia?
Resumo da notícia
- A maioria das vítimas pela covid-19 tinha mais de 60 anos; a taxa de mortalidade é mais alta acima dos 80 anos
- Médicos acreditam que o sistema imunológico mais fraco e a maior incidência de outras doenças com a idade sejam a causa desse número
- No entanto, especialistas alertam que pessoas mais jovens também estão entre os mortos, embora em número menor
Um dos dados mais compartilhados a respeito da pandemia de coronavírus é sobre a vulnerabilidade dos idosos à doença. Isso porque, até o momento, os dados que chegam de alguns dos países mais afetados pela covid-19 (China, Itália, Irã e também Estados Unidos) mostram que a mortalidade começa a subir entre as pessoas infectadas e com mais de 60 anos.
De acordo com um relatório recente do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) americano, pacientes com mais de 65 anos estão entre os mais afetados por sintomas graves e pela necessidade de internação e cuidados na UTI. A maior parte das mortes no país aconteceu com pessoas acima dos 85 anos.
Esse também foi o cenário da China, em que 80% dos pacientes que morreram pela covid-19 estavam acima dos 80 anos. A taxa de mortalidade nessa faixa etária, aliás, chegou a 18% naquele país, de acordo com as autoridades sanitárias chinesas.
Idade interfere na taxa de mortalidade de cada país
A "preferência" do novo coronavírus pelos mais velhos explica, por exemplo, por que há tantos mortos em países em que a população é majoritariamente idosa, como na Itália.
"A mortalidade é compatível com a pirâmide populacional, ou seja, quanto mais pessoas acima de 80 anos o país tiver, maiores as chances de se ter um número elevado de mortes", explica Gonzalo Vecina, ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e presidente do Instituto Horas da Vida, que presta atendimentos médicos para a população carente.
Há ainda outra questão: o envelhecimento do corpo prejudica também a resposta imunológica diante de ameaças externas, além de aumentar o risco de desenvolver outras doenças, como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares —quadros que também foram associados à mortalidade pela covid-19.
"Por isso, é importante, durante a análise, pensar em como as comorbidades mais comuns de cada país podem tornar determinados públicos mais vulneráveis", explica a infectologista Layla Almeida, coordenadora médica da plataforma de telemedicina Conexa Saúde e médica da Clínica São Vicente da Gávea, no Rio de Janeiro.
Jovens também estão entre os mortos
Embora o coronavírus tenha efeitos mais graves em pessoas mais velhas, isso não quer dizer que não tenhamos pessoas jovens na lista de óbitos. Recentemente, o próprio diretor da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que havia crianças e jovens adultos entre os mortos pela pandemia.
O próprio CDC americano reportou que, entre os 4.226 casos analisados, 20% dos que precisaram de internação eram pessoas entre 20 e 44 anos, e 12% precisaram seguir com cuidados intensivos na UTI. "Os dados não são alarmantes, mas as mortes pela doença entre pessoas mais jovens acontecem e vão continuar a acontecer", afirma Raquel Muarrek, infectologista da Rede D'Or.
Isso porque, embora já tenhamos alguns dados dos países mais afetados, eles ainda não podem ser considerados definitivos. "É uma doença nova e estamos conhecendo seus efeitos, a gravidade deles e a progressão da doença em cada população", avalia a especialista.
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