Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Por medo de ir ao hospital, enfermeira faz curativos do filho em casa

Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Giulia Granchi

Do VivaBem, em São Paulo

02/04/2020 15h00

Há 10 meses, Iago Pereira, 14, foi atropelado por um motorista bêbado enquanto estava sentado na calçada de sua casa com seu primo e uma vizinha, em Ceilândia, bairro de Brasília.

Os jovens que o acompanhavam sofreram apenas escoriações, mas para Iago a tarde de 3 de maio de 2019 mudou sua vida. De acordo com a mãe do garoto, a enfermeira Sheila Pereira, 37, o estado de suas pernas era tão grave que ele precisou ser socorrido por um helicóptero. O motorista foi preso e aguarda audiência.

No hospital, os médicos conseguiram salvar a perna direita, que tem sequelas até hoje, mas precisaram amputar parcialmente a esquerda. "Foram quatro dias para conseguirmos contar para ele o que tinha acontecido. Quando ele viu pela primeira vez, foi um baque muito grande, ele chorou muito", conta.

"Ir ao hospital agora é impossível"

sheila-e-filho - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
A recuperação de Iago não tem sido fácil. O adolescente já passou por 11 cirurgias e com a mobilidade reduzida e o medo que o acidente causou nos pais, ele passa mais tempo em casa.

Seus poucos passeios são encontros com amigos, sempre acompanhado de um responsável, e idas a hospitais para fazer fisioterapia e acompanhar a evolução do seu quadro.

Por conta do risco trazido pelo novo coronavírus, hoje, Iago já não sai mais de casa. "Ele faz os curativos das cirurgias e acompanhamento no HRAN, hospital público de referência para a covid-19 em Brasília. Como meu filho já tem a imunidade baixa, é impossível irmos até lá e colocá-lo em risco. Ele já sofreu demais", conta a mãe.

Pela profissão, Sheila consegue realizar a troca de curativos em casa —um alívio para os familiares. "Graças a Deus tenho o conhecimento e tomo todos os cuidados de assepsia. Temos conseguido mantê-lo bem", explica. Hoje, ela trabalha em um laboratório e está de férias para evitar riscos à sua família.

A esperança da autonomia

Iago Pereira - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Segundo a mãe, a rotina de Iago é quase idêntica todos os dias: ele acorda, escova os dentes, toma café e já vai jogar no computador, no qual passa boa parte do seu dia. "Só sai da cadeira de rodas para tomar banho e deitar na cama", diz Sheila.

Mesmo com as muletas, o jovem não tem força suficiente na perna direita para se mover. Hoje, a família conta com uma vaquinha online para ajudar Iago a conseguir próteses e voltar a realizar suas atividades de antes, como brincar na rua com os amigos —claro, quando a situação de isolamento e quarentena causada pelo coronavírus passar.

"A vontade dele de andar só aumenta. Ele fala nisso todo dia, acompanha a vaquinha... Olha para a bicicleta e quer andar. Creio que vamos conseguir, e quando tudo isso passar, poderemos realizar a operação que deixará o membro dele pronto para receber a prótese", compartilha Sheila.