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Coronavírus não pode afastar outros pacientes de hospitais, diz Kalil

Do UOL, em São Paulo

16/04/2020 14h10

A pandemia do novo coronavírus tem criado uma preocupação a mais na relação médico-paciente: o temor de ir ao hospital por outras questões e se expor à covid-19. Mas os médicos alertam: as pessoas não podem evitar outros tratamentos durante o isolamento.

Este foi um dos pontos abordados hoje pelo UOL Debate. O programa reuniu Estevão Portela Nunes, infectologista do Instituto Nacional de Infectologia da Fiocruz; João Fernando Monteiro Ferreira, cardiologista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo; Nise Yamaguchi, oncologista e diretora da Associação Brasileira de Mulheres Médicas; Pedro Benedito Batista Jr., diretor médico da Prevent Senior; e Roberto Kalil Filho, cardiologista, diretor clínico do Incor e colunista de VivaBem.

Para Kalil, "as pessoas estão em pânico". "Tem que fazer isolamento responsável. As pessoas estão passando mal em casa, infartando em casa. Passam mal e não vão ao médico. Os infartados estão morrendo em casa", alertou o cardiologista.

"Não deixe de ir ao médico, não deixe de fazer consulta de rotina, não deixe de ligar para o médico. O pronto-socorro do Incor recebia 60 infartos por dia; hoje, chutando, são 10. Onde estão? Morrendo em casa. Tem paciente se negando a fazer quimioterapia. Meu Deus do céu, vai morrer de câncer", acrescentou.

"As pessoas estão mal interpretando isso. Se você não está se sentindo bem, não tem problema ir para o hospital. O coronavírus não vai te pegar na rua como fantasma. O risco da sua doença é infinitamente maior do que o coronavírus. É falta de informação. Quantas (pessoas) estão passando mal em casa? Esquece o coronavírus, venha para o hospital."

Kalil avisou ainda que pacientes com câncer estão interrompendo tratamentos quimioterápicos durante o isolamento. Mas lembrou da necessidade de continuar os cuidados e avisou: após o coronavírus, o tumor continuará demandando atenção.

"Você tem que ir ao médico, sim. Tem consultas online, mas não é a mesma coisa. Tem que ser examinado. Não é só (paciente) cardíaco. As pessoas têm que começar a se cuidar, principalmente pessoas de alto risco, acima de 60, com diabetes e hipertensão. É um problema sério", reforçou. "Você não vai tirar o idoso de casa, mas se ele estiver passando mal, precisa ir ao hospital."