Coronavírus: médicos dão receitas milagrosas na web; como se proteger
Com a promessa de melhorar a imunidade e prevenir o novo coronavírus, diversas receitas e remédios surgiram na internet. Recentemente, até um "soro da imunidade" —mistura de vitaminas e minerais aplicadas diretamente na veia —, entrou para a lista de substâncias que podem ajudar contra a doença.
Além dessa mistura, a vitamina D também começou a ser recomendada por alguns profissionais nas redes sociais, inclusive médicos, alegando que composto seria benéfico contra a covi-19. Porém, não há nenhuma comprovação científica de que nenhuma dessas substâncias é eficiente e pode ajudar na prevenção à infecção do novo coronavírus. A melhor forma de evitar a covid-19 é sempre lavar bem as mãos, evitar sair de casa e usar máscaras ir à rua.
Andressa Heimbecher, endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, explica que esses compostos podem ser muito perigosos, já que o excesso de vitaminas pode provocar problemas. "Normalmente esses soros prometem uma grande quantidade de antioxidantes e vitamina C, por exemplo. Mas já há estudos que mostram que altas quantidades dessas substâncias podem aumentar o risco de formação de cálculos renais", afirma.
A especialista explica ainda que não há necessidade de suplementação caso o paciente não tenha alguma deficiência do nutriente. "Excesso de vitamina D pode provocar até arritmias", reforça. O melhor jeito de obter vitaminas é seguindo uma alimentação saudável e balanceada, com alimentos variados e coloridos.
Além disso, é importante aliar essa dieta a hábitos saudáveis, como ter uma boa noite de sono. Por isso, antes de determinar a suplementação de qualquer vitamina ou mineral, é importante observar como é a dieta de cada pessoa e assim fazer prescrições de forma personalizada.
Riscos de tomar vitamina D sem orientação
Em um estudo recente feito por pesquisadores da Universidade de Turim, na Itália, foi observado que muitos pacientes internados por conta do novo coronavírus apresentavam baixos níveis de vitamina D no organismo, o que reacendeu o debate a respeito da importância dessa vitamina para o corpo —e, especialmente, sua influência na nossa imunidade.
No entanto, segundo Heimbecher, o trabalho científico é um estudo observacional, que aponta uma possível correlação, mas não dá para determinar se ela é de causa e efeito, apontando que a falta de vitamina D leva ao aumento de infecções respiratórias, por exemplo.
Guilherme Giorelli, nutrólogo, coordenador da pós-graduação em Nutrologia do Hospital Israelita Albert Einstein e colunista do VivaBem, reforça que baixos níveis de vitamina D podem influenciar na queda da imunidade, porém esse não é o único fator. "Nunca é uma causa só. A imunidade é uma resposta complexa e pode ser prejudicada por diversos fatores. A vitamina D com certeza é um cofator da imunidade, mas não o único", diz. Ele reforça ainda que os pacientes precisam ter cuidado já que agora estão surgindo diversas receitas que prometem a cura do coronavírus.
A Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e a Abrasso (Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo) também rechaçam essas receitas milagrosas e e o uso indiscriminado de vitamina D sem necessidade.
Em nota conjunta, as entidades afirmaram que as possíveis ações da vitamina D além dos benefícios aos ossos são temas de interesse científico. Entretanto, não existe, até o presente momento, nenhuma indicação aprovada para prescrição de suplementação de vitamina D visando efeitos além da saúde óssea.
Quando suplementar vitamina D?*
Cerca de 90% da produção de vitamina D vem por meio do sol. Mas sabemos que por causa da rotina agitada, falta de tempo e horas dentro de um escritório ou de casa, é quase impossível pegar um solzinho todos os dias. Por isso algumas pessoas acabam ficando com uma baixa dose do micronutriente, elevando o risco de doenças.
Porém, não é todo mundo que precisa suplementar a vitamina. A suplementação só é indicada uma vez comprovada a deficiência ou insuficiência de vitamina D, ou nos casos em que haja impedimento para exposição ao sol para prevenir ou tratar outras doenças (câncer de pele, lúpus, transplantados, por exemplo), a suplementação é necessária e recomendada.
Uma vez comprovada a deficiência ou insuficiência de vitamina D, ou nos casos em que haja impedimento para exposição ao sol para prevenir ou tratar outras doenças (câncer de pele, lúpus, transplantados, por exemplo), a suplementação é necessária e recomendada.
Com informações de matéria publicada em 30/01/2019.
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