Por medo de ir ao hospital, enfermeira faz curativos do filho em casa
Há 10 meses, Iago Pereira, 14, foi atropelado por um motorista bêbado enquanto estava sentado na calçada de sua casa com seu primo e uma vizinha, em Ceilândia, bairro de Brasília.
Os jovens que o acompanhavam sofreram apenas escoriações, mas para Iago a tarde de 3 de maio de 2019 mudou sua vida. De acordo com a mãe do garoto, a enfermeira Sheila Pereira, 37, o estado de suas pernas era tão grave que ele precisou ser socorrido por um helicóptero. O motorista foi preso e aguarda audiência.
No hospital, os médicos conseguiram salvar a perna direita, que tem sequelas até hoje, mas precisaram amputar parcialmente a esquerda. "Foram quatro dias para conseguirmos contar para ele o que tinha acontecido. Quando ele viu pela primeira vez, foi um baque muito grande, ele chorou muito", conta.
"Ir ao hospital agora é impossível"
A recuperação de Iago não tem sido fácil. O adolescente já passou por 11 cirurgias e com a mobilidade reduzida e o medo que o acidente causou nos pais, ele passa mais tempo em casa.
Seus poucos passeios são encontros com amigos, sempre acompanhado de um responsável, e idas a hospitais para fazer fisioterapia e acompanhar a evolução do seu quadro.
Por conta do risco trazido pelo novo coronavírus, hoje, Iago já não sai mais de casa. "Ele faz os curativos das cirurgias e acompanhamento no HRAN, hospital público de referência para a covid-19 em Brasília. Como meu filho já tem a imunidade baixa, é impossível irmos até lá e colocá-lo em risco. Ele já sofreu demais", conta a mãe.
Pela profissão, Sheila consegue realizar a troca de curativos em casa —um alívio para os familiares. "Graças a Deus tenho o conhecimento e tomo todos os cuidados de assepsia. Temos conseguido mantê-lo bem", explica. Hoje, ela trabalha em um laboratório e está de férias para evitar riscos à sua família.
A esperança da autonomia
Segundo a mãe, a rotina de Iago é quase idêntica todos os dias: ele acorda, escova os dentes, toma café e já vai jogar no computador, no qual passa boa parte do seu dia. "Só sai da cadeira de rodas para tomar banho e deitar na cama", diz Sheila.
Mesmo com as muletas, o jovem não tem força suficiente na perna direita para se mover. Hoje, a família conta com uma vaquinha online para ajudar Iago a conseguir próteses e voltar a realizar suas atividades de antes, como brincar na rua com os amigos —claro, quando a situação de isolamento e quarentena causada pelo coronavírus passar.
"A vontade dele de andar só aumenta. Ele fala nisso todo dia, acompanha a vaquinha... Olha para a bicicleta e quer andar. Creio que vamos conseguir, e quando tudo isso passar, poderemos realizar a operação que deixará o membro dele pronto para receber a prótese", compartilha Sheila.
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