Coronavírus: Especialistas esperam vacina nos braços em pelo menos um ano
O Brasil e o mundo vivem a incerteza da pandemia do novo coronavírus. Mas quais são as perspectivas para o tratamento do contágio? Esta foi uma das questões debatidas na edição de hoje do programa UOL Debate
A edição desta quinta-feira da edição reuniu Drauzio Varella, médico e escritor; Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein; Ester Sabino, pesquisadora do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP; Paulo Chapchap, diretor geral do Hospital Sírio-Libanês; e Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz.
Para Sidney Krajner, embora diversos estudos a respeito do vírus estejam sendo realizados em vários países, ainda é cedo para dizer quais conclusões serão encontradas.
"Os estudos que estão sendo feitos com medicamentos estão muito no início e não tem como afirmar qual é melhor para tal tipo de paciente. Alguns até colaborativos - o Sírio, o Einstein, existem cientistas trabalhando com vacinas, colaborações do mundo inteiro. Não é uma epidemia do Brasil, mas de todos os países", lembrou Krajner, que, por outro lado, vislumbra um legado positivo para a saúde frente à pandemia.
"Vai existir uma mudança de estilo de vida, como lidamos com saúde, higiene. Vai impactar no aparecimento de formas de tratamento e prevenção, com vacinas ou medicamentos. Isso vai ser ano, ano e meio", previu.
O prazo é o mesmo previsto por Marilda Siqueira. "A vacina será um grande trunfo, mas dificilmente será injetada no braço de alguém antes de um ano, um ano e meio", disse, que também espera mudanças da sociedade diante do novo coronavírus.
"Uma das lições é que temos que trabalhar em uma questão de solidariedade em um mundo que cada um tem um compromisso maior com seu país, mas também do outro, desmatamento, China com mercados, falta de controle. Mudar hábitos em diversos locais e diversos países, não jogar garrafa pet na rua. Responsabilidade social. Espero que isso seja o legado desse sofrimento que o mundo está passando. Temos que sair com lições aprendidas e legado social importante como seres humanos", completou.
A abordagem foi semelhante à de Drauzio Varella, tanto na expectativa por mudanças da sociedade quanto na da espera pela vacina. "A gente sabe que uma vacina vai levar tempo e não vai nos ajudar agora, mas pode surgir um tratamento com uma droga já existente que possa impedir que esses casos evoluam para uma fase de insuficiência respiratória. Vimos isso com a epidemia de Aids, remoto, que aconteceu em 1981. Quarenta anos atrás, a medicina era outra. Agora temos condição de ter um tratamento que possa mudar o curso da doença. É o melhor que a gente pode esperar", analisou.
Segundo a pesquisadora Ester Sabino, "é uma epidemia de mobilidade, mas também com meio ambiente". "Não é só a China; aqui também tem muito tráfico de animais, aumenta a capacidade de doenças. Não entendemos muito bem o que aconteceu com a febre amarela. Tem outros agentes que temos que aprender e pensar em uma vida talvez menos consumista, e que destrua menos o que está ao nosso redor. Tem que parar e pensar o que é importante na sociedade", refletiu, abordando também a questão do tratamento da covid-19.
"Eu acho que qualquer medicamento que diminuísse a doença grave seria mais fácil e mudaria a forma como estamos tratando o vírus. Qualquer marcador de quem já se infectou, está imune, já pode liberar algumas pessoas. A Alemanha está correndo atrás disso — tudo indica que a pessoa já esta imune, porque elas não se infectariam de novo", afirmou, citando os testes sorológicos realizados no país europeu.
Já Paulo Chapchap também lembrou os esforços feitos na Alemanha e tentou tranquilizar a população diante dos números da pandemia.
"Não existe uma epidemia que não tenha terminado. Seria inusitado que tivéssemos uma epidemia que ficasse para sempre. Não existe uma que tivesse mudado radicalmente o comportamento humano. Elas se encerram na medida em que as pessoas vão desenvolvendo imunidade, o vírus não encontra um hospedeiro e termina aquela ponte. Se tivermos indivíduos com imunidade, a epidemia vai se esvaindo e voltamos a uma situação de normalidade. Quando a gente diz que não está otimista, estamos falando da epidemia, do pico e do platô, mas o que aconteceu na Coreia do Sul, em Wuhan (China), mostra que existe uma tendência a uma vida mais perto a normalidade depois. Já estamos começando a usar testes sorológicos desenvolvidos na Alemanha", analisou.
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