Luisa Mell: "Meu marido só se curou porque hospitais não estavam lotados"
Sem ver seu marido, o empresário Gilberto Zaborowsky, há 10 dias, Luisa Mell se surpreendeu com uma ligação dele na tarde da última terça-feira (31). "Ele perguntou o que eu estava fazendo e, em seguida, disse: 'abre a porta'", conta a ativista pelos direitos dos animais ao VivaBem.
O casal foi infectado com o novo coronavírus e por estar com um quadro mais grave, Gilberto precisou ficar 10 dias internado. Sua chegada em casa, de surpresa, deixou a mulher em êxtase. "Quase morri do coração. Não conseguia me controlar, foi muito emocionante", diz.
Diagnóstico demorou oito dias
Luisa começou a sentir os sintomas no dia 13 de março, uma sexta-feira. O primeiro dia foi marcado apenas por um pouco de cansaço e falta de ar leve. "Cheguei até a me perguntar se não estava influenciada pelas notícias, porque às vezes, quando ouvimos muito falar de algo, o psicológico causa esse efeito", lembra.
No sábado, ela acordou com diarreia, dores de cabeça, de garganta e nas costas. Seu marido, que já apresentava febre e dor no peito, sugeriu que fizessem o exame.
O casal conseguiu fazer o teste que hoje, pela alta procura e pouca disponibilidade, só é recomendado para casos graves. Os resultados demoraram oito dias —a confirmação só chegou quando o caso de Gilberto já havia avançado muito.
"Nós dois tivemos pneumonia, mas foi mais leve em mim. Ele precisou ficar internado e eu voltei para casa", explica.
A importância da quarentena
A recuperação de Gilberto, assim como a de muitos pacientes com a covid-19, não foi rápida. De acordo com a ativista, diferentes tipos de medicação foram testadas durante sua internação de 10 dias.
"Como a doença é nova, nos sentimos um pouco como cobaias, trocando de medicação. Mas é assim mesmo, o que importa é que deu certo", afirma.
A ativista leva a sério as recomendações de isolamento feitas pela maioria dos médicos e acredita que, sem a quarentena voluntária de grande parte da população, o cenário poderia ter sido diferente.
Meu marido poderia ter morrido, mas se curou por que os hospitais não estavam lotados. Temos que entender o quanto a quarentena foi importante: as pessoas terem ficado em casa foi o que salvou meu marido.
Dias sem sair do quarto
Apesar do quadro mais leve, Luisa precisou ficar em isolamento e tomar medidas preventivas que foram desde avisar o porteiro do prédio que usaria o elevador (para que ninguém mais pegasse logo depois), até ficar completamente afastada de seu filho, que apenas apresentou febre no primeiro dia que os pais perceberam os sintomas, por oito dias.
"Fiquei sem sair do quarto e meu filho ficava com a babá, que decidiu não voltar para casa para não colocar seu pai, que tinha sido operado, em risco. Graças a Deus ela não teve nenhum sintoma", conta.
Em quarentena, Luisa também não pôde visitar o marido. "Tive crises de choro incontroláveis, vivi momentos de puro medo. Quando ligamos a televisão e vemos notícias ruins, pessoas jovens e saudáveis morrendo, isso causa um impacto forte."
Instituto teve as atividades reduzidas, mas não parou
O Instituo Luisa Mell, que cuida de animais abandonados e vítimas de violência, continua funcionando, mas com número reduzido de funcionários e maior rodízio entre eles. "Apesar do momento difícil, não dá para parar. Além dos 30 animais que temos internados no hospital, também temos que limpar os canis e dar comida a todos", explica.
O único serviço interrompido foi o atendimento para comunidade carente, que antes podia levar seus animais para consultas com os veterinários. "É uma dor muito grande, ma não posso deixar os funcionários em risco, temos que diminuir o contato com as pessoas", afirma.
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