Estudo: países que aplicam vacina BCG têm 10 vezes menos casos de covid-19
Um levantamento liderado por pesquisadores americanos e ingleses revelou que países que não têm políticas de vacinação contra tuberculose tiveram dez vezes mais mortes por covid-19. O estudo foi publicado no medRxiv, um repositório que distribui manuscritos completos, mas não publicados, apenas em fase de preprint (pré-publicação).
Uma pré-publicação é um projeto de um artigo científico que não foi ainda publicado em um periódico científico com revisão por pares.
Os dados poderiam explicar o maior número de casos em países como Espanha, Itália e Estados Unidos, onde não é obrigatório tomar a vacina BCG.
Os cientistas analisaram a mortalidade pelo coronavírus entre 9 e 24 de março em 178 países e verificaram que a incidência da covid-19 foi de 38,4 casos por 1 milhão de pessoas em comparação com 358,4 casos por milhão, em países que não tinham políticas de vacinação.
A taxa de mortalidade foi de 4,28 a cada um milhão de pessoas nos países com programas BCG em comparação com 40 a cada um milhão de pessoas nos países sem os programas de vacinação.
A Itália, por exemplo, que registrou mais de 13 mil mortes por covid-19, nunca teve uma campanha de vacinação contra a tuberculose. Já o Japão, com apenas 63 mortes, possui uma política universal de vacina BCG.
"Os países que iniciaram tardiamente a política universal do BCG (Irã, 1984) tiveram alta mortalidade, consistente com a ideia de que o BCG protege a população idosa vacinada", escreveram os autores no artigo.
O que é a vacina BCG?
O BCG, ou Bacillus Calmette-Guérin, é uma vacina contra tuberculose aplicada em bebês recém-nascidos em países que sofrem ou já sofreram com a doença, como o Brasil.
Em entrevista à AFP, Camille Locht, diretora de pesquisa do Inserm no Instituto Pasteur de Lille, na França, afirmou que há décadas "a BCG possui efeitos inespecíficos", ou seja que protege contra outras doenças além daquela para a qual foi criada.
No Twitter, Gonzalo Otazu, um dos autores do trabalho científico, disse que há evidências que a vacina BCG pode produzir ampla proteção contra infecções respiratórias.
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