Ficando doido? Cientista explica o que acontece com cérebro no isolamento
Mesmo quem possui um corpo totalmente saudável não está isento dos possíveis efeitos mentais que o isolamento social traz. Ansiedade, angústia e solidão são sentimentos bem conhecidos de várias das pessoas que foram pegas de surpresa pela chegada do novo coronavírus ao Brasil.
Mas o que exatamente acontece com o nosso cérebro para nos sentirmos assim?
Em uma thread no Twitter, o mineiro André Souza, doutor em psicologia cognitiva e neurociências pela Universidade do Texas (EUA), explica, de forma descontraída e bem didática, como as células reagem quando ficamos sem contato com as pessoas que amamos. Leia abaixo:
A VivaBem, Souza explicou que é normal perdermos as conexões que não usamos. "Quando ainda somos crianças, não sabemos o tipo de conexão que devemos fazer e, por isso, criamos todas as possíveis. Após algum tempo, começamos a perder as que não usamos."
Com os estímulos sociais, o mesmo acontece. Se não há incentivo para as conexões estarem ali, elas somem.
"Pense no seguinte experimento: você brinca e sorri para uma criança de sete meses de idade, que fará o mesmo de volta. Se você ficar sério, ela vai continuar brincando. Passados dois, três minutos, ela vai começar a chorar. Estamos acostumados a ter reciprocidade e quando não encontramos, nosso cérebro começa a mandar sinais de que algo não está certo", aponta.
Ou seja, a redução de conexão pode, sim, ocasionar uma perda neuronal. E tem mais: as células nervosas não se reproduzem, então, quando morrem, é permanente. "Outras áreas do cérebro compensam, mas a perda é definitiva", esclarece o psicólogo.
A solução? Temos que manter nosso cérebro recebendo estímulos o tempo todo. Embora nosso cérebro leve em consideração experiências que só temos face a face, como a voz (que é diferente ao vivo) e o toque, a troca na internet já ajuda bastante.
"A dica é manter a troca com pessoas queridas sempre que puder, seja por vídeo ou mensagem, especialmente se você mora sozinho", aconselha Souza.
Cobrança para ser produtivo, ansiedade e estresse
Outro sentimento comum é a autocobrança para ser produtivo, especialmente se comparamos as nossas atividades com as de pessoas próximas ou influenciadores nas redes sociais. "É uma carga para o sistema cognitivo", afirma o especialista.
Sem tirar a pressão da produtividade, as tarefas não cumpridas viram alarmes constantes, resultando em ansiedade.
Nossa mente, então, procura formas de compensar esse controle. "Se o cérebro fica muito 'perdido' e sem saber o que vai acontecer, ele vai dizer 'tem algo que eu posso controlar. Sei que você quer tomar sorvete, e tomar sorvete você pode'", explica.
De acordo com Souza, uma forma de tirar a pressão é mostrar para a mente que você está cumprindo um plano.
"Nosso cérebro está o tempo inteiro tentando manter padrões e organizar as ordens. Pode parecer bobo, mas se você coloca a meta de responder 10 e-mails e realmente faz isso, já terá um sentimento positivo."
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