Você sabe quando deve pedir ajuda? Como perceber que você precisa de apoio
Resumo da notícia
- Muita gente pensa que precisa estar em um sofrimento extremo para pedir ajuda, mas não é. Qualquer incômodo ou inquietação basta para ser ajudado
- Encontrar alguém que nos ouça e que possamos desabafar, já é uma grande ajuda e nos deixa melhor
- Saber pedir a ajuda é fundamental para ter o precisamos e queremos e não gerar expectativas. É preciso ser claro e objetivo para não se frustrar
Pedir ajuda pode não ser uma tarefa fácil para muitos, e não falta gente que precisa de ajuda, mas não pede. Uma simples conversa ou um desabafo podem ser um alento para quem está passando por algum problema. Mas, por receio ou até mesmo por não querer demonstrar fraqueza, a pessoa acaba sofrendo calada, um sofrimento que poderia ser menor ou nem mesmo existir.
Acontece que ao pedir ajuda, às vezes, pressupõe-se que a resposta que receberá não é a que se deseja e pode ser que ela não queira uma resposta pronta do que deve fazer. Ela quer ser acolhida, mas evita pedir ajuda porque não quer ser cobrada.
Existem outros impulsos de defesa que nos impedem de pedir ajuda, como nosso repertório de crenças pessoais, construídas a partir dos significados que atribuímos às situações vividas, temores e, não raramente, uma convicção irracional de que doenças ou adversidades só acontecem com os outros e não com a gente.
Qualquer tipo de dificuldade é o suficiente para precisar de ajuda. Não precisa de muito, basta um desconforto e, em muitos casos, nem precisa pedir a ajuda explicitamente. Apenas o fato de compartilhar, falar sobre algo que está nos angustiando ou incomodando, é extremamente terapêutico. Conversar com alguém, dividir o sofrimento. Quando falamos a palavra "sofrimento" parece que junto com ela vem um peso, é como se fosse algo de muita dor, algo muito grande e muitas vezes não é, pode ser um incômodo comum, simples, mas ainda assim incômodo.
Quando a necessidade da ajuda é profissional
Tem vezes, porém, que o sofrimento é extremo. Existem situações em que estamos extremamente incomodados e o que precisamos vai além de uma simples conversa ou desabafo: precisamos da ajuda de um profissional de saúde mental, seja um psicólogo ou psiquiatra.
Embora para alguns pareça demonstração de fraqueza, reconhecer a necessidade de ajuda, de atendimento na área da saúde, já denota um certo nível de preservação psíquica. Entretanto, saber qual o momento de recorrer a um profissional para algum tipo de cuidado nem sempre é fácil, justamente por esbarrar em crenças e medos alimentados pela pessoa que sofre.
Estar acompanhado por alguém que usa recursos técnicos, mas que ao mesmo tempo dá uma atenção autêntica, interessada, com qualidade relacional, sem dúvida alguma atenua o sofrimento e contribui para acabar com ele, mesmo frente a patologias graves ou situações extremas.
Quem ajuda, também precisa ser ajudado
Chamamos de empatia a capacidade de colocarmo-nos no lugar do outro, nos aproximando do que o outro sente, de suas emoções, a partir de nosso próprio "termômetro" humano. A atuação terapêutica do profissional de saúde carrega o potencial de aguçar o reconhecimento de sofrimento psíquico em si mesmo. Por outro lado, quem está acostumado a tratar, a ver repetidamente a dor e a doença nos outros, pode também recusar a inversão de seu papel, de aceitar-se como doente ou alguém que precisa de ajuda.
Essa reação não é privilégio dos profissionais de saúde mental, que ajudar os outros a terem uma saúde mental equilibrada é parte do seu trabalho. Existem pessoas comuns que são sempre muito solícitas, ajudam sempre que podem, se compadecem com o sofrimento alheio, mas, quando precisam, são os primeiros a negarem qualquer tipo de ajuda que ofereçam. Seja pela sensação de onipotência e não quererem demonstrar fraqueza ou por acharem que precisam estar sempre fortes para ajudarem aos outros. Esse engano só prolonga mais o sofrimento.
Pedidos indiretos de ajuda nem sempre são efetivos
Nem todo mundo consegue pedir ajuda claramente. Há pessoas que o fazem de maneira indireta, por falta de recursos emocionais para traduzir mal-estar e sentimentos em palavras ou outras formas objetivas de expressão. Até certo ponto, porém, mesmo indiretamente, ainda é melhor que seja assim desde que ela possa contar com alguém que as perceba.
Em situação de doença e estresse psíquico, manifestações pouco habituais e infantilizadas podem surgir, o que exige de quem está no papel terapêutico ou de cuidador, formal ou informal, atitudes adequadas de suporte que favoreçam a melhora.
Quando temos essa pessoa que nos perceba, tudo bem. O problema é quando a gente espera que alguém perceba algo da gente e ninguém percebe. A verdade é que a gente nunca sabe o que está passando pela cabeça da outra pessoa, nunca sabemos o que intimamente a outra pessoa tá passando, e, muitas vezes, criamos expectativas e ficamos em um movimento egocêntrico, esperando que as pessoas que estão na nossa volta entendam quando não estamos em um bom momento e venham ajudar.
Pedir corretamente é fundamental para ter a ajuda que precisa
Quando eu quero falar sobre alguma coisa que está me incomodando ou quando eu quero pedir algo para alguém, é necessário explicar como que eu estou me sentindo, inclusive o que eu espero daquela pessoa. Essa é uma forma de comunicação assertiva. Esperar que o outro perceba, faça uma leitura correta de mim é difícil. E se criamos expectativas será frustrante porque dificilmente as pessoas vão saber.
Procurar uma pessoa que é de sua confiança, alguém com quem você se identifica, que possua uma comunicação sincera pode te ajudar a quebrar essa barreira que te impede de pedir ajuda, seja ela qual for. Depois, é fundamental que você explique de forma clara e objetiva como que você está sentindo e o que que você deseja, como que você quer que aquela pessoa te ajude.
Por exemplo, eu posso chegar para perguntar como você está e você me responder que não está muito legal e se eu poderia te ouvir um pouco. Ou então, você pode dizer que gostaria de um conselho em relação a alguma coisa ou a minha opinião em relação ao seu problema. Assim você deixa claro o tipo de ajuda que precisa e qual é a expectativa de ajuda que você tem com essa outra pessoa. No entanto, procure saber se a outra pessoa também está disponível emocionalmente. Às vezes ela também está passando por sofrimento naquele momento e não conseguirá te ajudar, mesmo que ela queira.
Fontes: Alfredo Toscano, psiquiatra e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; e Ana Monzon Zampoli, psicóloga pós-graduada em neuropsicologia e docente de psicologia na Faculdade União das Américas (PR).
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