Coronavírus: nem alho, nem limão; dieta alcalina não combate a covid-19
Desde que a pandemia de coronavírus (Sars-CoV-2) começou, diversas receitas e fake news circulam na internet com o intuito de achar a cura para doença. Uma das mais recentes é que o consumo de alimentos alcalinos ajudaria a aumentar o nível do pH do organismo, deixando a pessoa mais imunizada.
Na mensagem, a recomendação é para consumir limão, abacate, alho e outros alimentos. Além de ser uma inverdade e não ter uma fonte segura, seguir determinadas dietas não muda o pH do organismo.
De acordo com Guilherme Perini, hematologista da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, em São Paulo, a manutenção do pH do sangue ocorre por diversos fatores. "A manutenção do pH do sangue, na verdade, depende de uma série de mecanismos fisiológicos do nosso organismo, que inclui a função renal e trocas gasosas pela respiração", diz.
Guilherme Giorelli, nutrólogo, coordenador da pós-graduação em Nutrologia do Hospital Israelita Albert Einstein e colunista do VivaBem, ressalta que o organismo não tem somente um pH, por isso é quase impossível equilibrar e alcançar um específico.
"Alimentos quase não têm capacidade de mudar o pH, é uma quantidade incompatível, já que ele é processado no estômago", ressalta.
Em uma das receitas, a recomendação também era consumir limão e até alho. O especialista explica que no caso do alho, por exemplo, mesmo que o alimento tenha vitamina A e C não é suficiente para melhorar 100% a imunidade e ainda deixar o organismo alcalino.
"O alimento não é como um remédio, que basta tomar, e já resolveu o problema. Ele é um complemento com o restante da sua alimentação e hábitos", ressalta.
E se alimentar bem é um dos fatores para garantir uma boa imunidade. É muito importante praticar atividade física, ter uma boa noite de sono e controlar o estresse. Todas essas ações, em conjunto, ajudam no controle e aumento da imunidade.
Alimentação pode alcalinizar o sangue?
Hábitos como fumar, excesso de álcool, estresse emocional, baixo consumo ao longo de anos de vegetais e a alta ingestão de alimentos fontes de proteína animal, produtos processados e leite de vaca, assim como refinados, açúcares, refrigerantes e frituras, contribuem para que o sangue se torne mais ácido.
E mesmo que o corpo equilibre o pH sanguíneo naturalmente, o ideal é modificar completamente a dieta ao diminuir o consumo de alimentos formadores de ácido e equilibrar a ingestão de nutrientes, ou seja, 60% de alcalinos e 40% de ácidos.
Mas, além da alimentação, mudanças no estilo de vida também são fatores que influem na alteração do pH sanguíneo. "Praticar exercícios físicos de forma regular e atividades que ajudem a aliviar o estresse físico e também mental, como ioga e meditação", conclui Esthela Oliveira, nutróloga com especialização em bases da medicina integrativa pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein.
Os mecanismos responsáveis por esse equilíbrio só não ocorrem em caso de doenças como a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), cânceres, em especial os do trato gastrointestinal, entre outros. Sem esquecer que é válido afirmar que a dieta alcalina não seria capaz de equilibrar o pH sanguíneo a curto prazo, e o que o ideal, sempre, é a reeducação alimentar.
E gripes e resfriados?
O sangue "acidificado" interfere na absorção de vitaminas e minerais (diminuindo-as), além de favorecer o desequilíbrio imunológico.
Então, quando o organismo está em equilíbrio ou alcalinizado, gripes e resfriados podem ter uma incidência menor.
*Com informações de reportagem publicada em 14/09/2018.
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