Fiocruz registra o exato momento da infecção do novo coronavírus em célula
Imagens de microscopia eletrônica de transmissão produzidas pelo IOC/Fiocruz mostram, em detalhe, o momento exato em que uma célula é infectada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Para o registro da imagem, foi usada a infecção em células de linhagem Vero, frequentemente utilizada para ensaios in vitro.
Em outra imagem, é possível identificar diversas partículas do novo coronavírus tentando infectar o citoplasma da célula, onde pode ser visualizado o núcleo, responsável por guardar o material genético da célula. Em uma terceira imagem, partículas virais podem ser observadas dentro do interior da célula.
O registro, inédito no Brasil, foi obtido durante estudo que investiga a replicação viral do SARS-CoV-2, conduzido pelos pesquisadores Débora Barreto e Marcos Alexandre Silva, do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral, e Fernando Mota, Cristiana Garcia, Milene Miranda e Aline Matos, do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo.
Como funciona o sistema imunológico
O corpo tem barreiras para impedir a entrada de patógenos, como são chamados os microrganismos que afetam nossa saúde. Elas podem ser mecânicas, como a pele, microbiológicas — por exemplo, a flora de bactérias do intestino —, ou químicas, como as enzimas presentes na saliva ou o suco gástrico do estômago.
Se um corpo estranho consegue superar estas barreiras, cabe ao sistema imunológico nos proteger.
Todas as pessoas nascem com defesas naturais contra invasores. Esta é a chamada resposta imunológica inata, que é acionada automaticamente quando células detectam que foram infectadas e enviam sinais químicos para avisar que o corpo está sob ataque.
Isso faz com que outras células acionem mecanismos para se tornarem menos suscetíveis à infecção e ativa o sistema imunológico, que vai pôr em ação células específicas para combater o invasor.
Estas células são fabricadas continuamente pela medula óssea, a partir de células-tronco, que estão em um estágio inicial de desenvolvimento e tem o potencial de se transformar, em um processo de diferenciação, para cumprir funções específicas.
Desta forma, as células-tronco se tornam leucócitos — ou glóbulos brancos —, que atuam em nosso sistema imunológico. Uma elevação na quantidade de leucócitos no exame de sangue é indício de uma infecção. Se estiver abaixo do normal, o sistema imunológico está enfraquecido.
Os neutrófilos são o tipo de leucócito mais numeroso e atuam como a primeira linha de defesa do organismo. Eles envolvem e eliminam o invasor por meio da fagocitose, produzindo enzimas digestivas que destroem o patógeno.
Também liberam sinais químicos que recrutam mais células para atacar a ameaça. Isso gera uma inflamação na região onde está o invasor. Esta área é irrigada com sangue, que traz consigo mais leucócitos para auxiliar no combate.
Outro tipo de glóbulo branco, o linfócito conhecido como natural killer (assassino natural, em inglês), age principalmente contra tumores e vírus. Ele libera grânulos de proteína ao redor do alvo que fazem o patógeno se autodestruir.
Um terceiro tipo de leucócito, o macrófago, também atua neste estágio fagocitando invasores, mas cumpre outra função importante no próximo estágio da resposta imune.
*Com informações da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e de reportagem da BBC
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