Após 12 dias na UTI, ela se curou da covid-19: "Lutei para viver"
Luana Nogueira, 38, voltou de uma viagem à Turquia no dia 13 de março e uma semana depois de chegar ao Brasil, já em isolamento social, notou mudanças na sua temperatura corporal, que indicava estado febril.
Mais uma semana se passou quando a falta de ar, considerada um dos principais sintomas da covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus), apareceu.
"A dificuldade de respirar é tremenda. Você tenta puxar o ar e ele não entra em você. Também me sentia cansada por conta do estado febril e não conseguia dar dois passos seguidos", lembra.
Com febre, à noite, a paulistana foi ao hospital para fazer o teste e acabou sendo internada na madrugada.
"Não estava nem a 24 horas em observação quando o médico me procurou e disse que eu teria que ser intubada para tratar a insuficiência respiratória. Já achava que era sério quando não conseguia respirar bem, mas só naquele momento entendi a gravidade. A partir daí começou a minha luta para viver", explica.
Luana conta que chorou durante todo o processo de intubação —inclusive quando o sedativo começou a perder o efeito e ela acordou de novo. "Sabia que era um processo muito invasivo, e na minha cabeça, as chances de dar certo não eram satisfatórias. O sentimento era puro medo."
Internação e dias acordada
Se para Luana o tempo que passou inconsciente pareceu apenas de dois dias, seus familiares sentiram a angústia por 12 dias, sem poder vê-la e recebendo apenas mensagens de funcionários do Hospital Santa Catarina, em São Paulo.
Dois dias após a internação, a família recebeu a notícia de que ela não estava respondendo ao tratamento. Os médicos a colocaram de bruços em uma tentativa de ajudá-la a respirar melhor e junto com o uso de um respirador até que conseguisse controlar a infecção viral e usaram diversos medicamentos para a manutenção dos sinais vitais. Luana foi aos poucos reagindo.
Na noite de 4 de abril, a paciente foi finalmente estabilizada e acordou. "Fiquei muito desesperada por que ainda estava intubada e sozinha. Os profissionais de saúde têm uma rotina de trabalho alucinante e, mesmo assim, foram fundamentais para me deixar mais calma e me manter esperançosa para sair", conta.
Não ter a família por perto foi uma das maiores dificuldades da paulistana, mas de acordo com ela, os médicos e principalmente os enfermeiros, que eram mais presentes, sempre tinham uma palavra de esperança.
"Agradeço demais pelo trabalho dessas pessoas. Me certificaram que o pior já tinha passado e que eu precisava me concentrar em respirar e começar a tentar levantar, já que tinha ficado muito tempo inerte", afirma.
Alta e reencontro com a família
Luana foi extubada no dia 5 e fez tratamento com oxigênio até o pulmão ficar mais forte. No dia 7, já apresentando uma boa evolução, teve alta da UTI. Três dias depois, já era hora de deixar o hospital e reencontrar sua família.
"Recebi e enviei instruções médicas: não poderíamos trocar abraços ou beijos. A gente se ama tanto que fica muito grudado. Foi um encontro diferente, mas muito feliz. Ver o brilho nos olhos da minha mãe, irmã e sobrinho foi fundamental para mim. Eu sinto o amor na pele só de lembrar".
Hoje, ela está em isolamento social dentro da casa de seus pais. Conforme a recomendação que recebeu dos médicos, ela mantém todo o protocolo que usaria na rua, mas dentro de casa: usa máscara, louça separada e limpa o próprio quarto. "Não sabemos se estou contaminando as pessoas ainda, faz parte do processo de recuperação", diz.
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