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Estudo chinês aponta eficácia de injeção para tratar casos graves de covid

24.abr.2020 - Profissional de saúde prepara injeção para paciente infectado pelo novo coronavírus e internado em UTI de hospital em Moscou, na Rússia - Sergei Bobylev\TASS via Getty Images
24.abr.2020 - Profissional de saúde prepara injeção para paciente infectado pelo novo coronavírus e internado em UTI de hospital em Moscou, na Rússia Imagem: Sergei Bobylev\TASS via Getty Images

De VivaBem, em São Paulo

29/04/2020 19h22Atualizada em 30/04/2020 12h05

Um estudo chinês publicado nos Anais da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS, na sigla em inglês) apontou a eficácia do remédio injetável tocilizumabe em casos graves de infecções pelo novo coronavírus.

O medicamento, segundo os pesquisadores da Universidade Jiao Tong de Shangai, "melhora efetivamente os sintomas clínicos e freia a deterioração [da saúde] dos pacientes graves de covid-19. Por isso, o tocilizumabe é um tratamento eficaz [...], e forneceu uma [nova] estratégia terapêutica para essa doença".

Foram analisados 21 pacientes com idades entre 25 e 88 anos. A grande maioria (18) era formada por homens. Do total, 17 eram considerados casos graves e os quatro restantes, críticos.

Apenas três receberam duas doses do remédio, com 12 horas de intervalo entre elas; os demais levaram apenas uma injeção.

A febre e a tosse seca foram os sintomas mais comuns, tendo sido verificadas em dois terços dos pacientes. Outros nove infectados relataram a presença de uma espécie de muco branco nas vias respiratórias.

Vinte pacientes foram tratados com oxigenoterapia, incluindo as variantes de alto fluxo (9), com cânula nasal (7), com máscara de oxigênio (1), ventilação não invasiva (1) e ventilação invasiva (2). Um dos pacientes recusou a oxigenoterapia.

De acordo com os cientistas, a temperatura corporal de todos os pacientes "voltou ao normal no primeiro dia após receberem o tocilizumabe" e permaneceu estável desde então. Os sintomas clínicos também foram "significativamente aliviados" nos dias seguintes.

Já a saturação de oxigênio melhorou "notavelmente" após a aplicação do medicamento. Quinze pacientes diminuíram a ingestão de oxigênio cinco dias depois de receberem a injeção de tocilizumabe. Um deles não precisou de nenhum tipo de oxigenoterapia adicional.

Entre os três pacientes que usaram ventilador, um deles foi retirado do ventilador não invasivo no primeiro dia após a injeção. Os outros dois foram extubados e recuperaram a consciência no quinto e no 11º dia.

Estudo chinês corrobora francês

Os resultados positivos do tocilizumabe já haviam sido apontados por um estudo francês anterior, feito com 129 pacientes. Na ocasião, o medicamento também se mostrou eficaz na prevenção da "tempestade inflamatória" em casos graves de covid-19.

O tratamento, segundo os pesquisadores franceses, reduziu "significativamente" a proporção de pacientes que tiveram de ser transferidos para terapia intensiva ou morreram, em comparação com aqueles que receberam tratamento padrão.

O tocilizumabe, do laboratório Roche, pertence à família de anticorpos monoclonais —anticorpos criados em laboratório para responder a um alvo específico. Geralmente usado no tratamento da artrite reumatoide, ele funciona bloqueando o receptor de uma proteína do sistema imunológico que desempenha um papel importante no processo inflamatório.

O custo atual do tocilizumabe é de cerca de 800 euros (cerca de R$ 4.600) por injeção. Um preço alto, mas muito mais baixo que o de um dia de hospitalização em uma unidade de terapia intensiva, ressaltaram os franceses.

Um medicamento similar, o sarilumabe, desenvolvido pela Sanofi e Regeneron, também está sendo testado no mesmo programa de ensaios clínicos, chamado "Corimmuno". Os primeiros resultados devem ser conhecidos nos próximos dias.

*Com AFP