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Quatro pacientes de UTI tiveram alta em SP com uso de hidroxicloroquina

Getty Images
Imagem: Getty Images

Gabriela Ingrid

Do VivaBem, em São Paulo

26/03/2020 15h01

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Esta reportagem foi publicada em março de 2020, no início da pandemia, quando ainda não havia estudos que demonstrassem que a hidroxicloroquina não tem eficácia para tratar a covid-19 e pode gerar efeitos colaterais graves nos pacientes com a doença, como maior risco de ter problemas cardíacos.

Pelo menos quatro pacientes que estavam na UTI em estado grave no Hospital Igesp, em São Paulo, receberam alta após sete dias de uso de hidroxicloroquina em associação com outras medicações.

De acordo com Dante Senra, médico cardiologista e coordenador das UTI's do hospital, foram "avaliados criteriosamente os protocolos internacionais" e 12 altas hospitalares de pacientes confirmados com coronavírus e altamente suspeitos também foram dadas.

"Até onde sabemos, fomos o primeiro hospital no Brasil a utilizar o medicamento", disse, com exclusividade ao VivaBem. Senra ainda afirma que, apesar de esperançosos, os resultados ainda são iniciais. "A impressão é muito favorável, mas como se trata ainda de um número pequeno, não há como estabelecer uma relação de causa e efeito. Até porque não há estudos multicêntricos ainda."

Senra explicou que os resultados não fazem parte da coalizão covid-19, feita pelo Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Sírio Libanês e BRICNet, uma rede que realiza estudos clínicos na área de medicina intensiva. O especialista ainda fez questão de ressaltar que não há comprovação de causa e efeito do uso da hidroxicloroquina. Ou seja, não é possível garantir que os pacientes foram curados graças ao medicamento.

Estudo chinês não vê diferença

Apesar dos resultados promissores com a hidroxicloroquina, os especialistas pedem cautela, pois são necessárias pesquisas relevantes para comprovar que o medicamento é seguro e eficaz. Até o momento, tudo ainda é muito controverso.

Enquanto alguns estudos trazem bons resultados, como o realizado pelo Instituto Mediterrâneo de Marselha (França), o primeiro estudo controlado feito com a hidroxicloroquina revelou que o medicamento não teve efeitos diferentes dos cuidados usuais. Apenas 30 pessoas participaram da pesquisa, feita em Xangai, na China. Metade recebeu 400 mg/dia de hidroxicloroquina por cinco dias, além dos cuidados usuais, enquanto os outros pacientes receberam apenas cuidados usuais.

Após sete dias, o teste para o vírus foi negativo em 86,7% casos no grupo que tomou hidroxicloroquina e em 93,3% casos no grupo controle. Os cientistas concluíram que são necessários estudos com mais pessoas para investigar os reais efeitos do medicamento no tratamento da covid-19.

Não teste em casa

Na coletiva de imprensa de ontem (25), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que a hidroxicloroquina não deve ser utilizada de forma irresponsável e em casa. "Usar esse medicamento fora do ambiente hospitalar não é seguro. Deve ser feito em condições de segurança e acompanhamento médico, porque pode ter alterações no ritmo do coração".

Além disso, o medicamento é muito importante para tratar pacientes com artrite reumatóide. Se pessoas sem a doença começarem a usar sem indicação, vai faltar medicação para quem realmente precisa.