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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Saiba quais problemas de visão podem ser tratados com cirurgia e quais não

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Imagem: iStock

Bruna Alves

Colaboração para VivaBem

28/04/2020 04h00

O olho humano é capaz de captar uma imagem em milésimos de segundos. Embora pequeno, é um órgão bastante complexo formado por diversas estruturas como: córnea, esclerótica, íris, pupila, cristalino, retina, coroide, mácula lútea, fóvea, nervo óptico e outras.

A visão é um sentido essencial para entendermos, por meio das imagens, o mundo que nos cerca. Por isso é importante cuidarmos, desde cedo, para preservá-la saudável. No entanto, há muitas doenças que atingem milhares de pessoas todos os anos, e em alguns casos, a perda de visão é irreversível. Mas calma, sempre tem um lado bom das coisas, e é disso que vamos falar a seguir.

Alguns problemas oculares podem ser corrigidos com cirurgia. Conheça melhor as doenças mais conhecidas, sintomas e tratamentos.

Problemas que podem ser corrigidos com cirurgia

  • Astigmatismo

É um erro refracional que ocorre em um dos eixos da córnea. Ele faz com que a pessoa enxergue a imagem deformada tanto de longe quanto de perto. Em alguns casos, em que a córnea do paciente permite, é possível fazer a correção com cirurgia, mas se não for possível, o uso de óculos ou lentes corrige o problema.

  • Blefarite

Trata-se de um processo inflamatório na borda dos cílios formando uma espécie de 'caspinha', que vai destruindo a matriz dos cílios fazendo com que eles caiam. A longo prazo, essa inflamação pode fazer com que os cílios se voltem para dentro, e —especificamente, neste caso—, o problema pode ser corrigido com uma cirurgia plástica ocular. Mas, no geral, o tratamento é feito à base de colírios, compressas mornas e limpeza nas pálpebras.

  • Catarata

É uma condição bastante comum, que, geralmente, atinge idosos acima dos 60 anos. Ela ocorre quando o cristalino do olho perde a transparência, fica opaco e a pessoa vai perdendo o foco da visão. Essa condição pode ocorrer por vários fatores como, por exemplo, o uso de alguns medicamentos. No entanto, o envelhecimento natural do olho é o principal motivo que faz com que a catarata se apresente.

O tratamento para combater essa doença, em quase todos os casos, é cirúrgico e o paciente pode voltar a enxergar normalmente. No caso de crianças, a operação precisa acontecer logo após a descoberta da doença. Segundo os especialistas, a cirurgia de catarata tem sido umas das mais seguras no país, devido ao avanço da tecnologia.

  • Descolamento de retina

Como o próprio nome já diz, esse caso ocorre quando a retina se separa do globo ocular. A perda visual é repentina e faz com que a visão fique com uma mancha escura. O deslocamento pode ser traumático —quando a pessoa cai e bate o olho ou a cabeça. Se for míope, a facilidade é ainda maior.

O descolamento de retina é uma urgência oftalmológica e, na maioria das vezes, é necessária a intervenção cirúrgica para colocar a retina no lugar. Quanto mais rápido o paciente operar, mais chance ele tem de voltar a enxergar. Há alguns casos também que o descolamento pode ser corrigido com laser e gás.

  • Estrabismo

Bebê estrábica, estrabismo - iStock - iStock
O estrabismo pode estar presente até por volta dos 3 ou 4 meses de vida
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Assim como a ambliopia, estrabismo é o não alinhamento dos olhos (olho torto). Nesse caso, o uso de um tampão no olho bom para estimular o olho ruim é essencial, assim como o uso de óculos. Mas é importante ressaltar que cada caso deve ser avaliado individualmente por um especialista. Em muitos pacientes, a cirurgia pode ser até por estética, já que o fator principal para a correção do problema é funcional. O estrabismo também pode ser hereditário.

  • Glaucoma

É uma neuropatia ótica associada ao aumento da pressão intraocular, ou seja, pressão alta nos olhos. O maior problema dessa doença é que, no início, ela não tem sintomas perceptivos, e isso faz com que seja descoberta já em fase avançada, podendo levar a cegueira. O tratamento está vinculado à diminuição da pressão ocular, por meio de colírios hipotensores.

Em casos mais avançados, quando os colírios já não conseguem mais controlar a pressão, a cirurgia será necessária. Há também a possibilidade de fazer um tratamento com laser. Contudo, vale frisar, ainda, que o tratamento é para impedir a progressão da doença, e não devolver a visão. Essa é uma das doenças mais perigosas porque é comum, pode levar a cegueira e não tem reversão.

  • Hipermetropia

Trata-se de um erro de refração em que o foco se dá além da retina. Quem tem essa doença, geralmente enxerga os objetos mais nítidos de longe do que de perto. A cirurgia nesse caso é possível, no entanto, a maioria das vezes é possível corrigir o problema somente com lentes corretivas.

  • Miopia

Óculos de grau/ Miopia  - iStock - iStock
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Ao contrário da hipermetropia, a miopia é um erro refracional que ocorre antes da retina. Dessa forma, a imagem é mais nítida de perto do que de longe. Alguns casos podem ser corrigidos totalmente com cirurgia, porém, quando não é possível, o uso de lentes (óculos) também corrige o problema.

  • Terçol

Nome popular do hordéolo. Hordéolo é a inflamação aguda de glândulas nas pálpebras que produzem a secreção de gordura da nossa lágrima. A inflamação normalmente se dá em 3 dias, apresentando vermelhidão, edema e dor. Geralmente se resolve nesta fase com compressas e pomadas, e não precisa de cirurgia. No entanto, se a inflamação evoluir e se transformar em um nódulo duro, chamado calázio, daí sim será preciso uma cirurgia para liberação e esvaziamento.

Problemas que não podem ser resolvidos com cirurgia (ou só em casos extremos)

  • Ambliopia ou olho preguiçoso

É a falta de desenvolvimento normal de um olho, que acarreta na baixa de visão. Acontece quando existe um erro de refração ou desvio do olho que se apresenta no nascimento. Por exemplo, tem crianças que nascem com um olho sem grau nenhum e o outro olho nasce com 10 graus. Nesse caso é preciso estimular o olho "ruim" usando um tampão no olho bom.

Esse problema de visão só pode ser corrigido ou amenizado se tratado precocemente, em geral, até os oito anos de idade, fazendo tratamento ortóptico. Após essa idade, o problema não terá mais cura. Não é possível recorrer a procedimento cirúrgico para correção.

Mulher com conjuntivite  - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

É uma inflamação na conjuntiva do olho, causada por bactérias, vírus ou alergia. Os sintomas são vermelhidão, lacrimejamento, secreção e sensação de corpo estranho. O tratamento é clínico com o uso de lubrificantes, colírios e limpeza local. Não existe cirurgia que possa diminuir o tempo dos sintomas. Há, porém, muitos casos em que os sintomas desaparecem sozinhos, sem precisar passar nada.

  • Daltonismo

Doença ocular que se manifesta com alteração na percepção de cores, como verde e vermelho e, com menor frequência, azul e amarelo. Na maior parte dos casos é uma doença hereditária, ligada ao cromossomo feminino. Não tem tratamento e não há possibilidade de cirurgia.

Entretanto, já existem algumas lentes usadas para melhorar a visão de contraste e facilitar a visualização de determinados objetos com cores parecidas. Muitas pessoas, porém, chegam a fase a adulta sem perceber que são daltônicas e levam uma vida normal.

Essa doença ocorre na mácula, região da retina responsável pela visão de detalhes e cores, e leva a perda da visão central. É a causa mais comum de perda visual em pessoas acima dos 50 anos em países desenvolvidos. Existem duas formas da doença: a seca (que é a forma cicatricial), em que o tratamento é feito a base de vitaminas, e a exsudativa (úmida), onde o tratamento é feito por meio de uma injeção dentro do olho (que é considerado um procedimento cirúrgico) capaz de reduzir o sangramento e o líquido que se formam no centro da visão.

Alguns casos não têm tratamento específico. De acordo com os especialistas, o cigarro é considerado um veneno para quem tem degeneração.

  • Retinopatia diabética

É a doença na retina causada pela diabetes descompensada. Nesse caso, o paciente diabético precisa fazer um exame chamado 'fundo de olho' para identificar o problema. Há diversas alterações vasculares que podem causar baixa de visão e até cegueira. A recomendação médica envolve o tratamento da própria diabetes com dieta e uso de medicações para controle da doença.

A retinopatia diabética pode ser tratada com laser, injeções intravítreas (dentro do olho, que já é considerado um procedimento cirúrgico) e em casos mais graves é possível fazer cirurgia.

Segundo os especialistas, vários problemas oculares podem ser evitados desde a infância apenas mantendo hábitos saudáveis. Veja algumas dicas abaixo:

  • Lavar os cílios (com xampu neutro diluído);
  • Usar óculos de sol;
  • Fazer exercícios físicos (porque pode baixar a pressão do olho para os casos de glaucoma);
  • Não fumar;
  • Diminuir o estresse;
  • Não coçar os olhos;
  • Não exceder no uso de computador e TV (principalmente para crianças);
  • Não usar colírios por conta própria;
  • Dormir bem.

Fontes: Lísia Aoki, oftalmologista do Hospital das Clínicas de São Paulo; Emerson Castro, oftalmologista do Hospital Sírio-Libanês (SP); Thais Helena Moreira Passos, oftalmologista do Hospital de Clínicas da Unicamp e Hospital Estadual Sumaré e Arnaldo Napoleone Gesuele, oftalmologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.