Coronavírus: por que muita gente ainda espalha fake news
Uma suposta vacina contra o coronavírus foi desenvolvida em Cuba. Beber água quente mata o vírus. Pesquisa chinesa diz que o coronavírus tornará a maioria dos pacientes do sexo masculino infértil. Comer alho evita a contaminação.
Seja por áudio, texto ou vídeo, a disseminação de fake news como as citadas acima tem sido uma constante ainda antes de a situação ser considerada uma pandemia.
O principal veículo de propagação são as redes sociais e aplicativos de mensagens, como o WhatsApp. Mesmo com os comunicados do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde, além daqueles provenientes de outros renomados centros de pesquisa ao redor do planeta, esse tipo de compartilhamento persiste. Por quê?
O Grupo de Estudos da Desinformação em Redes Sociais (EDReS), da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), no interior paulista, vai procurar responder a essa e outras questões por meio de um levantamento desse tipo de notícia sobre o novo coronavírus.
"Estamos querendo entender como a desinformação em geral circula em redes sociais", diz Leandro Tessler, professor do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física Gleb Wataghin e integrante do projeto.
"Elas viraram a fonte de desinformação de um bolsão de pessoas que acreditam em ideias que não têm correlação com a realidade."
O grupo é interdisciplinar e conta com físicos, biólogos e sociólogos. O EDReS criou uma hotline no WhatsApp (+55 19 99327 8829) para onde as pessoas podem enviar fake news a respeito do coronavírus. Já foram encaminhadas mais de 22 mil mensagens.
A análise desse conteúdo se dará por meio de técnicas de inteligência artificial para mapear o que está sendo propagado e reproduzido nas redes. É possível descobrir, por exemplo, por que tipo de canal um usuário trafega e suas fontes de informação.
O propósito é buscar compreender por que informação falsa é mais difundida do que a verdadeira. Existem algumas pistas. "A rede social acabou com a autoridade do especialista", explica Tessler.
Guardiões do saber como universidades e bibliotecas não são mais os detentores absolutos do conhecimento. A digitalização o democratizou, mas, paralelamente ao fenômeno, houve a perda de filtros.
"Com a internet, qualquer pessoa coloca suas ideias, até as racistas. Não existe um filtro", diz o professor. Daí a disseminação de conceitos simplistas e errôneos, que equivocadamente trazem esperança para alguns sem ter por base qualquer embasamento científico.
Trata-se de um perigo em se tratando de questões de saúde, como a da pandemia do coronavírus. O indivíduo quer muito que a informação seja verdade e passa adiante a fake news para quem pensa de forma semelhante. "São bolhas identitárias e, no Brasil, ideológicas", fala Tessler.
Porém, mais uma vez vale lembrar: as melhores fontes de informação são as oferecidas por instituições reconhecidas.
No Brasil, por exemplo, no caso do novo coronavírus, há sites confiáveis onde se pode encontrar dados corretos. Entre eles, o da Fundação Oswaldo Cruz e o do Hospital Israelita Albert Einstein.
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