O que leva profissionais de enfermagem à linha de frente? "Fomos treinados"
O Hospital Israelita Albert Einstein (SP) divulgou nesta segunda-feira (23) que vai contratar funcionários para integrar a equipe do novo hospital de campanha que está sendo montado no Pacaembu. Diante do cenário emergencial, a organização precisou aumentar o número de profissionais de saúde.
Embora o anúncio tenha sido encarado como uma notícia positiva, tanto para os profissionais quanto para a população, estar na linha de frente pode ser bem estressante para quem trabalha em um hospital.
E qual seria a motivação dessas pessoas ao se candidatarem a essa vaga diante de uma pandemia tão grave de coronavírus?
O VivaBem conversou com duas profissionais da enfermagem que se candidataram para vagas e compartilharam o que esperam nas próximas semanas.
"Temos que estar preparados"
Nathália Silva, 25
"Trabalho na enfermagem há mais de cinco anos e estou desempregada há menos de um mês. Me candidatei para a vaga de enfermagem e vou esperar a resposta. Quando vi essa vaga, enxerguei uma oportunidade, mas confesso que dá um medo. Já trabalhei e vi de tudo, desde campanhas para combater sífilis, tuberculose, dengue e outras doenças. Acredito que nesse momento todos precisam de ajuda. Temos que estar preparados e ajudar os nossos colegas também. Pensar que, mesmo tomando todos os cuidados, os profissionais de saúde podem ficar doentes e precisamos estar ali para ajudar. Essa pandemia está nos deixando assustados. No entanto, fomos treinados para isso e eu encaro como 'normal', como uma vaga de trabalho natural.
Se for necessário, a gente vai."
"Busca ajudar"
Renata Oliveira, 42
"Me formei como técnica de enfermagem há dois anos e, desde então, tento um emprego na área e uma recolocação. No meio desse caos, encontrei uma oportunidade. Apliquei para a vaga de técnica de enfermagem e espero de verdade conseguir. Trabalhava como vendedora e, depois que todos os comércios fecharam, fiquei sem trabalho. Depois que o Einstein fez esse anúncio, fiquei mais esperançosa. O momento que estamos vivendo exige muito de nós e acho que todos lá não vão dar conta, por isso achei importante a abertura dessas novas vagas, além de ajudar todos os colegas e pacientes. Acredito que daqui alguns dias vai piorar e talvez falte profissional.
Não vou pensar duas vezes, se me chamarem, eu vou."
Hospitais de campanha em São Paulo
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, informou que o hospital de campanha instalado no estádio do Pacaembu deverá ser entregue na sexta-feira (27). Haverá 200 leitos de baixa complexidade, cada um com um respirador mecânico.
Os hospitais de campanha oferecem um atendimento temporário. Nessas unidades, os pacientes permanecem até que possam ser transportados a um local permanente. Por isso, os cuidados oferecidos se restringem aos de observação do quadro de saúde.
A administração do hospital de campanha ficará a cargo do Hospital Israelita Albert Einstein e mais de 1.500 profissionais formarão as equipes que atenderão no local. O total de verbas destinadas para a construção das acomodações soma R$ 35 milhões. Além do hospital de campanha do Pacaembu, um outro será construído no Complexo do Anhembi, com 1.800 leitos.
O prefeito também informou que a prefeitura já estuda construir outros hospitais de campanha na capital e que vem procurando terrenos disponíveis. "Como a gente ainda está conhecendo o comportamento da doença, não sabe exatamente o quanto nós vamos ter [de infectados], esses espaços já estão garantindo, mas estamos buscando outros locais aqui na cidade de São Paulo, para, se for o caso, adaptar", finalizou.
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