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Equilíbrio

Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Como ajudar alguém em situação difícil? Ouvir é melhor do que aconselhar

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Imagem: iStock

Simone Cunha

Colaboração para o VivaBem

08/04/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Atuar como ouvinte e oferecer um ombro amigo pode fazer toda a diferença
  • Não exista uma receita pronta para a dor do outro
  • A empatia é uma habilidade que começa por uma escuta não julgadora
  • Frases feitas não demonstram acolhimento, portanto, evite-as

Muitas vezes, uma pessoa próxima pede a nossa ajuda para enfrentar uma situação difícil e, nem sempre, a gente sabe o que fazer. Quem nunca passou por algo assim? Não é fácil ter resposta para tudo ou indicar a solução em todos os momentos, mas atuar como ouvinte e oferecer um ombro amigo sincero e verdadeiro pode fazer toda a diferença.

"É um equívoco acreditar que precisamos ter resposta para tudo ou que é essencial saber o que dizer para provar que estamos se importando", alerta a psicóloga Carolina de Barros Falcão, professora adjunta do Curso de Graduação em Psicologia da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

Uma escuta acolhedora

Apurar os ouvidos nessa hora é imprescindível. Sem questionamentos e julgamentos. "O silêncio e a calma ajudam a compreender o contexto", diz Denise Pará Diniz, psicóloga e coordenadora do setor de gerenciamento de estresse e qualidade de vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Pois é a partir disso que a pessoa poderá entender o que está afligindo o outro e oferecer o apoio necessário.

E isso não significa minimizar o problema ou concordar com a situação. Existem momentos em que podemos até discordar e ainda assim estender a mão. Afinal, não exista uma receita pronta para a dor do outro e, muitas vezes, a nossa percepção ou experiência não são suficientes para atenuar o sofrimento alheio.

Para a terapeuta cognitivo-comportamental Maria Amélia Penido, docente na PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), a habilidade necessária é a empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro. "A empatia é uma habilidade que começa por uma escuta não julgadora, com a intenção genuína de compreender a perspectiva do outro, validando o seu sentimento", completa.

Saiba oferecer ajuda sem imposição

Portanto, o primeiro passo é ouvir. Depois, não julgar a situação com base em sua vivência pessoal em relação ao caso. Por fim, sugerir como a pessoa poderá enfrentar aquele momento. E essa solução pode ser encontrada juntos, ou seja, não precisamos - ou devemos - apontar o caminho a ser seguido.

De acordo com Falcão, as nossas dúvidas podem contribuir para a avaliar a questão e buscar sua solução. "Uma situação difícil pode parecer sem saída, provocando receios, e pode ser muito valioso conseguir ajudar para pensar em uma ação positiva", fala a especialista. Outra dica importante é abrir mão dos clichês otimistas, como 'vai dar tudo certo' ou 'você vai superar' ou 'tenha fé'.

Frases feitas não demonstram acolhimento, portanto, evite-as. "Quando não validamos o sentimento do outro, podemos dar uma resposta muito otimista voltada para uma solução que não acolhe", alerta Penido. Dessa forma, evitamos julgamentos ou analises superficiais em relação ao problema do outro.

Seja verdadeiro

Isso significa que é possível confessar 'não sei o que dizer', e isso não representa abandono. Ao contrário, demonstra sua preocupação em não ter respostas prontas, mas sua disponibilidade em oferecer ajuda para buscar a solução. Por isso, acolhimento é essencial e há uma enorme diferença em dizer: 'estou aqui para o que você precisar' de 'se precisar, pode me procurar'. Ajudas evasivas também não soam acolhedoras.

Diniz comenta ainda que nem sempre precisamos concordar com o outro, pois imaginamos sempre que quem precisa de ajuda é a vitima e isso não é necessariamente uma regra. A pessoa pode ter feito algo errado e agora está no dilema sobre como enfrentá-lo. "É uma troca de experiências, sendo que as crenças e valores de cada um deve ser respeitada. E não é benéfico entrar em um conflito desnecessário", salienta.

E se a situação for um pouco mais complexa, colocando em risco a integridade do outro, como situações de depressão ou pensamentos suicidas, é importante tomar alguma providência ética e preventiva. Neste caso, conversar com alguém da família pode ser essencial para que o desfecho não se torne grave.