Coronavírus: HC-SP prevê explosão de casos e quer arrecadar R$ 10 milhões
A cidade de São Paulo é considerada o epicentro da crise causada pela covid-19, doença causada pelo coronavírus. No HC-FMUSP (Hospital da Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), os profissionais da saúde acompanharam de perto a forma como o número de pacientes cresceu em poucos dias e viram os estoques de EPI (equipamento de proteção individual) baixarem drasticamente.
"Máscaras e aventais são descartáveis e usamos várias vezes ao dia. Pacientes e acompanhantes também precisam vestir por segurança, então o número realmente aumentou muito", conta Vivian Avelino-Silva, médica infectologista do HC.
O hospital estima um crescimento de mais de 400% na demanda dos materiais. Pensando em como impedir que quem circula no hospital fique sem equipamentos de proteção, médicos e profissionais voluntários de outras áreas (como financeira e jurídica) se uniram para criar a campanha #VemPraGuerra, que busca levantar fundos com a contribuição da sociedade civil e tem a meta de conseguir R$ 10 milhões até dia 2 de abril. A equipe conseguiu um acordo com os criadores da plataforma de arrecadação, que pela causa, não cobrarão taxas na transferência do dinheiro.
A ideia surgiu quando Ricardo Vasserman, clínico-geral do hospital, começou a receber mensagens de amigos que não trabalham na área da saúde e queriam saber como ajudar. "Um deles, que tem uma empresa de alimentos, até chegou a oferecer comida. Achei bacana e entrei em contato com o superintendente do hospital para saber como poderíamos juntar forças".
Iniciativa não é relacionada ao governo
Apesar de o HC ser um hospital público, a iniciativa não tem qualquer relação com o governo. De acordo com Gustavo Bezerra, residente de psiquiatria e um dos profissionais que ajudou a idealizar a campanha, o intuito é ter uma ação rápida para não faltar nada quando a crise piorar —o que especialistas esperam que ocorra nas próximas semanas.
"Não podemos ficar em casa pensando se os órgãos públicos vão resolver. Como sociedade, é hora de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance", diz Bezerra.
Os profissionais esperam que a iniciativa inspire outros hospitais públicos a fazerem o mesmo. "Sabemos que nosso estado tem mais recursos do que muitos outros no Brasil, então pode ser uma boa ideia para vários hospitais", aponta Vasserman.
A reportagem do VivaBem entrou em contato com a secretaria de saúde do estado de São Paulo e aguarda um posicionamento.
O que o hospital vai comprar com o dinheiro
- Máscaras cirúrgicas;
- Máscaras N95 (que possuem filtro);
- Álcool gel;
- Aventais e toucas descartáveis;
- Máquinas de raio-X portáteis (para acompanhar pacientes infectados e evitar a disseminação do vírus pelo hospital).
Além da demanda, preços subiram
Segundo as previsões da diretoria e gestão de suprimentos do HC-FMUSP, em um mês normal são utilizados, em média, 5.700 máscaras N95, 135 mil máscaras cirúrgicas, 1.330 litros de álcool em gel, 15 mil aventais e 105 mil toucas.
O cenário mudou drasticamente após a chegada do coronavírus. Agora, estima-se o uso mensal de 40 mil máscaras N95, 670 mil máscaras cirúrgicas, 6.700 litros de álcool gel, 45 mil aventais e 211 mil toucas.
De acordo com informações da campanha, por conta da alta demanda nacional, os preços também aumentaram desproporcionalmente, criando mais um desafio.
"As máscaras N95 que previamente à crise custavam R$ 1,35 a unidade, atualmente estão custando cerca de R$ 27,90, enquanto as máscaras cirúrgicas aumentaram em média R$ 0,10 por unidade, custando agora R$ 3,90. Além disso, o hospital solicita, emergencialmente, três máquinas de raio-X portáteis, no valor unitário de cerca de R$ 770.000,00", informa o HC.
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