Quem lida com dinheiro precisa se preocupar? "Passo álcool até no balcão"
Por causa da pandemia de coronavírus, diversos estabelecimentos tiveram que mudar sua rotina. Só está permitido sair para fazer o essencial, como ir a farmácias, supermercados ou hospitais.
E como alguns desses locais não puderam parar e seguem com os funcionários trabalhando normalmente, os empregados precisaram redobrar os cuidados, principalmente na hora de mexer e receber dinheiro, por exemplo.
O VivaBem visitou alguns estabelecimentos no bairro da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, por aproximadamente duas horas, e viu cerca de quatro pessoas fazendo o pagamento em dinheiro e não utilizando álcool gel depois da compra. E não foram somente os clientes, alguns funcionários também não se atentaram e esqueceram de usar o produto após receberem o pagamento.
À reportagem, funcionários de quatro estabelecimentos detalham como estão os cuidados com a prevenção. Eles afirmam, ainda, que estão preocupados com a pandemia.
"Não uso máscara, mas sempre limpo a mão com álcool gel"
Leane da Silva, trabalha como caixa em uma padaria
"Eu entro aqui por volta das 5h40, sempre venho de moto e quando chego lavo as mãos e troco de roupa. Quando venho de metrô, tento seguir algumas recomendações, mas não tem muito jeito, a gente fica no meio de todo mundo. Desde que as mudanças começaram a ser feitas, a padaria tomou todas as medidas.
Eu sempre fico no caixa e recebo muito pagamento em dinheiro, principalmente dos mais idosos. Como não me acostumei com a máscara, sempre passo álcool gel nas mãos ou as lavo com água e sabão. Se eu me esqueço, tento passar depois. Está um clima estranho, tudo muito vazio e nunca vi aqui assim antes."
"Não cumprimento a minha mãe há 10 dias"
Elaine Castro, atendente da bilheteria no metrô
"Embora o movimento do metrô tenha caído um pouco, não temos como fugir, já que as pessoas necessitam carregar os bilhetes de ônibus e metrô. A gente sempre passa álcool gel quando recebe o dinheiro e o bilhete. Ou também podemos sair para lavar as mãos, mas aqui é impossível não ter contato com notas, porque não aceitamos pagamento em débito.
A empresa disponibiliza também uma limpeza profunda, na qual funcionários vêm e desinfetam toda a nossa cabine pelo menos uma vez ao dia. Às vezes, por recomendação da própria empresa, usamos luvas e tentamos nos resguardar ao máximo. Eu pelo menos estou tomando todos os cuidados, já que minha mãe é idosa, diabética e hipertensa. Ela mora comigo e como não pude parar de trabalhar zelo pela saúde dela. Chego em casa, tiro a roupa, tomo banho e contato só de longe. Faz dez dias que eu não a cumprimento e sigo sem ter muita aproximação física."
"Trabalho com álcool gel do lado"
Márcia Mara, atendente de bilheteria no metrô
"Sempre estou passando álcool gel nas mãos e me preocupo com a minha saúde. Aqui na empresa mudaram os horários de algumas pessoas, já que alguns funcionários estavam no grupo de risco. Como eu não estou nele, tento fazer as coisas da maneira correta.
Estou mais confortável já que a empresa disponibiliza profissionais que medem a nossa temperatura todos os dias, por pelo menos uma vez ao dia. A gente fica preocupada, mas como estou seguindo todas as recomendações, estou mais tranquila."
"Passo álcool 70% até no balcão e na máquina de cartão"
Sônia Cássia da Silva, caixa de uma farmácia
"Sempre que recebo algum pagamento, borrifo álcool 70% no meu balcão, inclusive na máquina de cartão. Estou de máscara também e sempre, entre um pagamento e outro, aplico álcool gel nas mãos. A gente ainda recebe um grande volume de pagamentos em dinheiro, não tem como evitar.
A farmácia também restringiu o número de clientes na loja. Só podem ficar cerca de quatro a cinco por vez, mantendo uma distância segura. Nós ficamos apreensivos, eu tenho uma tia que foi internada com pneumonia e não quero que ela piore ou algum outro familiar passe pelo mesmo. Por isso eu sempre sigo todas recomendações. Estamos fazendo nossa parte."
Atendentes precisam usar luvas? É recomendado?
Igor Marinho, infectologista do Hospital das Clínicas e coordenador médico do hospital AACD, explica que o uso das luvas por um período prolongado significa um aumento do risco.
Isso porque, nem sempre a higienização da luva com álcool gel é totalmente efetiva. "A pessoa pode proteger as mãos, mas como sempre está em contato com outros agentes contaminantes, pode infectar outras superfícies e pessoas. Além de mais barato e mais higiênico, pessoas que sempre trabalham recebendo dinheiro, devem higienizar as mãos com água e sabão. Luva é uma falsa proteção", finaliza.
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