4 pacientes em SP e 3 no RJ já receberam plasma para tratamento da covid-19
Uma técnica experimental desenvolvida nos hospitais Sírio-Libanês, Albert Einsten, em SP, e no Hemorio, no RJ, pode levar esperança a pacientes com covid-19. Trata-se da infusão de plasma de convalescentes de coronavírus (Sars-CoV-2).
O procedimento consiste em colher o plasma (parte do sangue) de pacientes que já tiveram a doença, criaram anticorpos e hoje estão recuperados. Por meio de uma transfusão de sangue, o plasma é retirado do doador e repassado a pacientes que estejam em estado grave.
"A gente espera que esse anticorpo neutralize o vírus, zere a carga viral por completo e que o paciente se recupere", diz Luiz amorim, hematologista e diretor-geral do Hemorio.
Os médicos acreditam que indivíduos que estejam nas UTIs e respirando por ventiladores possam responder de forma positiva à terapia.
Em São Paulo, a técnica já é feita no hospital Sírio-Libanês em parceria com o Albert Einstein. O processo de seleção começou há duas semanas e já foi recolhido o plasma de 17 voluntários e quatro pacientes já estão em tratamento.
Na semana passada, no Rio de Janeiro, duas mulheres e um homem com covid-19, internados em estado grave no IEC (Instituto Estadual do Cérebro), foram os primeiros pacientes a receber o tratamento.
Quem pode receber?
Para fazer parte do grupo de testados, o hospital avalia e escolhe pacientes não que estejam há mais de três dias na UTI. "A gente achou que teria mais chance de funcionar nesse período, porque depois de muito tempo de internação, acabam surgindo outras complicações e aumenta o risco", explica Amorim. O Hemorio espera testar cerca de 100 pessoas.
Silvano Wendel Neto, diretor do Banco de Sangue do Hospital Sírio-Libanês, explica que o hospital já tem mais de 100 doadores, mas somente cerca de 40% são aprovados. "O doador tem que ter um teste PCR negativo, tem que ter certeza que está sem a doença. Além disso, tem que ter altas concentrações de anticorpos neutralizantes, senão não adianta", diz.
Os médicos vão testar a técnica em pacientes que estejam intubados por até sete dias ou que estejam com as funções pulmonares deterioradas.
"Ele está com um declínio franco e provavelmente não vai conseguir sair da intubação, por isso ele é o grupo ideal a ser analisado. Queremos pacientes graves, porque algumas pessoas morrem em um intervalo de uma hora para outra". O hospital de SP também espera testar cerca de 100 pacientes até o final das próximas quatro semanas.
Terapia não é nova, mas pode ser promissora
A técnica com plasma já foi testada anteriormente diante da epidemia de doenças como ebola, H1N1 e até gripe espanhola. Como a covid-19 é uma doença nova, que acometeu diversas pessoas pelo mundo e ainda não há uma vacina para combatê-la, os médicos acreditam que o procedimento pode ser eficaz.
Neto ressalta que a infusão de plasma é uma alternativa a mais e complementar a outras que mostrem resultados positivos. "O intuito é diminuir essa mortalidade e reduzir a carga no sistema hospitalar", ressalta o hematologista.
Os médicos acreditam que os resultados vão ser possíveis dentro das próximas semanas. "Vamos comparar com pacientes que não receberam o plasma e ver a evolução", diz Neto.
Os especialistas acreditam que somando todos os estudos vai ser possível ter uma dimensão exata de como a terapia vai agir contra a doença. "A gente vai comparar com vários ensaios clínicos. Somando todos dá uma média de quase 400/500 pacientes sendo testados, o que ajudará nos resultados do tratamento".
Quem pode doar?
Indivíduos devem seguir as mesmas regras de doação de sangue exigidas para transfusões comuns. Os doadores não podem ter tido sífilis, doença de chagas, hepatite B e C, além de ter tido covid-19 e estar totalmente curado e não apresentar sintomas nos últimos 14 dias. Precisam ter entre 18 e 60 anos.
Para fazer a doação, é necessário procurar o banco de sangue de algum hospital envolvido no estudo, fazer todos os exames e esperar a confirmação para o processo de doação de plasma. O processo todo pode durar de dois a sete dias.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.