Durante pandemia, medo deve ser encarado e entendido, diz psicanalista
A angústia e o medo da morte são sentimentos comuns diante de situações como a pandemia do novo coronavírus. Mas, segundo especialistas, é preciso lidar com tais sentimentos em nome da sanidade mental.
O tema foi um dos abordados no UOL Debate de hoje. Para debater a questão, o programa reuniu Leandro Karnal, historiador e professor do Instituto de Filosofia da Unicamp; Carmita Abdo, psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina da USP; Contardo Calligaris, escritor, psicanalista e dramaturgo; Vera Iaconelli, psicanalista e diretora do Instituto Gerar; Leandro Karnal, historiador e professor do Instituto de Filosofia da Unicamp; e Christian Dunker, psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da USP.
Segundo Christian Dunker, para lidar com o medo, é preciso encará-lo e compreendê-lo. "Faça uma imagem bem detalhada, depois pressupõe que não é dedução. Ele vai diminuir de tamanho, vai desaparecer", disse o psicanalista.
"Com relação à angústia, o melhor antídoto é a palavra, que vem com o silêncio. Tem que imaginar que, em vez de reagir com a onda gigante, deixa ela te levar, deixa ela passar, experimentar a sensação de estar à mercê. Daqui a pouco, os pés voltam a tocar a areia. Não exatamente fugir dela, mas imaginar que estamos sofrendo mesmo e que podemos contar nessa hora extrema da função terapêutica do real", completou.
Já Leandro Karnal encontrou novas possibilidades no estoicismo, ramo da filosofia que entende que emoções destrutivas são derivadas de julgamentos equivocados do ser humano.
"Ninguém deve ter medo da morte porque você nunca vai se encontrar com ela. Os estoicos são muito bons para serem lidos nessa época", disse.
"Mas pegando lá atrás no que foi dito antes, você vai retomar sua vida daqui a pouco. O governador de São Paulo acaba de estender o isolamento para mais algumas semanas. Você vai poder não visitar os seus avós como fazia antes, evitar o almoço de família, não visitar a tia do interior, por conta própria e não pelo isolamento. Você vai poder ser de novo misantropo. Quase todos os homens, quando saem com a esposa, já não querem se divertir mesmo antes de ir. Não quero ficar fazendo ioga, pilates. Gente, se você acredita no Instagram, é no mínimo uma pessoa ingênua, tenho um terreno na lua para te vender. Não acredite no Instagram. As pessoas estão vivendo ali a persona que elas almejam, é uma representação. Está todo mundo fazendo ioga, cozinha provençal. Isso é o que eu gostaria de ser, mas estamos engordando em casa", relatou.
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